O nível de vida dos países da C. E. E. tem melhorado nitidamente nos últimos anos, e essa tendência mantém-se. Assim, são optimistas as perspectivas para 1970, o que permite prever-se um aumento de consumo para os produtos que se seguem:

Percentagens

Para a carne de bovinos .......... + 50

Para a carne de porcinos ......... + 25

Para a carne de aves ............. + 100

Em relação à Campanha de 1961-1962, a "posição produtora" do Mercado Comum, em relação às necessidades de consumo dos "Seis", foi a seguinte:

Percentagens

Carne de equídeos Queijo . 100

O deficit destes produtos em 1963 atingiu 15,6 milhões de francos.

Os cereais - um dos sectores que maiores repercussões tem tido (a C. E. E. detém apenas 3 por cento da superfície cultural e 17 por cento da produção mundial de cereais) - evoluíram de forma possìvelmente um tanto imprevista, no global e por cada um dos associados. Assim, desde já se põe em relevo que o consumo humano de trigo diminuirá em todos os países do Mercado Comum.

Para o ano de 1970 prevê-se que se mantenha o de cereais para consumo humano (actual de 225 milhões de quintais) e que o destinado à alimentação animal seja acrescido de mais 81 milhões, atingindo 435 milhões. O consumo animal de cereais deverá atingir em 1970, na Alemanha e em França, um aumento sensìvelmente do mesmo nível, isto é, de cerca de 36 por cento.

A Itália é o país em que o consumo humano de cereais está à cabeça. No entanto, no ano de 1970 será, como nos outros países, ultrapassado pelo consumo animal.

O consumo animal de cereais na C. E. E. aumentará em 25 por cento e atingirá 60 e 70 por cento de consumo total.

O consumo humano não ultrapassa 30 por cento dos cereais, na Europa. No desenvolvimento da cultura cerealífera dos últimos dez anos, verifica-se na C. E. E. um aumento global de 25 por cento na produção de cereais, dos quais o trigo em 18 por cento, especialmente pela maior produção unitária.

A produção de cevada foi superior ao dobro e o milho aumentou em 74 por cento. A França e a Itália chamam a si, cada uma, 50 por cento da produção do Mercado Comum.

Estes números revelam bem a importância que a cultura de cereais forrageiros está tendo e reflectem a evolução da pecuária.

Em 1970 a C. E. E. cobrirá 86 por cento das necessidades em .cereais.

A produção de milho e cevada, em dez anos, passou de 10 para 65 milhões de quintais.

Eis alguns números que não podem deixar de interessar na apreciação de qualquer plano, pelos aspectos que oferecem, quer no que respeita à evolução das culturas, quer como índice da modificação dos níveis de vida.

O Mercado Comum tem já em funcionamento ou prontas a entrar em vigor, de acordo com as decisões de Janeiro de 1962, para assegurar o êxito do sistema que adoptou (o período transitório termina em 31 de Dezembro de 1969), as instituições e disposições executivas seguintes: Fundo europeu de orientação e de garantia agrícola;

2) Regulamento leiteiro;

3) Regulamento da carne ovina;

4) Regulamento do arroz;

5) Regulamento dos cereais;

6) Regulamento dos produtos transformados - carne de porco, aves e ovos;

7) Regulamento de frutas e legumes;

8) Acordo de "vinho". Como se disse, considera-se que tudo o que se escreveu na análise do projecto do II Plano de Fomento, no tocante à agricultura, silvicultura e pecuária, continua a ter actualidade. O ambiente, interno e externo, é que tem evoluído rapidamente e, sem negar o que se defendeu, obriga a considerar alguns aspectos de outra forma ou a visionar novas soluções para antigos e novos problemas. Aliás, o caso não é apenas português. Acompanhe-se o que vai por essa Europa fora, pelos países que, pelas afinidades dos seus problemas com os nossos, mais nos interessam.

O êxodo agrícola e suas repercussões na mão-de-obra - quantitativa e qualitativamente apreciada - vêm trazer novas implicações.

Para prender aos trabalhos da terra elementos válidos torna-se indispensável que a sua vida seja atractiva, quer quanto ao nível das jornas, quer quanto às facilidades e comodidades que o progresso proporciona a outras ocupações e fazendo-os beneficiar das regalias de ordem social de que já desfrutam os trabalhadores de outras actividades. Daí haver necessidade de valorizar a mão-de-obra agrícola, pressupondo-se a existência de cultura e de formação profissional actualizada em todos os sectores e de uma estrutura da propriedade, permitindo métodos de trabalho que assegurem ao empresário e ao trabalhador rendimento compatível.

Os movimentos de planeamento regional, agora tão ambicionados, serão, por certo, valioso contributo para esse fim, como, em tese, os de reconversão cultural poderão tender para uma mais eficiente orientação da actividade agrícola. Mas são, em qualquer caso, movimentos de resultados a longo prazo, e a agricultura dos nossos dias e suas necessidades - que são, aliás, as do País e de todos os restantes sectores económicos - não se compadecem com tais delongas. Isto mesmo se sente lá por fora, em meios tidos como mais evoluídos. Haverá, portanto, em muitos casos, necessidade de andar mais depressa, ainda que sem tanta certeza .. Duas evocações de um passado distante, merecedoras de um momento de meditação, findam estas linhas de introdução: uma estrangeira, outra nacional.

A propósito do 75.º aniversário, do I Congresso Internacional de Agricultura - Paris, Julho de 1889 -, escreveu-se, recentemente, o que se transcreve na íntegra (1):

Pendant des siècles, les relations entre agriculteurs et agronomes des différents pays étaient restées limi-

(1) Confédération Européenne de l'Agriculture, 75 Années de Travail en Commun pour l'Aqriculture Mondiale et Européenne, 1964.