E mais adiante (n.º 28), ao tratar dos investimentos, esclarece-se:

Os trabalhos de estudo, investigação e preparação técnico-industrial com vista à futura instalação de centrais nucleares exigirão investimentos cujos montantes serão determinados à medida que os projectos se concretizem e de acordo com as disponibilidades de financiamento.

Dá-se o inteiro aplauso à doutrina expendida no projecto de Plano Intercalar; mas, para que ela seja realizável, é necessário prever desde já alguns investimentos para a realização dos estudos, que se prevêm da ordem dos 40 000 contos. Só assim se poderá consiguir a integração da central nuclear com urânio nacional no prazo referido nos dez anos. Em resumo, os investimentos considerados prioritários pela subsecção, no capítulo «Electricidade», são os Seguintes:

Milhares de contos

Grande distribuição ................ 800

Pequena distribuição ............... l 080

Em recente estudo sobre «Investimentos e Financiamentos na Indústria da Energia Eléctrica», em que interveio o relator deste parecer, chegou-se à conclusão, por meio de métodos estatísticos, que os investimentos no triénio de 1965-1967 deveriam atingir 5300 contos (sem incluir a energia nuclear). A identidade das duas verbas, calculadas por métodos diferentes, confere-lhes um grau de certeza que não se pode ignorar, sob pena de se cometerem erros não reversíveis.

O resumo dos investimentos prioritários do sector energia seria então:

Milhares de contos

(a) Valor apurado com a dedução dos 360 000 contos destinados à electrificação rural.

(b) Verba indicada no projecto de Plano Intercalar (n.º 32).

Como no projecto de Plano Intercalar se previa um investimento global da ordem dos 7 milhões de contos no triénio (n.º 12), verifica-se uma coincidência entre as duas verbas, a prevista pelo. Governo e a indicada neste parecer.

Em relação ao consignado no projecto de Plano Intercalar - 5668 milhares de contos -, há assim uma diferença para mais de 1350 milhares de contos, cuja justificação já foi enunciada. Para terminar a análise deste parágrafo do projecto do Governo queremos referir-nos a um último ponto, que reputamos da maior importância: o problema do financiamento da indústria da energia eléctrica.

Recorremos de novo ao Relatório do Grémio Nacional dos Industriais de Electricidade relativo ao ano de 1963, e dele extraímos as seguintes passagens:

Os números relativos aos investimentos feitos de 1960 a 1963 são os seguintes:

Conclui-se que no quadriénio de 1960-1963 o investimento cresceu a uma taxa média de 13 por cento, superior ao valor verificado no consumo. Aliás, [...]

Repare-se que os investimentos anuais têm crescido sucessivamente, passando de 894 600 contos em 1960 para 1 421 000 contos em 1963, tudo indicando que este ritmo não possa afrouxar, pois que o consumo continua a aumentar e o investimento tem de o acompanhar; assim, é natural que em 1964 se atinja investimento superior a 1400 000 contos, e, a manter-se a taxa de crescimento de 10 a 11 por cento, num período de seis a sete anos teremos de construir, grosso modo, tantas instalações quantas as existentes actualmente [...]

Contudo, o exame da composição do investimento nos anos de 1961, 1962 e 1963, conforme inquérito feito pelo Grémio, causa preocupações. Na verdade, os números, em percentagem, são os seguintes:

O que ressalta imediatamente é a reduzida percentagem, de capital accionista nos dinheiros mobilizados em 1963: apenas 1,8 por cento. A contrapartida encontra-se no grande aumento da rubrica «Empréstimos» - 85,5 por cento-, dos quais, grande parte, se não a maior, é a curto e a médio prazo.

A conclusão imediata é estar o sector eléctrico, neste momento, a ser abastecido pelo mercado de capitais em condições perfeitamente impróprias para uma indústria de expansão contínua e de reprodutividade lenta.

Desde que as empresas de energia eléctrica sejam forçadas a recorrer a empréstimos a curto e a médio prazo, não terão forma de satisfazer as respectivas amortizações, a não ser contraindo novos empréstimos, criando-se assim um circuito de dificuldades e preocupações que impedem a concentração do esforço na resolução dos problemas específicos da indústria.

Será, portanto, necessário encontrar forma de abastecer em capitais a indústria da energia eléctrica, segundo as regras canónicas, permitindo a realização de ampliações de capital em condições satisfatórias