Acontece porém, que, para equacionar os problemas pendentes, é imperioso conhecer seguramente os dados de cada uma das permissas intervenientes no fenómeno.

De entre estas, realço o caso da pecuária metropolitana, e por que não dizer da pecuária nacional, visto que representa hoje, e sempre, sector de muita valia e interesse no quadro da nossa economia agrária.

Quer tenhamos em mente projectos de evolução de tipo nitidamente industrial, quer, tão-só, de empresa a nível familiar, o certo é que, sem um conhecimento preciso o aprofundado do valor numérico e funcional do efectivo, por espécies, pela sua distribuição regional e por possuidores, todas as soluções actualmente encontradas e possíveis mais não serão que especulações de ordem teórica.

Ora, tanto quanto sei, o País, mesmo, como disse, no seu consenso metropolitano, não dispõe, neste momento, do elementos válidos acerca desta matéria.

Como podemos encarar judiciosamente aspectos de programação linear e integração vertical da nossa pecuária de nem sequer sabermos com um mínimo de rigor do valor do rebanho nacional?

Sem este elemento de base, todos os índices de produtividade ligados u pecuária metropolitana sofrem forçosamente de erros e desvios acentuados, que por si só podem levar-nos em irmos de comparação estatística com outros países, a ocupai- lugares que, não serão efectivamente os nossos.

A quase totalidade dos programas e dos trabalhos de planeamento de feição pecuária assistam hoje no Arrolamento Geral de Gados e Animais de Capoeira de 1955, e eu pergunto se os elementos colhidos naquela data não terão sofrido nestes últimos catorze anos profundas e significativas modificações.

Em matéria de arrolamento de gados, temos, na verdade, um marco que define, não só a visão e o alcance dos políticos do seu tempo, como também o esforço e o desejo do progresso e de bem servir a economia do País, da classe médica veterinária daquela recuada época, a quem aqui gostosamente presto as minhas homenagens.

Refiro-me ao Recenseamento Geral dos Gados do Continente do Reino de Portugal de 1870.

De então para cá, fez-se em 1920 um arrolamento à escala continental de gado bovino, ovino, caprino c suíno, para em 1934, 1940 e 1955 se proceder a novos arrolamentos gerais mo continente e ilhas adjacentes.

Urge que, volvido um século, se proceda, não por razões meramente comemorativas, que neste caso eram por si só sobejamente válidas, e pertinentes, mas tão-sòmente porque o País necessita na verdade e por forma imperiosa de elementos válidos acerca do seu pegulhal, que se leve a efeito no próximo ano novo arrolamento geral de gados.

Se tal for feito, o Governo presta aos seus técnicos e a Nação relevante serviço.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

e V. Ex.ª preside a esta Assembleia com o mais elevado aprumo e com o mais forte sentido de dignidade cívica, de que V. Ex.ª já vem dando inequívocas demonstrações.

Pode V. Ex.ª contar com a minha - leal colaboração -, coexistente, aliais, com a independência que julgo indispensável ao exercício da função parlamentar, pois sem assa independência ficam frustrados os objectivos constitucionais deste- órgão da soberania.

Sr. Presidente: A imprensa diária de 29 de Dezembro último tornou público um comunicado das empresas de celulose (Caima, Celbi, Companhia Portuguesa de Celulose e Socel), no qual as mesmas informam o País de que todas constituíram uma sociedade com a denominação de «Madeiper e sob a firma «Organização Central de Abastecimento de Madeiras, Lda.», com o fim da aquisição das madeiras de pinho e eucalipto destinadas às firmas para o efeito associados, ou seja às ditas empresas de celulose.

E nesse comunicado dá-se nota que a Madeiper, na campanha do an o em envaso, estabeleceu, por estere, os seguintes preços: Para a madeira de pinho:

1) 213$50, com a entrega nos parques das fábricas;

2) 163$50, em pé na mato e com (transporte a cargo do vendedor;

3) E em pé na mata e com transporte a cargo do comprador, o mesmo preço de 163$50, com as deduções de $33, $35 ou $33 por cada estere-quilómetro, respectivamente, para distâncias até 50 km, de 51 km a 100 km e distâncias superiores a 100 km; 230$, com a entrega nos parques das fábricas;

2) 180$, em pé na mata e com transporte a cargo do vendedor; e

3) Em pé na mata e com transporte a cargo do comprador, o mesmo preço de 180$, com as deduções referidas para o transporte da madeira de pinho.

É indiscutível que a situação criada por esta actuação das empresas de celulose à lavoura nacional é manifestamente lesiva dos interesses desta.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Desapareceu praticamente a concorrência de várias firmas nas compras das madeiras próprias para o fabrico de celulose e, em vez dessas firmas em concorrência umas com as outras, surge agora um único concorrente a essas compras - a Madeiper -, a exercer monopólio no mercado consumidor dessas madeiras.