Do relatório em apreciação colhe-se como que a impressão de ter causado certo desgosto ou desalento a ligeira intensificação dos ritmos de aumento desta componente - dos + 5,9 por cento ao ano no decénio terminado agora passa-se para +6,4 por cento até 1967 e estagna-se em +6,5 por cento até 1973. Esta última ó, precisamente, a medida da expansão da despesa total; e o resultado de tudo vem a ser a manutenção do peso do consumo público na despesa durante o próximo decénio (de 18,9 para 14,2 por cento entre 1962 e 1973), quando no decénio antecedente a variação foi dos 9,8 para 13,9 por cento.
"Resultados mais positivos poderão ser conseguidos na medida em que se tornar possível limitar o crescimento do consumo público" - é o que pode ler-se no projecto de plano 1). Não se afigura compatível uma expectativa desta natureza com o propósito, atirado logo no início do texto governamental, de promover, através do Plano, a melhor repartição do rendimento. E a Câmara entende que não será possível, à luz desta concepção, dar novo impulso decisivo na política social do País, tendo designadamente em vista (como já se escreveu atrás) a rápida melhoria de situação em domínios que dependem fortemente de políticas coordenadas à escala nacional - saúde, ensino e investigação e bem se poderá desde já acrescentar, habitação.
§ 4.º Meias sectoriais e metodologia das projecções
nsão da produção de um sector e o incremento da procura que irá verificar-se nesse mesmo sector; e por aí estará aberta a linha das tensões inflacionistas, ou das subutilizações de capacidade. O mesmo, vale para desequilíbrios entre o novo capital formado em um sector e o aumento projectado na respectiva produção, ou para programas de importação e de exportação saldados ao. nível global mas, apenas, mediante desvios - às vezes bem graves - de sentidos contrários em alguns ramos de actividade. Impõe-se, portanto, a programação em termos mais desagregados, ou seja o que tecnicamente se designa por programação e projecções sectoriais.
Todavia, as exigências de desagregação ainda se situam em outros aspectos, e a análise e selecção de projectos (seja realizada logo na fase de preparação do Plano, ou à medida que o mesmo vai sendo executado), a formulação das decisões de política económica que hão-de assegurar a execução e o próprio exercício de um contrôle útil e orientador sobre a marcha do Plano - tudo são razões a impor também a programação sectorial.
Finalmente, na apreciação do projecto apresentado à Câmara, deve ter-se presente a circunstância de o trabalho técnico de programação haver sido conduzido, em primeiro lugar, ao nível sectorial, resultando as projecções globais da agregação desses valores dos sectores; ao discutir a metodologia abordar-se-á este ponto. E se na apresentação sumária das projecções as coisas aparecem aqui (e sem que se veja nisso qualquer inconveniente) por ordem inversa da cronologia de construção - demos relevo ao programa global e só agora se vai tratar das projecções sectoriais -, o que não pode é deixar de ter-se presente a importância da análise de sectores na lógica da programação realizada.
Escreve-se, justificando essa ordenação das actividades, que houve a preocupação de definir sectores com suficiente grau de homogeneidade, de respeitar, na medida do possível, a desagregação tradicional dos quadras de contabilidade nacional e de individualizar sectores relevantes para o esclarecimento das opções a tomar quanto ao ritmo de desenvolvimento económico futuro".
Parece à Câmara que, por serem coisas diferentes os documentos correspondentes à fase técnica de elaboração das projecções e a apresentação dos resultados desse trabalho sob a forma de Plano, deverá interessar agora, sobretudo, pôr em destaque os sectores sobre os quais vão incidir intervenções da política de fomento. Daí a orientação, nu medida do possível, para uma classificação correspondendo aos capítulos especializados do Plano.
Subsidiariamente, entende-se que a dimensão e heterogeneidade do sector das indústrias transformadoras justifica a sua divisão em subsectores, ficando cada um com dimensão (avaliada pelo valor do produto líquido) razoável em confronto com as restantes rubricas. Acontece, ainda, que a densidade das relações de interdependência é muito grande precisamente com respeito às indústrias transformadoras; e dispõe-se de projecções, em parte - apresentadas no capítulo relativo à indústria, do projecto governamental, que permitem a desagregação desse sector. São duas circunstâncias que orientam no sentido indicado, apenas se lamentando não poder proceder do mesmo modo quanto ao sector agrícola.
(1) Actas da Câmara Corporativa, n.º 65/VIII, de 1 de Outubro de 1964, p. 562. As citações do projecto de Plano serão, sempre, referidas a esta edição.