justificado, entre outras razões, por desequilíbrios regionais.

Deste modo, chegou-se a números para o equipamento em cada um dos anos de 1965 até 1968, classificado por categorias; e fez-se o confronto com a capacidade existente, considerando ainda os programas já em construção, que se presume cheguem a seu termo no próximo ano - e de tudo resultou a projecção para cada um dos restantes anos.

Bestava converter em valor: «aceitando que metade do financiamento para um empreendimento hoteleiro deve estar disponível no ano da inauguração, e metade no ano anterior, e utilizando os valores de 120 contos e 80 contos como custos médios por cama, para hotéis, pensões e pousadas, respectivamente, chega-se à estimativa do investimento a realizar no triénio de 1965-1967» (Actas, cit., p. 663) -a qual ronda o 1 500000 contos.

O quadro que segue resume todo o cálculo:

108. Os objectivos propostos ao sector concordam com os que «e apontam ao conjunto da economia nacional: aceleração do crescimento, aumento do emprego e da exportação (de serviços), maior equilíbrio regional, até melhoria do nível de vida, quer por efeitos directos da expansão, quer pôr um efeito demonstração exercido na população e nas autoridades locais.

Não se pode, também, dizer que sejam excessivamente ambiciosos: vêm números no projecto de Plano que mostram bem o que tem sido o incremento turístico de estrangeiros recentemente, e sabe-se quanto tem representado tal expansão turística na Itália e na França, por exemplo, e como depois passou à Grécia e, recentemente, à Espanha. Terá chegado a nossa oportunidade, e há que ajudar - com uma política activa.

Parecem claras as contas de projecção hoteleira, com a limitação que há sempre em qualquer estimativa fora da rotina, que é a de se estarem a cometer erros derivados dos elementos de base ou das hipóteses. Sem projecções da natureza das que acaram sumariadas é que seria impossível delinear fosse que plano fosse com laivos de coerência; por isso se louva a vinda dos números. Todavia, como nota o parecer subsidiário da secção de Transportes e turismo (n.º 7), ainda recentemente se afirmou autorizadamente que «no ano corrente as entradas de turistas devem ser de ordem das 850 000 pessoas» - ou seja, atingiu-se em 1964 o total projectado para 1966. E o parecer da secção conclui «que o Governo terá de definir novamente, na última redacção do Plano, qual a quantidade de turistas esperados (ponto de partida) e a taxa de crescimento» (n.º 8 do parecer).

Outro reparo que se impõe é o da previsão da evolução das receitas: o nosso turista de 123 dólares há-de tender para o nível médio do resto da Europa do Sul, pois não constitui política exclusiva a atracção de correntes que não sejam as de massa. O parecer da secção considera esses números de receita , apontados no projecto, como optimistas em demasia; e segue o comentário, que parece pertinente: «Conhecidos os poucos produtos que os estrangeiros podem comprar em Portugal, sabido que quase não temos actividades em que possam gastar o seu dinheiro [...] pensamos que, de facto, os números são elevados de mais» (n.º 2 do parecer subsidiário). E é o mesmo parecer que chama a atenção para a intenção, que houve claramente, de «sacrificar o chamado turismo das massas ao turismo de luxo» (n.º 10); e acrescenta pensar-se que o primeiro «não pode nem deve ser completamente abandonado, pelo menos enquanto não subir muito o nível de .vida do nosso povo e se quiser atender, como é mister, ao turismo dessa natureza que acorre ao continente em elevado número».

Alguns riscos de alteração sobre os nossos tipos de vida sempre advirão daí, mas crê-se que poderão ser encaminhados para proveito. Não escapam também três ou quatro notas importantes no texto do projecto. Há, primeiramente, uma preocupação de saneamento quanto aos processos financeiros - e a Câmara aprecia quanto se faça neste sentido, que é o da verdade, do realismo e da boa administração.