desejo de descobrir novos horizontes, a evasão que conduz a abandonar as encruzilhadas turísticas mais percorridas, favorecerão ainda as perspectivas dos Portugueses.

O Europeu - nomeadamente o homem do Norte- renova em si mesmo a nostalgia do sol, do calor, do céu azul, das praias de areias cintilantes e águas límpidas. Daí o prodigioso incremento do turismo de alguns países do Mediterrâneo. Daí ainda a oportunidade de Portugal reafirmar, nos domínios da expansão turística, a sua cantada vocação de «jardim da Europa à beira-mar plantado».

Poderemos agora acrescentar que as províncias ultramarinas, ligadas à metrópole, desenvolvendo um turismo apoiado, além do mais, na caça ou na pesca, ou servindo simplesmente as populações dos territórios vizinhos, oferecem igualmente largas perspectivas quanto ao seu futuro turístico.

Moçambique, mercê da proximidade da República da África do Sul, da Rodésia, da excelência das suas condições naturais e do esforço de alguma i niciativa privada, já hoje ocupa posição de certo relevo no turismo africano.

O seguinte quadro contém alguns elementos ilustrativos para o conhecimento do movimento turístico de Moçambique:

(a) Não inclui o turismo interno.

Fonte: Boletim, Mensal de Estatística de Moçambique.

Mesmo com as conhecidas imperfeições de contabilização, agravadas por «fugas» que se processam em termos incontroláveis, a balança de pagamentos de Moçambique acusou nos últimos anos os seguintes saldos positivos no capítulo do turismo:

Contos

Toda a costa de Moçambique é uma sucessão de praias maravilhosas (Ponta do Ouro, baía de Lourenço Marques, S. Martinho de Bilene, Sepúlveda, Závora, Vilanculos, Inhassoro, ilhas do Bazaruto e Santa Carolina, Beira, Pebane, Mossuril, Porto Amélia, etc.). Mas também as regiões interiores de meia altura ou de montanha concentram em si motivos atractivos turísticos (Namaacha, Tsetserra, Penha Longa, Milanje, Gurué, Ribaué ou Malema).

O Parque da Gorongosa, a reserva do Maputo, as várias coutadas com os Bafaria, os empreendimentos da região de Vilanculos, os conjuntos hoteleiros das zonas de Lourenço Marques, Beira e João Belo, a exploração das linhas da D. E. T. A., os serviços de táxis aéreos e voos não regulares revelam-se já hoje - e a enumeração não é naturalmente exaustiva - como infra-estruturas de interesse.

Tal como Moçambique, também Angola se poderá abonar com as suas riquezas cinegéticas. Acrescentará a elas a majestade de quedas de água, como as do Duque de B ragança, a estranha sedução do deserto de Moçâmedes, o inesquecível espectáculo da Tundavala, toda a formosura da zona de Sá da Bandeira, a sugestão edénica das regiões do café, a exuberância da vegetação do Maiombe ou do Congo Português, enfim o aprazível da própria actividade humana dê Luanda ou Nova Lisboa.

Poderíamos, de resto, salientar ainda a Guiné, com e seu matiz de raças e folclore, a beleza de Peeixe ou o ineditismo dos Bijagós; Cabo Verde, com o seu clima, as suas praias, o seu mar, tudo a poder competir com outras ilhas, já hoje descobertas e afortunadas para o turismo europeu; S. Tomé e Príncipe, com iguais potencialidades fundadas na sua natureza insular, numa vegetação edénica, numa aculturação de homens e plantas; Macau, nas suas já notórias possibilidades para determinado tipo de turismo, apoiado na especial situação da cidade e em importantes infra-estruturas; Timor, a dois passos de um Norte da Austrália pouco dotado pela Natureza e onde as populações sentirão o apelo de uma evasão para ambientes de incontável doçura e beleza.

Todo este potencial turístico do espaço português continua a recomendar uma intervenção em que será louvável:

1.º O levantamento de uma carta turística de todo o território, salientando o que há de mais válido e acessível num esforço de desenvolvimento e tendo em conta, sempre que possível, a oportunidade de interligações;

2.º Encarar a possibilidade de integração dos vários serviços que no espaço português se ocupam de turismo.

Naturalmente que um esforço de integração comportará fases e desenvolver-se-á nos variados sectores de intervenção turística.

Reconhece-se, desde logo, o interesse de uma colaboração íntima entre os serviços públicos que na metrópole e no ultramar se ocupam do turismo. Dentro do actual condicionalismo, um espírito destes poder-se-á revelar, por exemplo, na publicidade e propaganda de todo o espaço português no estrangeiro.

Por sua vez, o Conselho Nacional do Turismo poderia ganhar maior autenticidade e eficácia se nele se considerasse uma representação efectiva de todos os territórios portugueses.

Nos últimos tempos, o desenvolvimento do turismo na metrópole justificou toda uma intervenção legislativa do Governo, com o propósito de estimular as actividades ligadas ao turismo. Problemas relacionados com a indústria hoteleira, a preparação de pessoal, o crédito, etc., foram objecto de diplomas especiais. Parece agora recomendável estudar, tendo em conta os frutos da própria experiência metropolitana, a extensão de tais diplomas às províncias ultramarinas.

Outro aspecto será o da presença dos organismos corporativos ligados ao turismo nos vários territórios nacionais. Exemplifique-se com o Grémio Nacional de Agências de Viagens e Turismo. As agências de viagens actuam na metrópole e no ultramar; desenvolvendo-se entre elas intensa colaboração. Por outro lado, o Grémio tem representado o País em organismos ou reuniões internacio-