altura que a Universidade, pelas razões expostas, se encontra impossibilitada de cumprir integralmente neste sector unia das suas mais altas finalidades - a extensão universitária.

A interferência no mesmo Instituto de duas administrações e a existência de dois quadros de pessoal (Ministério da Saúde, na parte hospitalar, e Ministério da Educação Nacional, no que respeita ao ensino de investigação), com todas as consequências que daí advirão e cujos exemplos bem conhecemos, vão certamente atingir a unidade do Instituto, que, evidentemente, não se quererá transformar num hospital para cancerosos.

A coordenação com u restante rede hospitalar poderia ser eficazmente levada a efeito mantendo-se o Instituto de Oncologia na dependência da Universidade. Esta dependência encontra-se, de resto, em muitos países. Por exemplo: Francês Delafield Hospital, anexo à Universidade da Colúmbia, e o célebre Memorial Conter for Câncer and! Allied Diseases, que engloba o Memorial Hospital, o James Ewing Hospital, o Sloan Kettering Institute for Câncer Besearch e a Strang Prevention Clinic. No Memorial Center especializaram-se nos últimos 30 anos quase todos os principais cancerologistas das Américas do Norte, Central e Sul. Ora o Memorial Center depende da Universidade Cornell.

Cada vez é maior o número de Faculdades de medicina que incluem no seu ensino disciplinas de cancerologia e assistimos a uma multiplicidade cada vez maior de cursos de especialização no mesmo ramo. Na Inglaterra, a par do ensino de base de cancerologia, há ensino pós-graduado para manter os médicos a par dos progressos e terapêutica do cancro e ainda um curso superior que assegura a formação de cirurgiões, radioterapeutas e médicos que queiram especializar-se no tratamento do cancro.

A especialização em oncologia é muito particular, é uma "especialização de grupo". Cada especialista, qualquer que seja o seu ramo de especialidade geral, tem de possuir uma formação oncológica, que só tem possibilidade de adquirir através de um ensino aprofundado em institutos altamente organizados e perfeitamente equipados. Grande erro o pensar -repetimos - que um instituto de oncologia é um hospital para cancerosos.

Há hoje toda a tendência para centralizar o combate contra o cancro em institutos de oncologia, e é de desejar que assim seja no futuro (último Congresso Internacional do Cancro, Londres, 1958).

O problema oncológico é tão particular que a Organização Mundial de Saúde, que é um órgão coordenador de todos os assuntos médicos, o deixou a cargo de outra organização - a União Internacional contra o Cancro.

Do que acabámos de expor não podemos concordar com a "passagem" do Instituto do Cancro paira o Ministério da Saúde, apesar de se afirmar que desta "passagem" não devem resultar prejuízos para o ensino e para a investigação).

António Vitorino França Borges.

José Albino Machado Vaz.

Luís Gordinho Moreira.

Luís de Castro Saraiva.

José Seabra Castelo Branco.

Francisco Manuel Moreno.

Afonso de Melo Pinto Veloso.

Afonso Rodrigues Queira.

Augusto Cancella de Abreu.

Guilherme Braga da Cruz.

José Pires Cardoso.

António Bandeira Garcês.

António Júlio de Castro Fernandes.

Armando Gouveia Pinto.

João Ubach Chaves.

José de Almeida Ribeiro.

José Augusto V az Pinto.

José Gabriel Pinto Coelho.

José de Mira Nunes Mexia.

Manuel Alberto Andrade e Sousa.

Manuel Duarte Gomes da Silva.

Pedro António Monteiro Maury.

Joaquim Trigo de Negreiros, relator.