minha resoluta decisão de realizar tudo o que estiver ao meu alcance para a promoção da causa nacional que resulta do desidrato comum a todos os portugueses de todas latitudes, procurarei a todo o custo defender o Estado Português da Índia como parte integrante do corpo, da alma e da vivência de Portugal e, com a mesma intensidade, darei o meu mais completo apoio aos portugueses da Índia nas suas justas reivindicações e no reconhecimento dos seus direitos, onde. quando e sempre que necessário.

E o que me falta em eloquência será suprido pela sinceridade, pela verdade e pela vontade de servir a Nação, que informarão todas as rainhas atitudes nesta Câmara.

A Índia Portuguesa é fulcro da história de Portugal e cúpula dos seus mais gloriosos cometimentos;

Embora sujeita a um ignóbil jugo e a uma tentativa de autêntico genocídio que procura aniquilar o seu patriotismo e se afadiga por .se locupletar da riqueza da inconfundível personalidade do seu povo e da sua cultura, entalhadas por quase meio milénio de civilização luso-oriental e valorizada pela interpenetração de valores que ali se processou;

Embora desde a espoliação se lhe venha forçando o estranho condicionalismo do opressor que deslustra aquela pequena jóia, empanando-a com o seu amontoado de gentes aos milhões e com o seu emaranhado inextricável de promiscuidade humana, de opulência e de miséria, de motins, de forno, de ódios inter-religiosos, de salários de penúria e de corrupção;

Embora cerceada da língua que fez sua - a mesma de Camões -, utilizada no dia-a-dia, pelo seu povo e enaltecida pelos seus poetas e prosadores;

Embora cruéis acontecimento atentem contra a dignidade, e o prestígio que os núcleos goeses têm grangeado Mundo fora. precisamente por serem distinguidos e distintos, pelo facto de serem portugueses:

A Índia Portuguesa não morreu, nem morrerá. Presente na Nação e representada nesta, magna Assembleia, ela viverá enquanto bater no peito um único coração de portugueses da Índia que a Pátria e a História criaram e a Pátria e a História hão-de defender como seus filhos primogénitos que são.

Por isso, aqueles que vivem no cativeiro e os que imperativos de ordem económica obrigaram a labutar em terras estranhas arrostam torturantes dificuldades, mas mantêm os corações depositados na Pátria e volvem os olhos esperançados para esta Assembleia, na certeza de que a sua causa não será esquecida e na perene ânsia de um acontecimento que permita a reintegração de Goa, Damão e Diu no seio da família lusa, onde ocupam um lugar de eleição, por motivos que se enraízam profundos na nossa história.

Não se julgue que a reparação do agravo à soberania portuguesa e a restituição dos seus legítimos direitos é causa absolutamente perdida ou ficção política: trata-se de uma perspectiva que não deixa de ter fundamento, pois, não obstante aparentar-se como empreendimento incoerente perante um fait accompli, nenhum lapso de tempo pode dar validade ao crime de ocupação e, mesmo antes das quatro décadas do cativeiro da Babilónia e depois do longo período que conduziu à Restauração de 1640, há bastos exemplos de justiça, anos demorada, mas que acabou por aflorar, apesar das mais negras perspectivas.

Nem a Nação nem esta Assembleia poderão permanecer indiferentes à posição nada invejável em que a imoralidade política internacional colocou aquelas parcelas e os seus habitantes, pois. com a funda da razão e do direito na nossa mão, impõe-se-nos a grave responsabilidade de continuar a desenvolver esforços, de atiçar a consciência dos povos e de aproveitar toda e qualquer oportunidade e os mais pequenos motivos para promover a devolução dos nossos direitos.

Enquanto - como afirmou Salazar - houver a réstia de esperança que pode entrever-se nesse vivo despertar da consciência do mundo ante os conluiados nos atropelos à paz e à soberania alheia, no sentido de serem revistos a tempo os métodos característica profundidade e concisão, a atitude de Portugal perante a ocupação, tendo assegurado que seriam bem recebidos em qualquer ponto do território nacional os que quisessem subtrair-se às inevitáveis consequências da invasão, como reconhecimento da inquestionável e completa cidadania aos Goeses, independentemente até da hipótese, que referiu, de lhes vir a caber dupla nacionalidade - isto decerto como mais uma arma para combater a afronte cometida, como mais um meio do conservar uma riqueza da Nação do mais elevado quilate e ainda, como técnica para o possível retorno efectivo, daqueles territórios à Mãe-Pátria, a qualquer tempo.

Bem agiu, portanto;, na última reunião do Conselho de Segurança, o Dr. Bonifácio de Miranda - mais um ilustre português, daquela plêiade com que Goa brindou a Nação -, ao atirar novamente à face da consciência internacional as palavras de que se servira Adiai Stevenson, então representante dos Estados Unidos da América, para realçar as incongruências existentes nos órgãos superiores da O. N. U. quando se referiu à invasão de Goa, como podendo ser o primeiro acto de um drama que poderá encerrar com a sua morte.

É na verdade um drama que continua a ser vivido e que toca no nosso íntimo, cujo desfecho resultará da nossa persistência em mantermos a posição vertical e irredutível que desde logo assumimos, e nunca de um vil conformismo.

A Nação recusa-se terminantemente em se curvar à violência e o nosso não estende-se de igual forma e por idênticas razões a qualquer parcela do nosso território, sejam os cobiçosos pseudo pacifistas, sejam terroristas doutrinados, armados e apoiados por países estrangeiros, comunistas ou não, utilizem de verborreia mentirosa nos areópagos internacionais ou recorram eles a armas traiçoeiras de guerra para atingirem os seus fins.

Essa recusa nobilitante e heróica é a mesma que hoje defende o Portugal africano que Goa outrora ajudou a forjar com os seus heróis, missionários, soldados, letrados e gente do povo, cujos filhos nesta hora compartilham com os seus irmãos de outras parcelas do território na-