Industrias alimentares e das bebidas Evolução recente, situação actual e perspectivas A partir de 1953 o valor bruto da produção da indústria alimentar aumentou a uma taxa média acumulativa de 5,9 por cento ao ano, se bem que o valor acrescentado (ou produto líquido) tenha crescido, segundo os dados de 1958 a 1962, a um ritmo anual de apenas 3,4 por cento.

Este crescimento mais rápido do valor bruto da produção foi devido, fundamentalmente, a uma maior participação de produtos de melhor qualidade Em apoio desta conclusão há a circunstância de o valor das matérias consumidas, que concorrem com 80 por cento para a formação do valor bruto da produção, ter evoluído ao mesmo ritmo deste valor.

As exportações aumentaram de 28 por cento entre 1960 e 1962, mas como este acréscimo corresponde a uma taxa média acumulativa igual à da expansão do produto bruto, tem de concluir-se que a indústria se mantém virada, pré dominantemente, para o mercado interno A estrutura da exportação não é suficientemente diversificada, assentando mais de 90 por cento do seu valor apenas no azeite e nas conservas, chegando só as conservas de peixe a representar mais de 75 por cento da exportação total deste sector De registar, ainda, que as exportações para o ultramar não chegam a cobrir 21 por cento do valor das importações de matérias-primas que a indústria faz, do mesmo mercado, para o seu abastecimento.

A participação das diferentes actividades na produção bruta das indústrias alimentares é a seguinte

Nota-se, portanto, que as actividades até ao presente mais caracteristicamente caseiras são as que mais contribuem para o valor bruto da produção, o que desde já revela a deficiente estrutura das indústrias, alimentares metropolitanas

No que respeita à indústria de bebidas, o valor da produção de águas mineromedionais expandiu-se constantemente entre 1953 e 1961, passando de 29 457 contos para 38 988 contos, e baixando em 1962 para 38 814 contos Esta quebra parece de atribuir à incidência do novo imposto de consumo, que foi origem de um abaixamento de cerca de 20 por cento em relação à previsão do consumo,

paia esse ano e em condições normais, relativamente às águas mineromedicinais, águas de mesa e refrigerantes.

A produção de águas de mesa evoluiu de modo semelhante à das águas mineromedicinais, passando de 1877 para 2507 contos no período de 1953-1962

Na falta de elementos estatísticos oficiais, estima-se que a produção de refrigerantes tenha alcançado em 1962 um valor (cerca de 113 400 contos) triplo do de 1958, o que corresponde a uma expansão relativamente rápida, sobretudo depois de 1957, ano a partir do qual o crescimento deve ter atingido a ordem dos 10 por cento anuais.

A cerveja apresenta uma evolução quantitativa semelhante à dos refrigerantes, porquanto a produção, que foi de 14 500 kl em 1953, atingiu um volume de 37 000 kl em 1962.

O actual consumo de cerveja é cerca de 1,5 vezes o consumo de águas mineromedicinais e é superior em 20 por cento ao de refrigerantes A preferência pela cerveja acentuou-se, certamente, devido aos aumentos de preços que os refrigerantes têm sofrido. Os problemas actuais das indústrias alimentares e das bebidas podem sintetizar-se nos seguintes pontos

a) O abastecimento enferma de várias deficiências muito sensíveis neste tipo de indústrias em que as matérias-primas, como se referiu, concorrem em cerca de 80 por cento para o valor global da produção do sector Às mais importantes dessas deficiências suo qualidade inadequada (caso dás conservas de carne e das massas alimentícias), escassez ou irregularidade do abastecimento (nos lacticínios e conservas de peixe), circuitos de distribuição deficientes (como o do açúcar, para as indústrias de bolachas e biscoitos, chocolates e confeitaria) e preços elevados ou artificiais (do açúcar, das farinhas e das sé molas), '

b) A estrutura e dimensão empresariais são, de um modo geral, inadequadas Só as actividades «Moagem da trigo com penetração», «Refinação de açúcar», «Margarina» e «Fermentos e leveduras» apresentam um valor bruto médio anual de produção por fábrica superior a 20 000 contos, o que, ao nível europeu, ainda não chega, aliás, para definir a grande empresa

Com valores de produção anual por fábrica superiores a 10 000 contos (média da indústria europeia) figuram as seguintes actividades sDescasque de arroz», sBefinacão de azeite», sMassas alimentícias», sAmidos, féculas e produtos afins» À pequena empresa (valores brutos da produção anual entre 5000 e 10 000 contos) é representada pelas sConservas de peixe», sBolachas e biscoitos» e sChocolates e cacau»

Parte considerável dos estabelecimentos de águas im-neromedicmais (15 em 19) e de águas de mesa (6 em 9) trabalham sem mecanização ou apetrechamento conve mente Ë provável que, dadas as recentes disposições legais, se processe no período de execução do Plano uma diminuição do número de empresas existentes, especialmente quanto às águas mmeromedicmais

No ramo dos refrigerantes, ainda extremamente pulve-uzado, caminha-se no sentido de uma progressiva c oncentração dos estabelecimentos existentes, com o natural aumento de influência por parte das empresas com apetrechamento automático A capacidade de produção será, em breve, sêxtupla do consumo actual, o que deixa prever uma sensível subutilização das instalações,

c) No sector das bebidas, verificam-se ainda outros problemas de diversa ordem, como os motivados pela concorrência desleal na comercialização dos produtos, dada a ausência de regras disciplinadoras quanto à qualidade e