bastante (quer dizer: em toda a medida que o progresso da democracia e a edificação do socialismo exigem) para uma ampla e profunda democratização da «cultura superior»:

a) Desde logo, não é possível recobrir o País com uma rede suficientemente densa de tais instituições;

b) Acresce que o ensino directo, por exigir a presença do aluno na escola, implica, para os estudantes ou para as suas famílias, encargos de deslocações, instalação e sustento que são incomportáveis pelas classes trabalhadoras, salvo quanto a aparte destas que resida perto das respectivas instituições;

Além disso, trata-se de organismos que apenas ministram ensino superior normalmente a alunos com a escolaridade secundária completa; esta característica faz deles receptáculos de populações estudantis já muito «filtradas» socialmente (em benefício das classes mais favorecidas da sociedade); por outro lado, impede-os de dispor de mecanismos eficazes (que os «exames ad hoc» para maiores de 25 anos não são) que lhes permitissem não só detectar, nas classes mais desfavorecidas, os seus elementos mais aptos para a aprendizagem de uma instrução superior, como também capacitar culturalmente esses elementos, mediante adequadas formas pedagógicas e curriculares de formação pré-universitária, de modo que pudessem ter efectivo acesso àquele grau de instrução.

Ora, uma Universidade de ensino a distância permite romper com todas tetas limitações. Com efeito:

a) Pode cobrir, efectiva e eficientemente, todo o País, num prazo relativamente breve;

b) Reduz drasticamente os encargos com deslocações, instalação e sustento, a suportar pelos alunos ou pelas suas famílias;

c) Pode organizar e difundir ensino de vários níveis, e não só de nível superior, actuando. assim como agente de detecção, estimulação e preparação para o acesso àquele nível dos indivíduos das classes mais desfavorecidas dotados de aptidões pessoais para o atingir.

Assim, a Universidade Aberta aparece como uma organização particularmente adequada à realização da democratização da cultura superior», quanto à primeira das três componentes que nessa democratização acima distinguimos.

É-o, porém, igualmente, no que respeita às outras duas componentes. Na verdade, uma instituição deste tipo pode exercer, à escala do País inteiro e com uma inigualável capacidade de penetração territorial e social, outras acções de largo alcance, quer no sentido da difusão de cultura «superior» em amplas camadas do povo, quer do contacto e da interacção dialéctica entre a «cultura superior» e a «cultura popular». Efectivamente:

a) É-lhe possível, mediante programas especiais, proporcionar meios e estímulos para promover ou apoiar uma elevação geral do nível cultural do povo, quer directa, quer indirectamente, neste caso mediante preparação de agentes (e difusão de ideias) para o fomento da animação cultural;

b) É-lhe igualmente

Sem dúvida que, em princípio, tudo isto pode ser (e decerto virá a ser) também realizado pelos estabelecimentos do ensino superior directo, designadamente os regionais. Mas sobre esses estabelecimentos, e no que a estes pontos se refere, a Universidade Aberta guarda uma fundamental vantagem, em que não queremos deixar de insistir, a sua inigualável capacidade de penetração territorial e social.

Mais do que qualquer outra, pode a Universidade Aberta ser uma Universidade constantemente votada ao serviço da povo e, muito particularmente, das classes trabalhadoras: uma verdadeira Universidade nacional popular. É dentro desta orientação que o grupo preconiza a sua criação- pois que, de outro modo, não seria lícito afirmar que, instituindo-a, se estivesse a dotar o País de um instrumento necessário, porque especialmente eficaz para o progresso da democracia e a edificação do socialismo.

2.6 - Até agora, procurámos aclarar os motivos por que, no entender do grupo, se torna necessário criar, em Portugal, uma Universidade de ensino a distância. Simultaneamente, terão ficado explicitadas as finalidades essenciais a que a actuação dessa Universidade deverá subordinar-se. Não se trata apenas de criar mais uma Universidade, mas de criar uma Universidade diferente uma Universidade que, porque utiliza processos diferentes de transmissão e permuta de conhecimentos e de aprendizagem, pode e deva prestar ao povo português serviços diferentes.

Serviços que ela prestará procurando essencialmente os seus utentes - nem sempre será adequado designá-los propriamente de alunos - entre os trabalhadores.

Se convém, pois, que se esquematizem os seus objectivos, diremos então que, tal como o grupo a concebe e propõe, a Universidade Aberta terá em vista proporcionar aos trabalhadores: Meios de formação individual, diversificados segundo vários níveis, que se estendam desde