estudos de uma missão de biologia marítima, cujo navio de apoio servirá também os estudos da mesma natureza na Guiné.
Conhece-se, desde há muito, que a riqueza ictiológica marítima do arquipélago é grande e variada. A sua utilização industrial é pequena e de feição rudimentar - já hoje se exporta atum em conserva e farinha de peixe, mas em pequenas quantidades.
Crê a Câmara Corporativa que tudo que se possa fazer para incentivar esta indústria, de contrapartida na produção e na venda, é obra de verdadeiro fomento, actuante na formação dos meios de vida própria de uma população em activo crescimento. Por isso sugere que a pesca de Cabo Verde receba já neste II Plano de Fomento não só a atenção dos estudos previstos, mas um pouco mais do que a missão de biologia marítima pode dar, participando nos investimentos básicos da indústria da pesca com 20 000 contos, em vez dos 5500 contos propostos.
Nas extractivas, o investimento incidirá: a) sobre a carta geológica das ilhas de Santiago, Sal, Boa Vista e Brava. A ilha de S. Vicente já possui carta geológica de certo pormenor, permitindo estudos geológicos aceitáveis; b) sobre estudos e aproveitamentos dos meios de obtenção de água doce. Pensa-se orientar a actividade dos estudos e trabalhos hidrogeológicos correspondentes de forma a prestar colaboração à brigada de estudos e construções de obras hidroagrícolas que trabalha em Cabo Verde. Também se pensa na hipótese da obtenção da água doce, a partir da água salgada, das águas salobras e encara-se até a condensação da humidade atmosférica; c) no fomento mineiro incluído na rubrica das indústrias extractivas, prevê-se, fundamentalmente, incrementar a exploração das pozol anas e do sal, e cuida-se que têm interesse outras pedreiras com vista ao fabrico de cimento e de cal.
A Câmara Corporativa apoia e dá a seguir por transcrição do projecto de Plano Intercalar no quadro n.º 28 a evolução da produção das indústrias de Cabo Verde:
Nas indústrias transformadoras firma o projecto de Plano Intercalar a esperança de criar o volume de emprego necessário à procura do crescimento demográfico global e indica as seguintes indústrias a considerar:
Extracção de óleo da purgueira e fabrico de sabões;
Descasque da castanha de caju G extracção do líquido da casca;
Fabrico de malas, pastas e artigos de viagem;
Melhoramento da aguardente de cana.
Assim seja, porque bem vale o investimento previsto de 15 000 contos nas indústrias transformadoras. Parece que muito interesse possa ter a indústria têxtil, mesmo com matéria-prima importada do ultramar português.
Anota-se que a emigração deve merecer cuidadosa atenção e todas as facilidades.
Quanto à indústria do caju, a Câmara Corporativa julga que só depois de se reconhecer que a exploração do cajueiro é viável econòmicamente é que deverá pensar-se na industrialização da castanha respectiva.
A província conta, graças ao I e ao II Planos de Fomento, com infra-estruturas rodoviárias de perto de 1300 km de estradas, sendo cerca de 10 por cento de estradas de 1.ª classe.
Pretende-se agora com o Plano Intercalar dar execução a um programa que permita valorizar a província com as estradas das ilhas de Santiago, S. Vicente, Fogo e Santo Antão.
A Câmara Corporativa nada observa em contrário, embora lembre que a dificuldade da construção de estradas em Cabo Verde é muito grande em virtude da orografia do arquipélago com relevo extremamente acidentado, e da natureza dos terrenos. Parece por isso que o programa talhado seja ambicioso de mais para os investimentos previstos para o triénio.
Em 1962 foi inaugurado o Porto Grande de S. Vicente, que, com o Porto Novo, em Santo Antão, são os principais portos do arquipélago.
Em Abril de 1964 o Conselho Superior de Fomento Ultramarino deu o parecer n.º 5/64 - sobre o Plano portuário de Cabo Verde, submetido ao seu estudo e exame.
O Plano portuário previu:
Um porto de abrigo na baía da Praia que permita a entrada e a atracação durante todo o ano de toda a navegação que escala regularmente o porto e que origine uma área abrigada na baía que permita o estacionamento dos pequenos navios da navegação interinsular e dos barcos de pesca, qualquer que seja o estado de agitação exterior.
Um porto em cada uma das restantes ilhas habitadas do arquipélago (com excepção de Santo Antão e S. Vicente, não incluídas no presente
plano) que permita a atracação do navio-motor Santo Antão durante a maior parte do ano. Quanto à localização do porto em cada ilha, a missão achou bem seguir as preferências da navegação tradicional para não atrofiar os interesses econò-