construção no período considerado não chegou sequer a cobrir as necessidades acrescidas durante ele, ou seja o deficit anual de reposição;
b) O problema das construções provisórias (barracas, «ilhas», «bairros da lata», etc.), a que se refere a rubrica «Alojamento sem ser em prédio», agravou-se em todo o País, mas constitui, fundamentalmente, um problema da região de Lisboa (17 400 agregados domésticos) e da de Setúbal (5900 agregados);
c) A massa de agregados plurifamiliares (famílias ocupando parte de um fogo) diminuiu, de modo geral, em toda a província (mesmo no Porto) de 1950 a 1960, mas aumentou extraordinariamente na região de Lisboa. Só na capital o número de famílias vivendo nessas condições elevou-se de 53 para 94 milhares; e nos subúrbios passou de 15,6 para 19,4 milhares. O problema continua a ser, e cada vez mais acentuadamente, um problema urbano, consequência do despovoamento dos campos e do afluxo das populações rurais às cidades, onde o nível de rend as ultrapassa a modéstia dos seus recursos, forçando-as à acumulação e à promiscuidade;
d) Pelo contrário, a superlotação constitui fundamentalmente um problema rural. Dos 340 900 fogos superlotados, só 64000 se localizam nas regiões de Lisboa e Porto, situando-se os restantes 276 900 nos demais distritos do continente e nas ilhas adjacentes.
§ 3.º «Deficit» de reposição
Fazer face ao crescimento demográfico;
Dar resposta adequada aos movimentos da população.
(migrações internas de carácter permanente); Substituir os fogos inutilizados por envelhecimento, destruídos por sinistro ou outro facto, demolidos
por qualquer razão, etc.
Trata-se, pois, de necessidades que, a não serem satisfeitas no ano em que se concretizam, vão acrescer às que o deficit carencial traduz, agravando cada vez mais este último.
b) Que o fenómeno migratório, pelas anomalias a que dá lugar (desagregação das famílias rurais em unidades de menor dimensão, duplicando o número de fogos necessários; manutenção de habitação no lugar de origem, com a mesma consequência, etc.), implicará um aumento anual efectivo das necessidades de alojamento da ordem dos 2800 fogos (1);
c) Que a depreciação, por envelhecimento, do património habitacional exige a construção de 17 900 fogos por ano (admitindo, para um volume de. 2 201 000 habitações em 1960, uma vida média de 123 anos por fogo) (1);
d) Que, assim, o deficit anual de reposição seria de 34 000 fogos, correspondendo a:
Crescimento demográfico ..... 13 300
Migrações internas .......... 2 800
Amortização de habitações ... 17 900
§ 4.º Volume e características da construção nos últimos dez anos
se dimensionavam em 1950 (um deficit carencial de 460 000 fogos), vejamos como se procurou fazer face ao problema e o modo como nele intervieram os sectores
interessados (público, sémipúblico e privado).
Em primeiro lugar, o volume do investimento indispensável e a urgência com que as necessidades se impõem tornam insuficiente a contribuição do sector privado, processando-se na base dos puros estímulos de mercado.
Em segundo lugar, o espírito de lucro que inevitavelmente comanda o investimento do referido sector não se concilia, em regra, com os objectivos de ordem social que a solução do problema do alojamento, ao nível nacional, implica e pressupõe.
Observando o que passa na Europa, verifiquemos (quadro li) que se distribui do seguinte modo, entre os sectores públicos e particulares, o financiamento da construção de casas.
Função, por um lado, do crescimento fisiológico mínimo e máximo previsto para o decénio (10,6 por cento e 18,7 por cento, respectivamente); por outro, do volume da emigração para fora do continente (considerou-se cerca de metade do aumento demográfico), e, por último, da composição média da família portuguesa (3,8 pessoas por família) - Relatório cit.