investigação e às técnicas contemporâneas; e nem será sempre para se dedicarem a actividades diferentes das piscatórias que os navios-fábricas russos aparecem pelos mares angolanos, por exemplo, mas sim porque há aí riquezas de pescado ainda não prospectadas pelos próprios Portugueses.

O texto do Plano dá aberturas para estes tópicos, mas não se crê que tenham sido levados às consequências para que orientam.

Efectivamente, há como que uma contradição entre a análise e os objectivos enunciados e a programação que efectivamente se apresenta. Basta citar, em sequência dos objectivos que já se transcreveram e que são claros e parecem correctos, uma nota que introduz a lista dos investimentos prioritários: «atribui-se prioridade aos empreendimentos susceptíveis de fornecer as bases em que assentarão futuros e mais vastos planos de desenvolvimento» - o que quer dizer se preferiram as infra-estruturas científicas e técnicas (como se diz logo abaixo) no presente esforço de readaptação. Pois não há disposições efectivas de política nem investimentos projectados que se possam considerar dirigidos à investigação científica e tecnológica, nem à preparação do novo tipo de pessoal que há-de passar a ser requerido.

«Far-se-á o possível para equipar essas escolas (as elementares e a profissional), de modo que elas possam corresponder às crescentes necessidades»; «prevê-se a construção de um navio de pesquisas que completará, nu mar, a investigação básica realizada em laboratório»; e como «a realização desta e de outras iniciativas que se afiguram susceptíveis de contribuir valiosamente para o progresso tecnológico das pescas fica condicionada à conclusão dos projectos respectivos e às disponibilidades financeiras», não se inclui entre os «investimentos prioritários», nem o navio, nem a preparação técnica de pessoal. Errado.

A Câmara considera da maior importância a modificação do projecto do Governo no sentido que ficou aponta do, sob pena de tender para o afundamento um sector a que isso não convém, pois tem tradições e, o que é mais, em que se antevêem boas possibilidades futuras desde que se faça urgentemente o esforço de inserção nas tendências que surgiram e se desenvolvem fulgurantemente pelo Mundo. Por se sentir que já estão enquadradas nesta linha de pensamento, a Câmara dá o seu aplauso a determinadas orientações concretas respeitantes ao programa de construções apresentado.

Assim, a construção dos três arrastões para o bacalhau refere-se a unidades de bom porte, de arrasto pela popa e equipadas com instalações de congelação, farinação e extracção de óleos. No ramo da pesca de arrasto inclui-se um navio transportador frigorífico e a transformação em congeladores de cinco unidades existentes, prevendo-se ainda o estabelecimento das bases frigoríficas necessárias para o indispensável apoio, já a partir de 1965..E no ramo da pesca do atum decide-se a construção de quatro atuneiros para 100 t, a trabalhar em mares longínquos - o que se torna possível através da constituição de empresas armadoras convenientemente dimensionadas para um programa de fôlego.

O facto de não se discriminar a apreciação dos restantes empreendimentos do projecto não significa de sacordo ou menos apreço; significa, sim, que não vale a pena gastar tempo a justificar necessidades evidentes - como a renovação de equipamentos, a construção de lagosteiros ou congeladores para crustáceos, a montagem de parques para as ostras, o apoio (de tão grande alcance social e humano, com incidências económicas locais) à pesca «artesanal» e a expansão de instalações frigoríficas e de venda. O mapa com os projectos que a Câmara entende deverem aparecer discriminados é o seguinte: