Muito recentemente, o Prof. Bandini, da Universidade de Roma, escreveu para a XII Conferência Internacional dos Economistas Rurais, reunida em Agosto, em Lião, cuja finalidade era o estudo das "Disparidades do ritmo e forma do desenvolvimento agrícola e rural":

É evidente que não se deverá conceber o processo do desenvolvimento económico das zonas agrícolas como baseado no acréscimo do valor dos produtos agrícolas. Dever-se-á, pelo contrário, pôr em prática um melhor sistema económico, que poderá ser realizado por forma diversa segundo as diferentes zonas: Aumentando a produção proporcionalmente ao acréscimo da mão-de-obra afecta;

b) Reduzindo a mão-de-obra excedentária, mantendo igual nível de produção;

c) Reduzindo a produção proporcionalmente à diminuição de mão-de-obra afectada;

d) Aumentando a produtividade da mão-de-obra pela mecanização, os métodos técnicos e uma maior especialização, mantendo-a, no entanto, quantitativamente, etc.;

e) Melhorando a estrutura agrícola por uma coordenação mais económica de todos os factores de produção.

Se, em lugar de se entender por desenvolvimento económico um acréscimo, de produção - o que não é de admitir-, pensarmos que significa um sistema de produção mais económico, quer dizer, um sistema de custos unitários inferiores, o problema não consistirá já em escolher zonas particulares de desenvolvimento, mas, antes, em escolher o tipo de desenvolvimento que conviria melhor a cada zona particular do país. Por outras palavras: isto justifica que se intervenha em cada zona. Nenhuma zona deveria ser abandonada ou não ser considerada sob o pretexto de que não apresenta nenhum problema; da mesma forma que nenhuma zona deveria ser submetida a exame atento sob o pretexto de que põe problemas: é preciso para todas as zonas escolher a melhor forma de intervenção.

Para Bandini podem resumir-se os factores que marcam a evolução da agricultura italiana do seguinte modo:

Por sua vez, diz Bergmann, o conhecido professor do Institut National de la Recherche Agronomique, Paris): (1)

É provável que certas regiões estejam mais próximas do que outras em ver acelerar a transformação da agricultura actual, transformação caracterizada pela passagem de uma agricultura composta de unidades tendo uma larga autonomia das suas decisões numa agricultura em constituição de vastos complexos integrados.

O factor essencial parece ser o dinamismo dos agricultores e o seu nível de formação técnica.

Noutra passagem afirma o reputado economista:

A exploração agrícola moderna será desmembrada. Só efectuará pelos próprios meios aquelas actividades para as quais as suas dimensões permitam o bom emprego de processos eficazes (e pouco custosos por unidade produzida).

As transcrições, ainda que um tanto desligadas, que se arquivam, visam reforçar o conceito de uma "agricultura nova", que tem de se basear na economia - através da gestão e de outros métodos, e na técnica mais moderna e econòmicamente válida -, e em um e em outro caso pressupõe a existência de empresários e executantes profissionalmente aptos e actualizados. Depende a mesma, não menos, de um espírito de cooperação entre lavradores e entre estes e outras actividades, como o comércio e indústria Intimamente ligados aos produtos da terra, e de um esclarecimento quanto à posição individual e colectiva dos produtores agrícolas, desiderato que requer uma profunda e constante doutrinação.

Não será tarefa fácil, nem a curto prazo. Parece, porém, ser indispensável, para que não fiquem largamente comprometidos os programas e investimentos em causa. Os sistemas de produção que se apontam implicam, necessàriamente, o seu complemento transformador e comercial, dependente das diversas hipóteses consideradas. A produção agrícola não está, na generalidade dos casos, preparada para, isoladamente ou pelas suas organizações, competir na imensidão do mercado retalhista. Mas pode e deve, em todas as hipóteses, actuar na preparação dos seus produtos, valorizando-os em grosso, indo mesmo junto do consumidor quando necessário e viável. São bem esclarecedores a este respeito os três volumes da série Débouchcs Agricolcs, do Rev. P.e Henry de Farcy S. J., professor do Instituto de Estudos Sociais do Instituto Católico de Paris.

Daí a necessidade de uma apertada rede cooperativa em unidades de competição. Ainda recentemente, em França, o Ministro da Agricultura, Pisani, afirmou que a hora das cooperativas minúsculas ou de "amadores" tinha passado. Pretendem-se organizações fortes e eficientes, o que não quer dizer que as unidades que as constituem não estejam dispersas, mas adentro de esquemas técnicos e económicos perfeitos e com dirigentes superiormente preparados. E, quer para os mercados internos, quer para o comércio externo, estas organizações são, por acção directa ou em colaboração com o comércio especializado, indispensáveis.

Se nos aspectos doutrinários, no estudo e função representativa, as federações das organizações agrícolas são necessárias, nomeadamente quanto aos planos gerais, aspectos de gestão e formação profissional, as uniões são o complemento directo da actuação no sector económico.

E no quadro da "integração da agricultura" no ciclo do comércio, em constante progresso, quer quanto aos grande; grupos mundiais, já com ligações em Portugal, quer em cadeias mais modestas, em face das modernas exigências do mercado retalhista, tão expressivamente posta no plano de supermercados, a organização comercial da lavoura nos