devido ao alarme dado por diversas sirenes, nomeadamente dos bombeiros. Além disso, carros de incêndio, ambulâncias e automóveis com as sirenes e businas a

tocarem percorreram as ruas da vila acordando toda a população. Não se verificando motivo para tal procedimento e como atitudes desta natureza só fazem

objectivamente o jogo da reacção, gerando mal estar e descontentamento, ao abrigo das disposições regimentais, requeiro ao Governo seja feito um inquérito

e dado conhecimento público das razões que levaram os laboriosos soldados da Paz a tomarem tal atitude.

Sala das Sessões, 1 de Outubro de 1975. - A Deputada do PS, Maria da Assunção Viegas Vitorino.

Resposta do Ministério da Administração Interna-Gabinete do Ministro:

Encarrega-me S. Ex.ª o Ministro da Administração Interna de enviar a V. Ex.ª, a fim de serem transmitidos à Sr.ª Deputada Maria da Assunção Viegas Vitorino, as informações da GNR e dos Bombeiros Voluntários do Barreiro sobre o caso dos toques de sirene dos bombeiros na vila do Barreiro na madrugada de 27 de Setembro próximo passado.

ANEXOS

Em conformidade com o determinado, junto remeto a V. Ex.ª a documentação referente ao caso dos toques de sirene dos bombeiros da vila do Barreiro na madrugada de 27 de Setembro próximo passado:

Tendo comparecido no destacamento da GNR, por solicitação do comandante do ED, o 2.º comandante dos Bombeiros Voluntários do Sul e Sueste, foi a este perguntado sobre as razões que levaram os elementos da sua corporação a dar o alarme por toques de sirene.

Respondeu o referido 2.º comandante dos bombeiros que, cerca das 3 horas de 28 de Setembro, apareceram no seu quartel certo número de indivíduos identificados como elementos do PRP/BR, que exigiram que fosse dado alarme com toques de sirene para alertar a população de que em Lisboa estavam a passar-se casos graves e que era necessária na capital a presença da população desta vila.

Os bombeiros de serviço opuseram-se de início ao toque, mas, pressionados pêlos referidos elementos, acabaram por ceder.

Mais tarde reuniram-se os comandos das duas corporações de bombeiros voluntários desta vila, resolvendo que de futuro só fariam toques por ordem das seguintes entidades:

2. Comandante da GNR do Barreiro;

3. Comandante dos fuzileiros navais;

4. Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal do Barreiro;

II-Informação prestada pelo comandante dos Bombeiros Voluntários do Barreiro (corpo de salvação pública):

As informações prestadas por este comandante foram as mesmas que constam do ofício enviado por ele ao presidente da direcção da mesma corporação, cuja fotocópia se junta.

III-Informação prestada pelo Sr. Hélder Madeira, do PCP:

Este senhor informou que sobre o assunto tinha contactado com os elementos do PRP/BR, informando-os de que o partido que representava reprovava a atitude que estes tinham tomado.

Pelo Comandante, Alberto Mourão da Costa Ferreira, tenente-coronel de cavalaria.

Américo Nunes Duarte, 2.º comandante desta prestimosa associação humanitária, vem, mui respeitosamente, informar V. Ex.ª de uma ocorrência passada na noite de 28 de Setembro 1975.

Tendo conhecimento de certas anomalias que se geravam em Lisboa junto do Falado Nacional, e para salvaguardar quaisquer notícias maliciosas recebidas do exterior, ordenei fazer no quartel um piquete de segurança.

Foi constituído um conjunto de dez homens, dos quais três se rendiam simultaneamente no gabinete de transmissões e os restantes sete descansavam na camarata, sempre aptos para responderem à primeira chamada.

Precisamente às 3 horas e 10 minutos recebi na minha residência um telefonema do bombeiro de 2.ª classe n.º 11 a informar que dentro do quartel se encontravam alguns elementos do partido PRP/BR pedindo para alertar a vila do Barreiro com toques de sirene, informando que em Lisboa os deficientes das forças armadas estavam a ser atacados por carros pesados do MFA, fazendo um apelo a todas as massas para os auxiliarem.

Pedi ao referido bombeiro n.º 11 que tivesse calma e que não utilizasse por qualquer modo as sirenes, pois devia esperar ordens do respectivo comandante, ao que prontamente obedeceu.

Às 3 horas e 25 minutos recebi nova chamada do mesmo bombeiro pedindo a minha comparência, pois os elementos do partido PRP/BR, com palavras de intimidação, alegavam que as ordens do comandante ali nada valiam, mas sim as suas; deliberei, assim, rapidamente apresentar-me para tomar o meu comando.

Ao seguir para o quartel começo por ouvir a sirene dos Bombeiros Voluntários do Sul e Sueste, assim como b 115, com uma auto-maca na via pública, e pensei rapidamente haver forte anomalia.

Contactei directamente com os referidos senhores do PRP/BR, chamando a sua atenção para que estavam errados e que as suas exigências não podiam ser consideradas oficiais pelo motivo de nós, bombeiros, estarmos ligados a entidades superiores