Outro aspecto que tem muito relevo é a composição do capital fixo a formar - pois com isso se prende a criação de mercado para importantes actividades nacionais. Há seis anos publicou-se um conjunto de elementos comparando a estrutura da formação de capital em Portugal com o que se passava na generalidade dos países, concluindo "pela necessidade (ou mera verosimilhança) de alteração profunda na actual estrutura da formação de capital fixo" (1).

A questão estava na proporção dos investimentos em máquinas é equipamentos relativamente ao total da acumulação; o número português era 32 por cento em 1950-1956, com 28 por cento no último desses anos, ao passo que as percentagens estrangeiras (dezanove países, da mais diversa estrutura económica) se arrumavam dominantemente nos 45-60 por cento, chegando-se a mais em alguns casos. Lê-se no projecto de agora que o peso dos equipamentos atingiu 44 por cento sobre o total da formação de capital fixo em 1962, projectando-se composições para 1967 e 1973 que equivalem à manutenção dessa posição. Como a Câmara aceita que "após 1967 o esforço de investimento também incida em maior escala sobre estas últimas actividades (as indústrias produtoras de equipamentos mecânicos) do que sobre as indústrias de construção, em consequência de alteração da estrutura do investimento por sectores e da ligeira tendência para a crescente importância relativa dos equipamentos dentro de cada sector", sugere que se experimente aprofundar o assunto, pois parece insatisfatòriamente abordado e é de importância decisiva para o fomento e progresso de actividades motoras fundamentais. Uma visão sintética das metas de programação sectorial e global apresenta-se nos dois quadros seguintes, que foram facultados directamente à Câmara, não constando do projecto do Governo. Têm contextura idêntica, referindo-se um a 1962 (posição "actual") e o outro a 1967 (termo do Plano Intercalar), e consistem em descrições numéricas, macroeconómicas e sob a forma de matriz, da economia do continente. O confronto de ambos os quadros esclarece acerca da incidência e intensidade das variações projectadas, devendo notar-se que todos os valores monetários estão expressos a preços de 1958, como acontecia nas projecções.

Quanto à ordenação sectorial, difere daquela que temos vindo a usar em dois pontos: não se contam as "comunicações" no mesmo sector que os transportes, e não se discriminam - por falta de elementos e também por certa carência de interesse - as actividades de "casas de habitação" e "saúde e ensino"; o desinteresse provém da quase inexistência de relações interindustriais afectando tais sectores. Limitações mais fundas derivam: de a base dos quadros ser a primeira matriz portuguesa de relações industriais, naturalmente imperfeita por ser exactamente a primeira e em versão, ao tempo, ainda provisória; e de subsistir certa dose de inconsistência ao nível das grandes fontes de informação estatística nacional - contas nacionais e inquérito industrial, por exemplo, o que introduz desvios sistemáticos nos cálculos. A linha de "resíduo" foi posta para restabelecer a congruência contabilística com a programação global e sectorial ë medir o erro que se comete ao ajustar.

No exame na especialidade, do capítulo "Indústria" terão dê referir-se alguns aspectos da metodologia seguida nestes estudos. Aqui só interessa notar que se. partiu da matriz de 1959, actualizando-a para 1962 mediante as taxas sectoriais de crescimento e os elementos conhecidos da procura final, e corrigindo um ou outro coeficiente técnico; e que se fez a projecção para 1967 conservando quase toda a estrutura de produção (apenas introduzindo certas correcções mais salientes), utilizando os elementos de programação global e sectorial (aí, no que respeita às indústrias transformadoras, ainda sem desagregação), propondo ritmos de crescimento adequados para cada um dos sectores das indústrias transformadoras, e estimando números sobre certas componentes sectoriais da procura final - por exemplo, o programa de exportações.

(1) Parecer n.º 3/VII, Projecto do II Plano de Fomento (1959-1964), Metrópole. Anexo II - Parecer subsidiário das secções de Pesca e conservas e de Indústrias transformadoras (Câmara Corporativa, Pareceres, VII Legislatura, 1958, pp. 653 a 655).