Evolução recente, situação actual e perspectivas Justifica-se este agrupamento por se tratar de uma série residual de classes de indústrias que, individualmente consideradas, assumem uma importância substancialmente inferior a dos restantes sectores industriais Abrange as seguintes indústrias madeira, cortiça, mobiliário, papel e artigos de papel, tipografia, curtumes, borracha e diversas transformadoras.

Os elementos considerados mais significativos sobre a estrutura do sector revelam que é muito elevado o número de empresas relativamente a produção bruta, nomeadamente nas classes do mobiliário, transformadoras diversas, madeira, cortiça e tipografia, nas quais o valor da produção anual por unidade é de, respectivamente, 230, 455 e 909 contos.

Por outro lado, é baixa a produtividade do pessoal operário ao serviço 41 contos por ano no mobiliário, 63 contos nas transformadoras diversas, 70 contos na madeira e cortiça, 102 no papel e artigos de papel, 118 contos na borracha, 146 contos nos curtumes e artefactos de couro e 346 contos na tipografia e indústrias anexas.

Acresce que o valor acrescentado pela transformação nalgumas classes do sector é diminuto' cerca de 25 por cento em relação ao valor bruto da produção no caso dos curtumes e artefactos de couro e de 30 por cento quanto à madeira, cortiça e borracha.

O quadro seguinte revela a evolução da produção em algumas das indústrias compreendidas no grupo

Como se pode observar, todas as indústrias consideradas experimentaram aumentos de produção no período de 1953-1962, embora de grandeza muito diversa Os principais incrementos registaram-se nas indústrias do contraplacados correntes e aglomerados de partículas (1161 por cento), de pastas de papel e cartão (322 por cento), e de pneus e câmaras-de-ar (306 por cento), as quais se seguem as de curtimento- e acabamento de couros e peles (105 por cento) e de sacos de papel (109 por cento) A expansão mais moderada verificou-se na indústria da cortiça apenas de 18 por cento, o que representa uma taxa média de crescimento anual de 1,9 por cento.

No âmbito da classe das «Madeiras», a indústria dos contraplacados tem vindo gradualmente a reduzir a sua produção desde 1960, em virtude da quebra sucessiva das exportações Assim, a produção passou de 12 699 m3 em 1960 para 9600 m3 em 1962, a exportação, de 1910 t paia 500 t, e o número de fábricas em laboração diminuiu de 9 para 5 A indústria dos aglomerados de partículas, com quatro fábricas instaladas, dispõe de uma capacidade total de 35 000 t por ano, muito superior ao consumo nacional (10 000 t por ano), o que obriga a indústria a procurar nos mercados externos a única via para poder laborar em condições económicas aceitáveis A indústria de placas de fibras, recentemente instalada (1962), dispõe de uma capacidade de 15 000 t por ano, estando já a exportar todos os excedentes não consumidos no País (5000 t por ano) Na indústria de serração de madeiras a produção anual efectiva (cerca de 2 000 000 m3) não vai além de 60 por cento da capacidade nominal, em consequência, sobretudo, do carácter irregular de grande parte da procura, das dificuldades de abastecimento de matéria-prima e de mão-de-obra e de limitações impostas pelo método de transformação utilizado.

No que respeita à classe da «Cortiça», a evolução da exportação revela que em 1955, dada a alta cotação, de certo modo artificial, d os produtos corticeiros, se atingiu a elevada cif ia de l 736 000 contos, a que se seguiu uma pronunciada quebra entre 1957 e 1959, reflexo do reajustamento operado entre as tonelagens exportadas e o seu real valor Depois da baixa de 1957-1959, nota-se, contudo, uma segura tendência no mercado nacional favorável & colocação das manufacturas e semi manufacturas (com predomínio das rolhas e granulados) e ainda dos aglomerados (sobretudo do negro, para isolamento), mercê do custo inferior da nossa mão-de-obra, do progressivo abaixamento de barreiras aduaneiras e ainda de um progressivo desinteresse dos principais clientes pela actividade fabril própria.

Na classe do «Mobiliário», o crescimento um tanto desordenado da indústria no período de 1953-1962, em consequência do surto brusco da procura, colocou n actividade perante as actuais dificuldades de estrutura

A indústria de fabricação de «Pastas para papel» registou forte incremento após a constituição da Companhia Portuguesa de Celulose Nos últimos dois anos, como consequência, em parte, do desenvolvimento florestal do País, surgiu uma série de pedidos de instalação de fábricas, modificando-se substancialmente o panorama do sector As unidades em laboração dispunham em 1963 de uma capacidade de produção da ordem das 123 0001 - das quais 5000 t de pasta mecânica -, total este a aumentar em 1964 com a entrada em laboração de uma nova unidade (Socel), da qual se espera uma produção inicial de 60 000 t anuais, com passagem, no segundo ano, para 70 000 t e, posteriormente, para 100 000 t Mais recentemente, a Companhia Portuguesa de Celulose decidiu alargar a sua capacidade de produção para 150 000 t por ano e instalar uma secção de produção de pastas semi-químicas, com a capacidade de 225 000 t por ano, estando a preparar, também, a ampliação da instalação de pasta mecânica, de forma a duplicar a sua produção O aumento resultante de todas estas realizações será da ordem das 117 500 t