Os primeiros são solos «constituídos quase exclusivamente por fragmentos de rocha em mistura com material terroso proveniente de meteorização dos xistos e não apresentam matéria orgânica morfologicamente classificável, principalmente os que têm sido cultivados», a sua potencialidade «depende não só do seu estado de degradação, como também de outros factores, entre os quais a natureza da rocha subjacente, que pode ser xisto sedimentar, mais ou menos argiloso ou silicioso e mais ou menos compacto ou brando, ou xisto metamórfico (micaxisto, anfiboloxisto e cloritoxisto), de cuja dureza e composição mineralógica depende a maior ou menor facilidade de degradação e meteorização. Além disso, tem ainda grande influência, na infiltração da água das chuvas e no desenvolvimento das raízes das plantas, a própria inclinação dos estratos» Solos esqueléticos de granito são «solos muito delgados (não mais de 20 em desde a superfície até à rocha dura) constituídos essencialmente por material originário proveniente da degradação de granitos ou de quartzodioritos, apresentando o material terroso aspecto de grãos grosseiros de rocha pouco meteorizada. Não apresentam matéria orgânica morfologicamente classificável e assentam sobre rocha-mãe muito dura».

E nos concelhos de Moura e Barrancos que se encontram as áreas mais acidentadas abrangidas pelo Plano, com o aspecto de autêntica serrania, especialmente junto à fronteira. E é na Herdade da Contenda, no concelho de Moura, que se encontram as cotas mais elevadas do perímetro:

(ver tabela na imagem)

No concelho de Barrancos, o ponto mais elevado atinge a cota de 422 m, mas a maior parte da sua área, que é a mais agreste do Plano, é formada por encostas e vales estreitos, em prolongamento da serra Morena.

O concelho de Mourão é pouco acidentado, embora em certas zonas o relevo seja mais evidente.

A parte do concelho de Serpa incluída no plano é, quase na sua totalidade, formada por extenso planalto com a altitude média de 200 m, atravessado por numerosas linhas de água que correm por vales abertos, dando assim o aspecto de planície ondulada.

No perímetro existem as seguintes zonas ecológicas ibero-mediterrânea; ibero-mediterrânea-submediterrânea e subatlante-submediterrânea. A que ocupa maior superfície (82 por cento) é a primeira, sendo nesta zona e na segunda (12,7 por cento) que principalmente se desenvolverão os trabalhos de florestação projectados. Estas zonas são caracterizadas, respectivamente, pela presença da azinheira e zambujeiro e do sobreiro (que aqui atinge a máxima prosperidade), zambujeiro, carvalho português, pinheiro manso, pinheiro bravo e azinheira, no entanto, algumas destas espécies não aparecem na zona em estudo.

A queda pluviométrica média anual situa-se entre 866,9 mm e 559,9 mm, segundo o Anuário dos Serviços Hidráulicos, 1959-1960. Estes elementos resumem-se no quadro que segue.

(ver tabela na imagem)

Além disso, nos meses de Julho, Agosto e Setembro a queda pluviométrica á nula ou muito escassa e a temperatura é superior a 30ºC à sombra durante a maior parte do dia. Por outro lado, nas noites de Inverno há muitas vezes temperaturas negativas, com formação de grandes.

Não admira, pois, que, em consequência de tais circunstâncias de solo e de clima e também da acção depredadora do homem durante muitos séculos só se enxerguem na área a florestar espécies vegetais muito rústicas e de pequeno porte. A valorização das zonas do País com características semelhantes às acabadas de referir tem merecido a maior preocupação ao Governo, manifestada quer pela promoção de estudos, quer pela publicação de leis que a facilitam pelo estímulo dado à florestação, possível hoje, graças às modernas técnicas, e aos modernos recursos mecânicos, em locais nunca antes pensados

Pena é, porém, que não tenha sido regulamentada a Lei n.º 2069, de 24 de Abril de 1954, apesar dós dez anos já decorridos sobre a sua publicação E pena é, também, que não se tenha feito já a reforma dos serviços florestais para os tornar aptos a prestarem uma assistência técnica conveniente, que entre os diversos departamentos do Estado não haja sempre a mais perfeita ligação, nomeadamente nos que intervêm no sector florestal, em ordem a obter-se o total aproveitamento dos recursos de cada um, e que não se tenham simplificado as normas a que estão sujeitos os pedidos de particulares, especialmente no que respeita ao aluguer de máquinas.

A urgência da reforma dos serviços pode ilustrar-se com o seguinte caso na Administração de Moura um engenheiro silvicultor e um regente agrícola têm a seu cargo, além de três viveiros de produção de plantas, os trabalhos de arborização realizados e em realização no baldio de Barrancos (144 ha), no baldio das Ferrarias (897 ha) e na Herdade da Contenda (5267 ha). Torna-se evidente que, apesar de aqueles técnicos mostrarem a maior dedicação, não lhes é humanamente possível prestar assistência assídua na grande área da sua jurisdição, que é de cerca de 200 000 ha Como poderão eles prestar ainda assistência ao Plano agora em estudo?

A Câmara Corporativa considera de muita importância os aspectos acima referidos para que se suscite e anime a iniciativa privada na florestação segundo os novos processos técnicos. Mas não devem esquecer-se dois outros aspectos o do conhecimento dos índices de crescimento das espécies florestais e dos seus níveis de rentabilidade por hectare e o do aproveitamento, pela indústria e a preço compensador, do material lenhoso que se produza.

Ora, em relação à região abrangida pelo Plano não se procedeu, em devido tempo, à instalação de suficientes.