Os objectivos lixados, no plano podem sintetizai-se da forma seguinte

a) Regularizar os caudais do Mondego e dos seus afluentes Dão e Alva mediante a criação de duas albufeiras uma no Mondego, a jusante da sua confluência com o Dão (Aguieira), e outra no Alva (Mucelão), de forma que os caudais delas libertados não excedam a capacidade de vazão dos leitos, a regularizar, do curso inferior do Mondego,

b) Regularizar os mesmos leitos ladeando-os com diques marginais, por forma a comportarem, sem trasbordamento, os caudais afluídos de montante, mesmo em ocasião de cheias,

c) Regar os campos do Baixo Mondego (14 930 ha) com águas represadas nas indicadas albufeiras, a conduzir por canais derivados do leito do no,

d) Drenar os campos do Mondego por meio de um sistema de valas e de estacões de bombagem,

e) Regar os campos de Cantanhede ao Vouga, numa faixa de cerca de 50 km de comprimento por 12 km de largura (29 180 ha), com águas elevadas do Mondego numa estação a situar perto de Penacova,

f) Produzir energia eléctrica, em centrais de pé de barragem, com as águas das duas albufeiras citadas e de outra, de pequena capacidade, criada pelo açude derivador das águas para Cantanhede ao Vouga, condicionando a produção de energia à necessidade de manter nas albufeiras capacidade livre para regularização dos caudais e determinado armazenamento paia satisfação da rega,

g) Acessoriamente conta-se com a redução do volume de caudais sólidos mediante obras de correcção torrencial nas encostas dos cursos de água e revestimento florestal das mesmas encostas, com o abastecimento de água de povoações situadas perto do no ou dos canais de rega e com a melhoria da barra a porto da Figueira da Foz, derivada da regularização dos escoamentos e redução dos carrejos Propõe-se no plano a realização das seguintes obras Uma barragem no Mondego (Aguieira), com 480 milhões de metros cúbicos de capacidade, criada por uma barragem de abóbadas múltiplas de altura máxima de 80 m e um desenvolvimento, no coroamento, de 280 m, equipada com dois grupos geradores de 50 000 cv/37,5 MVA produzindo era ano médio 165 G Wh,

b) Uma barragem no Alva (Mucelão), com 85 milhões de metros cúbicos de capacidade, criada por uma barragem de terra com a altura máxima de 59 m e um desenvolvimento, no coroamento, de 550 m Tal barragem será equipada com dois grupos geradores de 5000 cv/4500 KVA, produzindo em ano médio 34 GWh,

c) Um açude de derivação no Mondego, junto a Penacova, criando uma pequena albufeira donde se faz a elevação da água para os campos de Cantanhede ao Vouga Tal albufeira será equipada com um grupo gerador de 22 000 cv, que pode produzir, em ano médio, 35 GWh, potência que pouco menor é do que a exigida para a elevação,

d) Obras de regularização dos leitos a jusante de Coimbra por forma que no leito principal do Mondego possam circular caudais até 700 m2/s e nos seus derivativos no Velho e Vagem Grande, respectivamente, 300 m2/s e 200 m2/s , num ' total de 1200 m2/s correspondentes ao valor a que se reduzem as pontas de cheia com probabilidades de ocorrer uma vez em 100 anos. Igualmente serão regularizados os leitos das valas Norte, Pereira, Cova, Figueira, Alfarelos, Marujal, Soure, Verride e Foja, afluentes do curso inferior do Mondego, para que, também sem transbordamentos, a ele conduzam as suas águas,

e) Obras de derivação de caudais para rega, uma no Mondego, junto de Penacova, para os campos de Cantanhede ao Vouga, e outra no Mondego também, imediatamente a jusante da ponte de caminho de ferro de Coimbra, para os campos do Mondego, esta última munida de comportas para manobra dos caudais derivados;

f) Rede de rega dos campos do Mondego compreendendo dois canais principais que envolvem os campos por N (canal de Coimbra) e S (canal de Alfarelos), estendendo-se o primeiro até Lares e comportando um caudal de 6,5 m2/s e o segundo alcançando a Quinta do Canal, com capacidade de transporte paia 9,8 m3/s Estes canais alimentam uma série de 35 distribuidores, com 252 km de desenvolvimento, e estes uma série de regadeiras, com 523 km de extensão, Rede de rega dos campos de Cantanhede ao Vouga, abastecida a partir de um canal principal, com 109 km de comprimento, que parte do ponto de derivação no Mondego e termina perto de Aveiro, com capacidade de transporte para 88,4 m3/s., donde partem três canais derivados, com um desenvolvimento total de 56,4 km, que, por seu turno, abastecem uma série de distribuidores e regadeiras, com uma extensão total de 1288 km,

h) Rede de enxugo dos campos do Mondego, que em geral o exigem, constituída por um sistema de valos e abertas drenando para as valas-mestras já existentes - que serão desassoreadas e regularizadas -, tudo numa extensão que atinge 161 km para a rede primária e 250 km para a secundária As obras estão estimadas, no plano, em l 639 000 contos, sendo esta verba distribuída como segue

Contos

Para a rega e enxugo dos campos do Mondego ........ 296 000

Para a rega dos campos de Cantanhede ao Vouga ..... 503 000

Para a regularização dos leitos do Mondego ........ 155 000

Total ....... 1 639 000

Defende-se no plano o critério de que, além dos encargos com a obra hidroagrícola, cabe aos campos do Mondego uma quota-parte do custo da barragem da Aguieira, que não é comportável pelo aproveitamento hidroeléc-