destinada a resolver os problemas de congestionamento com que se debate, por efeito de prolongado imobilismo e de imprevisão, a maior parte das escolas que integram as Universidades de ensino directo de Coimbra, Lisboa e Porto. Essa é, sem dúvida, uma das muitas «heranças» pesadas e difíceis que decénios de obscurantismo fascista legaram ao novo Portugal que o povo quis e deseja e na edificação do qual todos estamos comprometidos. Para a enfrentar, outros, porém - sobre os quais não nos cabe aqui pronunciar-nos -, terão de ser os meios a utilizar, que não uma Universidade de ensino a distância.

2.2 - A experiência dos demais países onde se implantaram instituições de ensino deste género 6, de resto, concludente quanto a que seria ilusório supor que, por se criar uma universidade de ensino a distância, se reduziria muito significativamente o afluxo de alunos às outras Universidades. Decerto, reduzir-se-ia provavelmente a parcela desse afluxo constituída por trabalhadores-estudantes; mas não a formada pêlos restantes alunos, que é de longe a mais vultosa e está em constante expansão.

O estudante que chega ao limiar do ensino superior, depois de haver percorrido todos os graus da escolaridade em regime de ensino directo, é um escolar. . A escola, ainda quando contra ela se revolta, tornou-se não apenas um quadro de referência básica da sua vida social, mas principalmente um hábito assumido na definição da sua própria identidade de jovem. Avançou ao longo do tempo e da idade, caminhando de escola em escola. Ao atingir o momento do ingresso na Universidade, é ainda e uma vez mais a escola, esse espaço físico de uma dada forma de relações e de convivência, o que o seduz e atrai.

2.3-O grupo considera especialmente oportuno e relevante salientar este último ponto, porquanto, dadas as enormes dificuldades que a maioria das actuais escolas universitárias defrontam no acolhimento e enquadramento pedagógico das volumosas populações estudantis que as procuram, poderia tomar corpo a ideia de as resolver por meio de um desvio forçado de parte desse caudal de alunos para a Universidade Aberta.

Ora, sem dúvida que, se porventura se limitassem por numeras clausulas entradas nos estabelecimentos, superlotados, abrindo-se simultaneamente, através da Universidade Aberta, novas vias de acesso a cursos e diplomas superiores, estas vias não deixariam de ser aproveitadas - digamos: em desespero de causa - por grande parte dos alunos excluídos da admissão nas escolas de ensino directo. Simplesmente: se tal acontecesse, correr-se-ia sério risco de a Universidade Aberta perder muito do sentido revolucionário em que o grupo vê a sua essencial justificação.

Uma forte proporção de alunos «escolares» nesta Universidade tenderia (se assim nos é permitido exprimir-nos) a «escolarizá-la», isto é: a transformá-la (tal como nos foi possível observar no Centro Regional de Pontevedra, da UNED) numa instituição tenham cada vez menos peso na determinação das estruturas colectivas e dos destinos individuais.

2.4-Do que se acaba de expor resultam duas orientações que se nos afigura da maior conveniência sublinhar. A primeira relaciona-se com a problemática da regionalização do ensino superior.

A criação de uma Universidade de ensino a distância, apta, por conseguinte, a abarcar na sua acção todas as regiões do País, poderia aparecer como solução alternativa, e seguramente mais económica, em relação à política que vem sendo seguida de implantar, em diversos pontos do território nacional, novas Universidades de ensino directo e outros institutos de ensino superior destinados a praticar o mesmo tipo de ensino. Não é, porém, nestes termos que a encaramos.

A fundação e o desenvolvimento progressivo das novas Universidades e outros estabelecimentos regionais representam, sem dúvida, uma contribuição de significativa importância para a melhor adaptação das estruturas globais do n