recta de actividades e a demonstração de operações várias. Mais especialmente no que se refere à formação de professores, um «circuito fechado», com capacidades de produção, torna-se hoje indispensável para práticas de microensino, auto-avaliação, autocorrecção, etc.
Têm grande futuro também no ensino a distância os equipamentos agrupados sob o nome de video-cassetes, que permitem reproduzir no televisor documentos previamente registados, ou mesmo registar esses documentos.
D) Ensino programado.
Dado o carácter individualizado do ensino programado, a aplicação dos seus métodos reveste-se de especial importância numa situação de aprendizagem que se fundamenta num elevado grau de autonomia do trabalho do aluno. Se bem que, no actual estádio de avanço técnico, não seja ainda possível desenvolver programas de «ensino programado» com a extensão que permitem outros meios, isso não obsta a que certos conceitos metodológicos desse tipo de ensino não possam (devam) a plicar-se no tratamento do material que se destina ao aluno, seja ele impresso ou audiovisual.
Na realidade, tal já acontece nos sistemas de ensino à distância existentes. Haja em vista, por exemplo, a divisão dos «cursos» da UNED em «unidades didácticas» e estas, por sua vez, em «temas», com um programa definido de avaliações pessoais, a distância ou presenciais.
E) Actividades práticas.
Nos sistemas de ensino a distância, mormente nos que se baseiam fundamentalmente nos textos impressos e na correspondência, é corrente propor-se aos alunos «trabalhos práticos» que competem os textos puramente teóricos. Isto acontece com todos os saberes, mas tem especial relevância nas ciências da natureza e nas tecnologias. Esta necessidade tem levado os «criadores» de cursos deste género a inventar procedimentos variados, entre os quais se contam os pequenos laboratórios em miniatura que permitem ao aluno realizar no domicílio experiências básicas do âmbito das ciências da natureza e outras.
Não se comprovam ainda cientificamente as «instuições» de alguns pensadores que, na procura de um mais perfeito desenvolvimento autónomo da pessoa humana, têm posto em dúvida ou mesmo negado a legitimidade da intervenção intencional (institucionalizada) do educador (pais, professores, etc.) nesse processo. Prova-se que essa intervenção deve agir pedagogicamente de forma diferente, em estádios de grau de maturidade diferentes também, o que, tomando como termos de maturidade os níveis da infância, adolescência e juventude, levou Prohaska a falar em «pedagogia que está à frente», «pedagogia que está atrás» e «pedagogia à volta de uma mesa». Alterou-se profundamente a teoria fenomenológica dessa intervenção, de tal modo que para a pedagogia actual o «educador» não é mais um agente de educação ou da aprendizagem, mas um simples mediador de auto-educação e auto-aprendizagens. Não se prova, no entanto, que a radicalização da antinomia pedagógica que a própria relação contém, tenha ela que sinal tiver, seja o mais favorável, pelo contrário, ao desenvolvimento autónomo da pessoa humana.
Conclui-se, portanto, que toda a acção de tipo pedagógico, pelo menos até se provar o contrário, está mais ou menos dependente de uma «relação pessoal», influenciando a natureza dessa relação largamente os seus resultados.
Feitas estas observações, que ajudam a situar o problema, diga-se, antes do mais, que, como facilmente se deduz, no ensino a distância não desaparece a relação pedagógica, tão-somente passa a ter um meio (suporte, canal e lugar) diferente, o que poderá trazer (de facto traz) alterações nos «papéis» dos termos dessa relação.
Acontece, porém, que os efeitos da relação pessoal, dada a distância e, portanto, a impossibilidade de intercomunicação presencial, deixam praticamente de existir, o que parece ser mais prejudicial para o desenvolvimento da personalidade do que propriamente da aprendizagem. Tal inconveniente é, pelo menos parcialmente, minimizado por alguma ou algumas das soluções seguintes:
a) Activação da correspondência, tipo «consultório», e das emissões de rádio e televisão de tipo orientador;
b) «Tutores» que orientam o trabalho de um grupo de alunos de uma área, estabelecendo com eles contactos pessoais, em datas determinadas;
c) Criação de centros associados que proporcionam aos alunos contactos pessoais entre si e com professores e «tutores», biblioteca, material didáctico, de carácter experimental, etc.;
d) «Estágios» residenciais (convivências) no decurso do ano escolar ou, pelo menos, no fim deste;
e) O sistema de comunicação telefónica está também a ser muito usado como meio de obviar aos inconvenientes que resultam da ausência de relação pessoal no ensino a distância.
De todos os meios enumerados, os centros associados ou centros regionais têm-se revelado como a solução mais adequada para o problema. Os resultados obtidos pela Open University, pelo CNAM e pela UNED permitem afirmar que um verdadeiro sistema multimedia de ensino superior a distância tem necessariamente de os incluir. Faz-se-lhe referência especial no capítulo 4.º
Podiam recordar-se aqui, entre outras, a doutrina não directiva de C. Rogers e M. Kinget, a pedagogia «instrumentalista» de McLuhan, as teorias pedagógicas da psicanálise social francesa e inglesa e as pesquisas mais recentes da pedagogia psicanalitica sobre a teoria pedagógica da mudança e a escola (relação pedagógica) como lugar da mudança, onde se estudam as «mediações» pedagógicas como factores de mudança.