um primeiro escalão, pouco mais elevado que o ensino primário, até ao grau mais alto (nos ramos em que tal seja materialmente possível) dos cursos superiores; assim, o trabalhador poderá, sem jamais ter de desintegrar-se do seu local de residência e do seu trabalho, erguer-se dois patamares inferiores da pirâmide educacional (começando por aquele que melhor se lhe adeqúe) e adquirir as qualificações elevadas que as suas capacidades e esforços reclamem; e isso será possível porque a Universidade Aberta terá introduzido, na estrutura das classes e dos estratos educacionais, uma «cunha» que o terá atingido para lhe oferecer a oportunidade de demonstrar o seu valor intelectual;

b) Meios igualmente para aqueles que, por motivos económicos e outros, houveram de abandonar os seus estudos em fase mais ou menos avançada, de dispor de uma «segunda chance» de os prosseguir e os levar até ao ponto a que as suas aspirações os chamam e que as suas capacidades justificam;

c) Meios também para, individual ou colectivamente e nos próprios locais onde trabalham, se aperfeiçoarem ou suprirem as insuficiências ou lacunas de preparação em profissões que já exerçam, caso que será, muito especialmente, o de grande parte dos professores dos ensinos básico e secundário, mas que poderá ser também, por exemplo, o de médicos de província e outros trabalhadores da saúde, o de numerosos trabalhadores da função pública, central, regional ou local, etc.;

d) Meios ainda para uma vez mais individualmente ou em colectivo - ter acesso a uma promoção cultural genérica ou a uma preparação específica que lhes permita actuar proficientemente, tanto como animadores culturais no seu próprio meio social e local, quanto como agentes do indispensável contacto e da imprescindível dialéctica entre a «cultura superior» e a «cultura popular», apoiados neste segundo aspecto pelos « centros regionais»;

e) Meios outros sim para melhor se habituarem - a título individual ou com o colectivo e de uma forma genérica ou em relação a determinados sectores de actividade, designadamente de actividade produtiva com o conhecimento de factos, problemas e métodos que os ajudem a assumir com pertinência as novas responsabilidades económicas e sociais que lhes cabem numa sociedade que se quer democrática e em transição para o socialismo;

f) Meios, finalmente, para, mediante adequados programas, adquirirem, como gestores de serviços públicos, de pequenas e médias empresas ou de cooperativas, a informação técnica, económica, administrativa e social indispensável ao bom êxito do esforço, que a todos se requer, de integração e participação nas novas estruturas do País, de reconversão de processos de trabalho e de revisão de antigas formas de relação e organização social.

2.7 - Os objectivos que acabamos de enunciar são decerto ambiciosos. Haverá naturalmente que definir prioridades e estabelecer uma programação, que não poderá deixar de ser prudente, embora decidida a levar até ao fim os propósitos que se definiram. A estes pontos voltaremos, de resto, noutro capítulo do presente relatório.

E, no entanto, não queremos deixar de acrescentar que uma Universidade de ensino a distância poderá ainda prestar ao País alguns outros serviços não despiciendos, nomeadamente os seguintes:

a) Contribuir para a promoção social das mulheres, facultando, quer às que exerçam uma profissão, quer às que permaneçam temporariamente retidas em casa por obrigações familiares, maiores possibilidades de acesso a uma formação profissional e cultural mais elevada;

b) Servir como instrumento (utilizando aliás material didáctico preparado para outros fins) que contribuam para a manutenção de laços com os emigrantes portugueses e para lhes prestar apoio em alguns dos mais difíceis problemas que defrontam (designadamente, os de carácter linguístico) na adaptação às sociedades para onde emigram;

c) Poder igualmente ser utilizada pelo Estado português para, mediante cooperação com os novos Estados de língua portuguesa, exercer uma importante acção de apoio cultural a estes últimos;

d) Facilitar - a indivíduos que já possuam um curso superior, mas cujas concretas actividades profissionais requeiram um tipo de preparação diferente do que esse curso lhes deu - a aquisição da formação mais adequada, sem terem de retornar à «escola»;

e) Constituir um «laboratório» de inovações pedagógicas, de formas de racionalização do ensino e de produção de textos didácticos, de que, a exemplo do que se passa designadamente na Grã-Bretanha, todas as outras Universidades venham a beneficiar;

f) Permitir uma fácil diversificação dos cursos ministrados e, portanto, uma maior adaptação e adaptabilidade às necessidades sociais mu táveis em matéria de ensino do que nas Universidades de ensino directo. Metodologia da aprendizagem:

3.1-Características do ensino a distância como sistema de comunicação didáctica.

Como ponto de partida para caracterizar a metodologia da aprendizagem num sistema do ensino a distância, há que observar que a comunicação pedagógica, do ponto de vista funcional, obedece ao modelo do sistema geral de comunicação, onde há emissor, receptor, canal de transmissão e mensagens.

A metodologia do ensino directo deriva de um sistema de comunicação em que há contacto presencial entre emissor e receptor, utilizando portanto como principal canal de transmissão a palavra «oral», que é por vezes apoiada com meios auxiliares. O avanço tecnológico veio no entanto tornar possível a comu-