A delegação portuguesa reservou a sua tomada de posição para depois dos contactos que ia fazer com a sua clientela e agentes em França.

Assim, ficou aprazada nova reunião para a quinta-feira seguinte, em que tomariam parte apenas os três elementos da comissão de vendas, que ficariam em França. Sobre o desenvolvimento, deste assunto teremos portanto que aguardar o relatório do Sr. Fernando Pinheiro.

Os contactos com o nosso agente tiveram o maior interesse na medida em que a C. C. C. viu concretizada a sua pretensão de receber a visita da Celtejo, a qual considerava indispensável para o restabelecimento do clima de confiança, que o Sr. Roger Echement julgava um tanto abalado.

Feita uma análise da situação da mercado belga, que não difere da do resto da Europa, o Sr. Echement aconselhou uma nova visita no princípio de Dezembro para contactos com a clientela, por considerar que nessa altura haverá uma perspectiva mais clara das possibilidades para o ano de 1976.

A Bélgica é estruturalmente importadora de pasta de papel, em virtude dos seus fracos recursos florestais. A indústria papeleira vive uma fase de grandes dificuldades, estando a produzir a cerca de 40 % da sua capacidade normal.

Os elevados stocks constituídos em 1974 têm tido portanto escoamento muito lento, sendo de esperar que o relançar da economia da Europa Ocidental, a verificar-se de forma significativa no primeiro semestre de 1976, terá repercussão progressiva nos níveis de consumos, os quais, porém, numa previsão realista, não ultrapassam ainda os de 1973.

A propósito se transcrevem algumas passagens da declaração do presidente da S. A. Dunayeer sobre o mercado papeleiro belga, feita em 23 de Setembro último:

A forte redução de encomendas verificada a partir de Outubro de 1974 agravou-se ainda durante 1975 e nenhuma melhoria é perceptível até este momento.

A esperança de uma certa recuperação depois das férias de verão não se concretizou.

A procura continua fraca na indústria papeleira, tanto na Bélgica como no estrangeiro. Apesar dos enormes sacrifícios nos preços de venda impostos pela economia estrangeira, a nossa actividade média nunca ultrapassou os 60 % desde Março último, o que constitui um mínimo histórico na nossa empresa.

A nossa carteira de encomendas continua mal guarnecida e não nos foi possível registar nenhuma nova encomenda até esta altura, com excepção de um importante fornecimento para o Médio Oriente.

O nosso volume de vendas registou de Março a Agosto uma redução de 38 % em relação a 1974.

De tudo isto resulta que a nassa empresa esteja acumulando prejuízos. Calculamos, porém, que o ponto mais baixo da curva tenha sido já atingido e que uma certa melhoria venha a registar-se no última trimestre do ano.

De harmonia com o programado, visitámos em 30 de 5etembro de 1975 o nosso cliente ETERNIT, única visita proposta pelo nosso agente para esta altura.

A ETERNIT é um cliente de elevado standing industrial e financeiro que utiliza pasta Celtejo há anos para a produção de materiais de revestimento interior de cobertura de casas. A crise da construção civil determinou redução apreciável do seu fabrico deste material. Assim, sendo potencialmente comprador de 2000 t / ano, apenas adquiriu até Setembro 400 t. Durante a conversa havida foi prometida mais uma encomenda de 200 t-250 t para o quarto trimestre. Quanto a compras para 1976, calcula a ETERNIT não poder ir além das 800 t/ano dado que a sua fábrica está a dispensar pessoal e a trabalhar a cerca de 40%.

Abordada a possibilidade de utilização da nossa pasta crua de eucalipto, o chefe de laboratório pediu o envio de 40 kg de eucalipto para experiência com vista à sua estilização num novo produto que vão lançar na mercado.

A ETERNIT pediu que em futuros embarques um exemplar da factura acompanhasse o conhecimento de embarque que já habitualmente lhe é remetido, para facilitar o desembaraço alfandegário no porto de Anvers. Os documentos em causa deverão ser remetidos por via, aérea ao seu transitário, em vez de viajarem em poder do capitão do navio como até aqui se tem verificado quanto ao conhecimento de embarque.

A Compagnie Commerciale des Celluloses deu a impressão de ser agente muito válido e bem introduzido no mercado, procurando realizar a venda em base técnico comercial, com contactos a vários níveis das empresas clientes, não se limitando às relações habituais vendedor/chefe de compras mais ou menos influenciadas par conhecimentos pessoais a nível de P. D. G.

O Sr. Roger Echement considera indispensável para a defesa da nossa posição no mercado belga uma visita a vários clientes, especialmente as Papeteries de Belgique, que considera de muito interesse e oportuna na primeira semana de Dezembro.

Visitámos o nosso agente Conrad Jacobson no seu escritório, o qual nos fez uma sumária, descrição dia, situação económica alemã e dos seus reflexos na indústria papeleira deste país. O mercado das pastas para papel continua estagnado e a indústria de papel e cartão, trabalhando muito abaixo dia sua capacidade normal, vai consumindo os seus stocks. Continua esperançado numa ligeira recuperação até ao fim do ano, embora entenda que o relançar da economia alemã só virá a dar sinais significativos no primeiro, semestre de 1976. Perante as dificuldades de colocação no mercado alemão, o Sr. Conrad Jacobson prometeu encaminhar para a Celtejo encomendas que pudesse obter de mercados não tradicionais, nomeadamente no Médio Oriente.

A propósito deste tipo de encomendas, o Sr. Conrad Jacobson referiu-se às suas comissões nos dois negócios com a SONIC- Argélia, de que foi intermediária: 1000 t embarcadas em Maio e 2000 t por contrato de reserva para o segundo semestre de 1975. Ficámos de ver o assunto e informá-lo em conformidade.