a sua permanente e profunda integração no sistema estrutural e no processo de desenvolvimento sócio-económico das regiões onde os estabelecimentos se encontrem (ou vierem a encontrar-se) situados, não pode deixar de esperar-se que tais organismos venham a desempenhar papel de grande relevância, quer como centros e agentes do estudo aprofundado, do equacionamento e da resolução de problemas regionais do maior alcance, quer como factores de transformação dos seus estudantes (para não referir também os seus docentes ...), de meros «escolares» em «actores participantes» na vida social e no desenvolvimento democrático e regiões.

com efeito, de exercer-se, em grande parte, através de «centros regionais», onde nomeadamente conselheiros e «tutores» prestem nos alunos uma «ajuda personalizada» na resolução dos seus problemas vocacionais e pedagógicos. Ora, especialmente num país, como Portugal, onde escasseiam os docentes de ensino superior convenientemente habilitados, compreendem-se facilmente as vantagens recíprocas que podem resultar, quer para os «centros regionais» da Universidade Aberta, quer para os estabelecimentos de ensino superior directo regionais, da existência simultânea de uns e outros e da não demasiado longa distância entre eles.

Com efeito, docentes das Universidades regionais de ensino directo poderão, nessas condições, ser chamados a funções de orientação, aconselhamento e tutoria nos «centros regionais» da Universidade Aberta, realizando, assim, pelo exercício de funções em ambos os organismos, um regime de ocupação integral e obtendo simultaneamente um nível de remuneração ma is favorável ao seu interessamento por uma fixação prolongada ou definitiva na região. Inversamente, parte do pessoal docente (tutores) recrutado pelos «centros regionais» da Universidade Aberta poderá sê-lo em condições de trabalho e de remuneração que excedam as estritamente exigidas pelo exercício da tutoria (que não é muito absorvente) e encontrar, portanto, nesses «centros» as possibilidades práticas necessárias ao aperfeiçoamento da sua formação científica e à preparação das suas carreiras como investigadores ou como docentes das Universidades de ensino directo regionais. Foi precisamente isto o que pudemos observar, examinando a relação entre o «centro regional» da UNED em Pontevedra e a Universidade de Santiago de Compostela. O assunto será, aliás, retomado com mais pormenor e focando outros aspectos, em capitulo subsequente (v. capitulo 4).

Desta sorte, não é em termos de alternativa, mas de complementaridade, que encaramos a relação entre a Universidade Abert

2.5-A segunda orientação a que aludimos no, começo do parágrafo precedente, como merecedora de ser especialmente ressaltada, tem que ver com o seguinte.

Quer as Universidades antigas quer as Universidades novas não são instrumentos suficientemente eficazes - dado o baixo nível sócio-económico e cultural a que o regime fascista votou a generalidade da população e, em particular, as classes trabalhadoras para se conseguir, na medida em que a opção socialista da revolução portuguesa o impõe, uma democratização ampla e profunda da cultura superior.

Em tal democratização há, de resto, que distinguir três componentes fundamentais:

a) Um processo de incremento progressivo das oportunidades de acesso a cursos universitários ou equivalentes de indivíduos pertencentes às «classes mais desfavorecidas», designadamente as classes trabalhadoras, de modo que se tenda não só a pôr termo às enormes desigualdades que, neste domínio, se verificam em Portugal, mas também a fazer prevalecer cada vez mais a « selecção pelo mérito» sobre a «selecção económica»;

b) Uma intervenção cultural junto de amplas camadas do povo, por forma que nestas se desenvolva um movimento de promoção cultural colectivo que as torne mais aptas a participar activamente na construção e gestão da nova sociedade, tanto em áreas de interesse geral como em sectores específicos de actividade (empresas, comunidades tocais, etc.);

c) Um contacto e uma interacção dialéctica constante entre « cultura superior» e «cultura popular» (ou, talvez melhor: entre a « cultura científica ou erudita» e a « experiência e vivência» social e prática do povo, nos seus diversos cambiantes sociológicos e regionais), contacto e interacção de que ambas resultem enriquecidas e mais comunicantes, menos separadas, mais próximas e compreensivas uma da outra.

Não é difícil apontar algumas das razões - as mais evidentes, mas também as mais directamente ligadas á primeira das componentes que acabamos de referir - por que as Universidades e restantes institutos de ensino superior directo não podem contribuir de modo