A Estatística Agrícola apresenta os seguintes valores quanto a empréstimos hipotecários, garantidos por prédios rústicos situados no continente:
contos
Nota-se um crescente recurso ao crédito hipotecário, que, mau grado as bem conhecidas dificuldades por parte da lavoura, não pode, como tal, ser tomado em absoluto, dado que a intensificação da exploração agrícola exige uma soma de recursos que normalmente obriga a operações de financiamento.
Além destes números, há a considerar ainda os financiamentos de vária ordem que, através da banca privada e de grandes empresas comerciais e industriais, nomeadamente de adubos químicos e de máquinas agrícolas, são feitos à lavoura, cujo montante não é fácil de apurar, mas que se deve traduzir por verbas de muito apreciável importância.
O crédito agrícola é hoje em dia um dos sectores da base de qualquer política relacionada com os produtos da terra. De uma sensibilidade especial quanto ao momento e justeza da sua aplicação, se é por muitos considerado como «faca de dois gumes», a que se atribuem muitos malefícios, por algumas vezes desvirtuada a sua aplicação, quando criteri osamente facultado e a tempo utilizado, tem de considerar-se, como as oficinas tecnológicas e outros meios de comercialização colectiva, um dos grandes garantes da eficiência e rendabilidade da agricultura moderna.
Necessita de estar muito ligado, como, aliás, outros sectores da Administração, ao órgão que funciona como coração, conhecendo e sentindo as realidades da vida agrícola e seus momentos cruciais. Por isso mesmo, em muitos países, o crédito agrícola oficial depende do Ministério da Agricultura.
Um dos aspectos mais importantes para a agricultura é a possibilidade de crédito na base da responsabilidade pessoal e a curto prazo. A amplitude dada em 1960 à lei dos melhoramentos agrícolas veio, no que respeita às garantias para empréstimos, facilitar e alargar as possibilidades de crédito. Esta modalidade, segundo se escreveu recentemente em Espanha:
... é a raiz do problema, pois existe um grande número de unidades produtivas com limitados recursos financeiros e de carácter eminentemente pessoal, e poucas garantias pode oferecer o crédito a médio ou longo prazo se não conseguir solucionar os problemas com que contam para o financiamento da sua vida produtiva.
Neste país, o crédito agrícola, segundo El Campo Español, nas suas diversas formas, passou de 3859,3 milhões de pesetas em 1959 para 11 090 milhões em 1963, especialmente devido à participação do Banco de Crédito Agrícola, instituído em Abril de 1962.
Entre as conclusões aprovadas na assembleia geral da Confederação Internacional de Crédito Agrícola realizada recentemente na Holanda, contam-se:
Os créditos deverão ter presente a rendabilidade das inversões, para que possam ser reintegrados, sem prejudicar o nível de vida familiar, e possam permitir aumentar os fundos do lar. As herdades que não proporcionem um lucro razoável não correspondem nem ao interesse geral, nem ao do agricultor.
Deve ser analisada a relação entre os capitais próprios de exploração e a dívida que os agrava, que nestes últimos anos cresceu consideràvelmente. Os capitais próprios da exploração devem ser a base do financiamento.
Observa-se uma grande diminuição de capitais, motivada pelas sucessões, pelo que deve prever-se uma legislação adequada, relativa aos direitos sucessórios.
À medida que se melhoram as estruturas das explorações, deve cuidar-se das infra-estruturas: equipamento rural, ensino , vulgarização, etc., com a participação do Estado.
Os institutos de crédito agrícola pedem que seja sempre definida, tão claramente quanto possível, a política das estruturas, com o fim de orientar tais institutos, de maneira a poderem seleccionar os programas de acordo com os regulamentos financeiros.
II) A política de estruturas deverá actuar para conseguir a organização dos mercados e dos preços agrícolas.
Os empresários, os seus organismos profissionais e as entidades públicas deverão preocupar-se em criar condições estáveis de mercado.
As cooperativas são o meio para que os agricultores se familiarizem com o mercado e orientem a evolução das suas explorações. Os institutos de crédito podem contribuir de um modo decisivo para proteger a independência financeira das explorações ameaçadas pelas concentrações comerciais.
O Mercado Comum - Alemanha Federal, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos -, com a superfície agrícola de 73 421 000 ha, dos quais 64 por cento são constituídos por terras aráveis e 35,4 por cento por prados e pastagens permanentes, contava em 1963 com 174 milhões de habitantes, número que se admite venha a atingir cerca de mais 10 milhões em 1970, isto é, sensìvelmente a população da Bélgica. Admite-se que a evolução anual de rendimento individual se processe na ordem de 4,9 por cento.
A posição da população activa agrícola é ali a seguinte: