no turismo], de menor afluxo de turistas, de alterações na composição da corrente turística e de eventuais compensações operadas 35. Estes mesmos factos justificam que se proceda a uma análise atenta da situação, tanto mais que ao turismo foi conferido papel motor no processo de desenvolvimento em curso. Os problemas postos no número anterior sugerem que se avance um pouco mais, visando responder a duas questões: Como se terá processado o movimento turístico em 1969? Quais as tendências e possibilidades relativamente aos nossos mercados prioritários?

Os números disponíveis relativamente a 1969 e que foram facultados à Câmara pela Direcção-Geral do Turismo (Gabinete de Estudos e Planeamento), respeitam ao período de Janeiro a Outubro.

Resulta dos mesmos terem entrado em Portugal (metrópole) 2 464 521 estrangeiros, ou seja, mais 222 838 do que no mesmo período de 1968, verificando-se, portanto, um acréscimo de 9,9 por cento.

O movimento, segundo as fronteiras, foi o que consta deste quadro:

Se, por outro lado, se atender, no mesmo período, à evolução registada relativamente aos nossos mercados prioritários (em número de turistas), poderemos chegar ao seguinte apuramento:

(a) O total dos entrados por mar foi de 165 696, dos quais 148 424 em trânsito.

(b) O total dos entrados por mar foi do 48 235, dos quais 47 077 em trânsito.

Fonte: Direcção-Geral de Turismo (Gabinete de Estudos e Planeamento), dados susceptíveis de correcção pelo Instituto Nacional de Estatística.

Qual o interesse destes mercados prioritários e como se desenvolverão no futuro relativamente ao nosso país?

Será estultícia pretender alinhar afirmações muito decisivas nestas matérias. Ainda assim, porém, afiguram-se oportunas algumas observações.

Espanha. - É de longe o país que fornece a Portugal o maior número de visitantes (1 344 000 em 1968), embora seja maior o número de portugueses (turistas e excursionistas) que vão a Espanha (1 490 000 em 1968).

Nos últimos tempos parece verificar-se uma diminuição, embora pequena, no afluxo dos espanhóis (- 3,9 por cento entre 1968 e 1967). A desvalorização da peseta poderá ter contribuído para isso.

Se a média de permanência dos espanhóis é baixa e a despesa por turista (a maioria deles são excursionistas) é modesta, revela-se, contudo, o interesse da sua presença pelo bom índice de amplitude sazonal (40 por cento dos espanhóis que nos visitam fazem-no nos trimestres de Inverno) e pela sua repartição - por zonas do interior do continente, ou seja, aquelas que menos beneficiam com o turismo de outras proveniências.

Reino Unido. - Os números relativos à entrada de ingleses no nosso país, embora acusem um sensível acréscimo (289 000 em 1968, ou seja, mais 13,4 por cento do que em 1967), estão muito longe dos de outros países (a Espanha recebeu, em 1968, 2 285 000 ingleses, a Itália 1 514 000 e a França 1 300 000 possuidores de passaporte britânico). Não será exagero afirmar que Portugal não chega a receber 4,5 por cento dos cidadãos britânicos que passam as suas férias no estrangeiro.

No entanto, os turistas ingleses, pela duração da sua permanência no país visitado (10 noites, em média), pelos elevados gastos, pela categoria dos alojamentos que procuram e pela distribuição das suas entradas ao longo do ano, são dos mais desejados.

A oportunidade de persistentes campanhas de promoção nas ilhas britânicas continua na ordem do dia, mesmo quando a política restricionista do Governo Trabalhista, aliás agora mais aliviada, poderia inculcar um insucesso. Tais medidas não têm, como é óbvio, carácter permanente nem geram impossibilidade total de saída.

Estados Unidos da América. - Em 1968 entraram em Portugal 236 000 norte-americanos, ou seja, apenas mais 1,2 por cento do que no ano anterior. Os números atrás referidos, quanto aos dez primeiros meses de 1969, revelam um notável aumento (+ 30,9 por cento do que em igual período de 1968).

A melhoria nas condições de exploração dos transportes aéreos ajudará a incrementar o afluxo dos norte-americanos.

34 Le Tourisme dans les Pays de l'OCDE - 1969, p. 24.

35 Banco de Portugal, Relatório Anual de 1968, pp. 136 e 137, do vol. I.