ticas, apresenta-se uma extensa análise amplamente documentada com os números de 35 quadros. E chega-se à conclusão de que "não se experimentarão dificuldades insuperáveis no plano financeiro". Efectivamente, o investimento total programado para o Plano atingirá, quando convertido a preços correntes (1), o valor de 61,3 milhões de contos; ora, como a capacidade interna de financiamento de investimentos calculada para o triénio é a diferença entre 77.4 milhões e os encargos de natureza militar, conclui-se legitimamente pelo equilíbrio, tanto mais que ainda haveria a acrescer o crédito externo.

Antes de discutir certos aspectos da conclusão, importa descrever quais os dados, hipóteses e cálculos que andam por trás desse número global de 77,4 milhões de contos.

Começou-se por classificar em três grandes rubricas as entidades onde se forma a poupança interna:

Estado, incluindo, além da administração central (Orçamento Geral do Estado e fundos e serviços autónomos de administração central), a administração local (autarquias locais e seus fundos autónomos), a previdência social e as empresas públicas;

Instituições de crédito e empresas seguradoras, onde se contaram a Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência, a Caixa Económica de Lisboa, o Banco de Fomento Nacional, a banca comercial e as empresas seguradoras.

Particulares e empresas.

Sobre cada uma destas fontes de fundos para investimento estudou-se a tendência apresentada pela poupança em períodos anteriores (em geral, 1958-1962), assentando na visão crítica dessas tendências, à luz de condições específicas de vária natureza, a estimativa da capacidade de financiamento para o triénio de 1965-1967. Resumidamente, foram estes os números a que se chegou:

Administração central (a)..... 16

Administração local .......... 2,1

Previdência social ........... 3,2

2) Instituições de crédito e empresas seguradoras :

Caixa Geral de Depósitos, Crédito e

Previdência e Caixa Económica de Lisboa...... 4,3

(a) Não inclui a poupança dos fundos e serviços autónomos da administração central.

A diferença destes 70,9 milhões para os 77,4 milhões já registados explica-se por não coincidência das fontes de informação, sistemàticamente expressa no período de 1958-1962 por um desvio de 8 por cento, em média, entre a poupança detectada, pelo método que foi seguido e o investimento efectivamente financiado segundo os dados das contas nacionais.

correntes do sector Estado no período de 1965-1967, em confronto com os números efectivamente verificados entre 1958 e 1962, verifica-

-se que a taxa histórica de crescimento de 7 por cento ao ano foi extrapolada ao nível de apenas, 5 por cento.

Acerca, das previsões relativas às instituições de crédito e empresas seguradoras, importa destacar quanto se diz sobre o Banco de Fomento Nacional e sobre os bancos comerciais.

Sabe-se quantas esperanças suscitou o lançamento do Banco de Fomento e a acção decisiva que instituições análogas de outros países têm desempenhado na política de desenvolvimento. Nem tudo pode ser igual em toda a parte, e a inserção da nova instituição num sistema bancário já consolidado levantou problemas que ainda não encontraram solução.

Olhando aos números: nos quatro anos de existência, o Banco fez empréstimos directos e algumas participações financeiras na metrópole no valor total de 1,7 milhões de contos, distribuindo-se 0.65 milhões pelas indústrias transformadoras e 0.95 milhões para o ramo da electricidade. A capacidade de financiamento proposta para o triénio do Plano vai a 2,4 milhões; mas parece grave que nada se possa dizer acerca da origem dos 2 milhões de contos que, nesse total programado, representarão a parte não proveniente de recursos próprios. Relendo as fontes principais a que o Banco terá de recorrer: emissão de obrigações a médio e a longo prazo, aceitação de depósitos a prazo superior a um ano, realização de operações de crédito para fomento com instituições nacionais e internacionais, recolha de fundos facultados pelo Estado para fins específicos de fomento - não se considera suficiente a afirmação de que "não parece fácil a elaboração de um programa de obtenção de meios destinados, a fazer face aos financiamentos, uma vez que estritamente dependente do recurso a fontes de financiamento cujo comportamento é dificilmente previsível" (Actas, cit., p. 570).

Dos bancos comer ciais não se recolhem números concludentes acerca dos financiamentos de fomento relativos ao passado. O processo de estimativa para o período do novo plano consistiu em calcular as capacidades de absorção das disponibilidades, conforme se trate de aplicações em títulos não garantidos pelo Estado, promissórias do fomento, títulos de dívida e ainda outras aplicações, atendendo aos condicionalismos legais que são diferentes para cada caso; afigura-se correcta a metodologia.

(1) Os números das projecções são a preços de 1958, recorda-se.

(1) O reparo dirige-se à inclusão das instituições de previdência social.