Motomecanização da agricultura No projecto consideram-se dois aspectos distintos: o de apetrechamento da Estação de Cultura Mecânica e o de «acção regional».

A motomecanização da agricultura não será, e por manifesta escassez de recursos, dos sectores em que os serviços oficiais tenham tido uma actuação mais intensa; em contrapartida deve-se, em grande parte, à actuação das firmas importadoras o desenvolvimento, por vezes nem sempre o mais conveniente, que tem tido.

É de recordar o esforço no sentido da demonstração e da divulgação que para a época desenvolveu, décadas atrás, a Estação de Ensaio de Máquinas, de Queluz, primeira intervenção oficial em matéria que, admite-se, tenha sido iniciada, entre nós, há um século com a importação das primeiras máquinas agrícolas.

A Campanha do Trigo de 1929 veio trazer forte incremento a esta actividade, que se tem expandido de forma expressiva, especialmente nos últimos anos, não obstante as dificuldades de terreno e das estruturas, sobretudo no Centro e Norte, custo dos maquinismos, falta de pessoal especializado, etc.

Mas a evolução das coisas leva a motomecanização a lugar cimeiro nas necessidades dos nossos dias e obriga a um conveniente esclarecimento da lavoura para se evitarem prejuízos de ordem técnica e financeira, que não devem ser inéditos entre nós. Para isso é necessário haver um organismo oficial suficientemente equipado e dotado para poder fazer os "ensaios de campo e o contrôle de laboratório, quer para os modelos importados, quer em apoio da crescente indústria nacional, subsidiária ou não, que se está desenvolvendo neste ramo e, na generalidade, pela sua modéstia, ainda não pode dispor de assistência técnica privativa, idónea.

A fábrica de tractores (F. P. A;.), em Aveiro, e a de motocultivadores na Lousã, são índice dessa expansão. Por assim se pensar, foi há poucos anos, ainda, sugerida a criação de um:«Gabinete de Orientação e Assistência Técnica», a formar em colaboração dos serv iços agrícolas com o Instituto Nacional de Investigação Industrial, o que não passou, ao que se julga, de legítima aspiração.

Estão-se montando pequenas indústrias, e com prazer se regista que as grandes firmas exportadoras já recorrem ao mercado português para completar alguns dos seus maquinismos, em face da excelência ou do melhor preço dos produtos. Por tudo o exposto, o apetrechamento da Estação, de Cultura Mecânica e a «extensão» da sua actividade na acção regional, através de estudos e demonstrações - e pode encontrar, neste sector, facilitada a sua acção com a colaboração inteligente de importadores e fabricantes, como se verificou com as demonstrações de material para a mecanização da viticultura que tiveram lugar em 1960 em Salvaterra de Magos e em Anadia -, constituem matéria basilar. Afigura-se que os 6000 contos considerados no Orçamento Geral do Estado (diz-se, no projecto, que se admite a possibilidade de recorrer a outras fontes de financiamento até ao montante de 100 000 contos, com a finalidade de desenvolver a motomecanização agrícola) são bem escassos para a larga missão a executar, e, certamente, impõe a remodelação, da orgânica da Estação do Cultura Mecânica, não permitindo mais o que a montagem do laboratório e de urna pista de rolos para ensaio de tractores segundo as normas da O. C. D. E. E frisa-se a necessidade urgente de cursos práticos de mecânicos e condutores de material agrícola, não considerados no projecto.

A motomecanização tem tanto interesse no sector, agrícola como no florestal e, pelo que anteriormente se disse, não pode nem deve ser em muitos casos considerada como parte do equipamento individual de uma exploração, dadas as suas dimensões, custo e dias de trabalho útil da máquina, pessoal especializado, etc.

Assim, é das modalidades mais propícias, em especial quanto a alguns tipos de maquinismos, a formarem-se, para além dos parques de material agrícola dotados de maquinaria e de profissionais competentes, cooperativas ou associações entre vizinhos, modalidades facilitadas pela Lei dos Melhoramentos Agrícolas. Considera-se também da maior vantagem o apoio e regulamentação da actividade dos alugadores de material agrícola.

É curioso registar que, quando os empréstimos para compra de máquinas se limitavam aos grémios da lavoura e cooperativas, foram concedidos, de 1949 a 1962, 16 179 640$. e, a partir da promulgação do Decreto-Lei n.º 43 355, em 1960, os agricultores isolados utilizaram, só em três anos, 21 788 290$, o que se salienta com satisfação, pelo que revela de crescente interesse da nossa lavoura.

Alguns números relativos à evolução do parque de material agrícola nacional:

Quanto aos tractores, o quadro a seguir mostra a sua progressão:

Evolução do parque nacional de tractores

A secção admite que seria de estudar, a possibilidade de utilização, por aluguer, de maquinaria pesada pertencente a vários serviços do Estado e que nos períodos de imobilidade poderia dar apreciável contributo à realização de algumas das mais difíceis ou onerosas práticas de interesse agrícola, nomeadamente na exploração florestal... Haveria, também, que pensar na criação de escolas móveis de tractoristas e de condutores de máquinas. Conservação e correcção do solo Esta alínea, refere-se a empreendimentos em curso iniciados em 1959 e cuja importância se torna desnecessário pôr em foco, conhecidos como são os largos prejuízos causados pela erosão, em estudo em Trás-os-Montes e Baixo Alentejo, e a necessidade de aproveitamento económico dos sapais - nomeadamente os do Algarve e Vale do Sado (Águas de Moura), a acrescentar aos citados no projecto do Governo e de que há boas perspectivas de aprovei-