§ l Evolução recente, situação actual e perspectivas Melo A província de Angola situa-se na região intertropical, cobrindo cerca de 1250000 km2, distribuídos por dois territórios geogràficamente isolados pelo no Zaire e uma pequena parcela da República do Congo (Léopoldville). O território principal forma um grande quadrilátero com aproximadamente 1300 km no sentido este-oeste, tendo cerca de 4800 km de fronteiras terrestres e 1600 Km de costa

Do ponto de vista orográfico, podem distinguir-se três grandes zonas a litoral, com altitudes entre 0 m e 400 m acompanhando a costa do norte ao sul, a planáltica, com altitudes entre 400 m e 700 m e que se distribuir de forma irregular do norte ao sul, acompanhando a zona Litoral, mas surgindo de forma isolada ao longo da fronteira com o Congo (Léopoldville), e a planáltica, que pode ainda ser subdividida em duas do primeiro planalto e do segundo planalto, com altitudes acima dos 1000 m e que abrange a quase totalidade do território da província de Angola. As características orográficas da província tornam impossível a navegabilidade dos seus rios em grandes extensões, mas facultam, em contraposição, grandes potencialidades de aproveitamento hidroeléctrico, nomeada mente nos nos Cuanza, Catumbela, Cunene e Queve.

Regista-se considerável variedade climática, desde o clima tropical de transição para o equatorial até ao mesotérmico de altitude. À população era, segundo o censo de 1960, de 4840 719 habitantes, dos quais 172 529 são brancos e 53 392 mestiços A sua distribuição geográfica caracteriza-se por acentuada concentração nos distritos de Luanda e do Congo, do Bié, de Huambo e de Benguela, onde se registam densidades que vão de 11 a 20 habitantes por quilómetro quadrado, quando a densidade global é de 3,9 Esta tendência para a concentração verifica-se também ao escalão dos concelhos, coexistindo, pois, situações de verdadeiro vazio demográfico com situações de elevada concentração demográfica.

O crescimento da população foi, no último decénio, de 1,7 por cento (média anual)

A estrutura social destas populações caracteriza-se por uma estratificação em duas camadas sócio-económicas principais, de que uma apresenta nível cultural e económico alto e fornece os quadros económicos e administrativos da província, o de que a outra, vivendo ainda parcialmente segundo os usos e costumes tradicionais, se situa numa economia de transição

3. O inventário de recursos mineiros e os trabalhos de reconhecimento mostram que o subsolo é muito rico em recursos mineiros.

Do ponto de vista agrícola, as características oroclimáticas possibilitam, com as limitações derivadas das carac terísticas pedológicas, uma gama de potencialidades muito ampla para a produção agrícola e pecuária, que vai desde os produtos tropicais até aos de dunas frios Bastará a este respeito apontar terem sido identificadas nada menos de 36 zonas agrícolas distintas.

Por outro lado, e como já foi apontado, as características oroidrográficas da província são de natureza a facilitar o aproveitamento em maior escala dos potenciais hidroeléctricos das bacias do Cuanza, do Queve, do Catumbela e do Cunene. No que se refere a transportes, Angola possui três caminhos de ferio - o de Luanda, o de Benguela e o de Moçâmedes -, que, partindo de portos modernos, se internam ou atravessam o território da província O primeiro destes caminhos de ferro termina em Malanje, o segundo vai ligar com a rede ferroviária da República do Congo (Léopoldville), integrando-se assim no sistema de drenagem das zonas mineiras do Catanga e da Rodésia do Norte, e o terceiro atravessa o planalto de Moçâmedes, chegando já a Serpa Pinto A rede rodoviária, com cerca de 35 000 km de extensão, vem sendo progressivamente modernizada, mas os custos de transporte são bastante elevados e não é possível garantir por enquanto a sua integral utilização nas épocas da chuva Tal facto não impede, porém, que uma proporção muito importante de todo o tráfego interno se processe recorrendo a este meio de transporte Existe ainda navegação de cabotagem, insuficientemente dotada com unidades capazes Uma rede de transportes aéreos regulares, completada com empresas de taxis aéreos assegura a ligação entre os principais centros urbanos em condições satisfatórias, começando a desenvolver-se o transporte aéreo de mercadorias No domínio da produção de energia eléctrica na zona Luanda-Dondo-Malanje as principais realizações do sector referem-se aos aproveitamentos hidroeléctricos das Mabubas, no Dande, e de Cambambe, no Cuanza, cujo funcionamento se iniciou em 1954-1957 (1ª - 2.ª fases) e 1962, respectivamente.

Na zona Lobito-Benguela-Alto Catumbela-Nova Lisboa os empreendimentos de maior importância são os aproveitamentos do Biópio e de Lomaum, no rio Catumbela, o piimeiro iniciou em 1957 o fornecimento de energia às cidades do Lobito e Benguela

Na zona Moçâmedes-Sá da Bandeira-Cunene a realização de maior vulto no campo da produção é o aproveitamento hidráulico da Matala, no no Cunene

Inicialmente, o aproveitamento tinha por objectivo, além do colonato da Matala, uma 2.ª fase de colonização