Deixando de parte observações sobre o funcionamento do sistema que aqui não vêm ao caso, anote-se, para finalizar, que o problema metodológico da utilização destes meios não reside na sua adição ou justaposição, mas na combinação adequada das características e vantagens de cada um, segundo os objectivos do programa em causa, como já se referiu.

3.3.2 - Metodologia especial.

Como antes se disse, trata-se aqui de procurar uma metodologia de desenvolvimento, ainda que esquemática, para um programa de formação em serviço de professores não qualificados académica e/ou pedagogicamente. É por conseguinte um problema de planeamento que pressupõe o levantamento das necessidades para definição dos objectivos, a programação dos meios para realização desses objectivos e a elaboração de modelos de funcionamento e de avaliação. Levantamento das necessidades.

Por inquéritos dirigidos aos professores-futuros-alunos e por exame dos dados existentes nas respectivas direcções gerais, deve fazer-se uma análise quanto possível exaustiva das necessidades. Feita esta, os objectivos do programa serão definidos tendo em atenção os seguintes factores principais:

a) Áreas de docência em que as necessidades forem maiores;

b) Peso que a falta de formação académica ou pedagógica tem na identificação das necessidades;

c) Exiquilidade prática, no que se refere a meios, do funcionamento do programa no total ou só em algumas das áreas de formação;

d) Em relação com o anterior, designadamente possibilidade de apoios regionais, quer humanos, quer técnico-didácticos, ao funcionamento.

Uma vez definidos os objectivo, há que programar os meios para a sua realização. Vale para este caso tudo o que se disse com respeito à metodologia geral. Reputa-se, porém, de grande importância, tratando-se de formação de professores, o recurso aos audio-visuais, que devem constituir matéria de aprendizagem obrigatória, como tecnologia educativa. Funcionamento.

Inventariadas as necessidades, definidos os objectivos e feita a programação dos meios, o programa está preparado para funcionar, podendo imaginar-se o seu desenvolvimento nas seguintes fases:

a) Divulgação, acompanhada eventualmente de algum questionário ou inquérito no sentido de estabelecer um primeiro rapport com os futuros utentes;

b) Inscrição, se possível precedida de entrevista com um conselheiro, de que constem dados muito explícitos e pormenorizados sobre o currículo anterior do aluno. O modelo das fichas obedecerá ao grau de mecanização que se vier a utilizar no seu tratamento;

c) Análise das inscrições pela comissão consultiva para os assuntos pedagógicos com vista a permitir ao conselho directivo repartir o trabalho pelos grupos de trabalho;

e) Distribuição de material de estudo aos alunos segundo um programa pré-estabelecido e pelos meios adequados. Avaliação.

Consideram-se dois tipos de avaliação: avaliação do trabalho dos alunos e avaliação do programa. Avaliação do trabalho escolar.

Em sistemas desta natureza, em que o feed-back é necessariamente diferido, o processo da avaliação deve ser convenientemente estudado, a fim de permitir ao aluno conhecer o nível de aprendizagem realizada se mesmo no ensino directo todas as teorias da aprendizagem concordam em que o «conhecimento dos resultados» constitui factor importante de incremento na aprendizagem, no ensino a distância um tal «conhecimento» torna-se obviamente mais importante.

Tal sistema realiza-se por métodos tais como: exercícios de autocomprovação podem acompanhar os textos, no fim de cada tema; provas a distância, com periodicidade determinada, corrigidas e anotadas pelas equipas docentes; provas objectivas ou de desenvolvimento, programadas de acordo com a natureza da matéria; provas presenciais, realizadas no fim do curso, por exemplo durante o estágio residencial, ou convivências, que deveriam servir também para uma ampla troca de impressões de carácter crítico sobre programas, métodos pedagógicos, experiências pessoais, resultados esperados e alcançados, etc., com vista à avaliação do sistema. Avaliação do sistema.

Um sistema desta natureza deve ser controlado desde início e a sua própria montagem deve prever os meios para esse efeito. Na verdade, se a correcção no ensino directo, pelo seu carácter de ensino presencial, pode ser facilmente realizada, não acontece o mesmo no ensino a distância e um erro de tipo metodológico ou operacional arrasta prejuízos incalculáveis. Por outro lado, o próprio carácter inovador do sistema em si aconselha precauções de controle experimental especiais, não só em função da sua gestão e administração como também pela necessidade de operar as renovações ou reconversões que o seu dinamismo intrínseco aconselhar, com vista ao seu aperfeiçoamento contínuo.