totalidade das importâncias orçamentadas para as obras a executar.

E, se não forem aumentados os seus meios de acção, através das medidas apontadas e de outras, certo é que muitas câmaras do distrito de Vila Real não poderão aproveitar as comparticipações do Estado, pela simples razão de não conseguirem, nas suas receitas, as percentagens com que lhes cabe contribuir - o que sucede, aliás, em muitos outros municípios do País.

Mas... levará o seu tempo, evidentemente, a concretização das providências a adoptar, no sentido da melhoria, que se impõe, da situação financeira daqueles corpos administrativos.

Levará igualmente o seu tempo a elaboração do indispensável plano de desenvolvimento que interessa à minha zona, mesmo que lhe seja atribuída, como se espera, a urgência que lhe confere a circunstância de se tratar da sub-região mais pobre do continente - plano em que logicamente depositamos todas as nossas esperanças.

E, entretanto, é forçoso agir, pelo que me permito solicitar a atenção do Governo para as medidas a seguir mencionadas, que podem ser tomadas já e que antecipariam, digamos, a execução do plano de desenvolvimento a elaborar:

essenciais à sua promoção - electrificação, abastecimentos de águia, estradas, e caminhos -, tomando na devida conta que, por se tratar de uma região extraordinariamente montanhosa, a construção das vias rodoviárias é ali muito mais dispendiosa do que noutras zonas do País, e atendendo a que são muitíssimos os aglomerados ainda sem água, de entre os quais saliento as povoações dos concelhos de Vila Real, Santa Marta, Peso da Régua e Mesão Frio, que terão, julgo eu, de ser abastecidas a partir de uma barragem a construir no rio Corgo, e as povoações do concelho de Vila Pouca de Aguiar, a servir também através de uma barragem, esta a construir no Alvão - obra dispendiosa, é certo, mas absolutamente necessária -, e que permitirão ainda, a segunda, pelo menos, beneficiar extensas áreas de terrenos, transformando-os em regadios.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - 3.º Possibilitar-se à Comissão Coordenadora de Obras (c) Melhoramentos Rurais do Nordeste, criada pela Portaria n.º 22 901, de 15 de Setembro de 1967, precisamente para atender ao atraso que se verifica nos cinco distritos que formam o Nordeste do País, e entre os quais se conta o de Vila Real, possibilitar-se à Comissão do Nordeste, repito, e através de dotação

suficiente, ir em auxílio das câmaras municipais mais necessitadas, concedendo-lhes os subsídios que lhes permitam aproveitar as referidas comparticipações para melhoramentos rurais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Aqui deixo, a traços muito largos para não abusar da benevolente generosidade de VV. Ex.ªs - a fisionomia económica do distrito de Vila Real e a indicação de alguns dos seus problemas básicos, paira os quais confiadamente os meus representados aguardam as soluções convenientes, especialmente através das iniciativas que, no âmbito da política regional, o Governo se propõe tomar durante a execução do III Plano de Fomento.

Por imperativo de consciência e por força do mandato que me conferiram os eleitores do meu círculo, aqui voltarei a tratar, mais pormenorizadamente e por sectores, dos assuntos de Vila Real e seu distrito, tema que será o preferencial das minhas intervenções nesta Assembleia, com vista à "participação mais ampla e mais justa de todos os portugueses nos frutos do progresso", que razões de justiça social impõem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E faço-o com a consoladora esperança de que as minhas palavras encontrem a justiça que merecem por parte do Governo, e em especial do Sr. Ministro das Obrais Publicas, a quem presto, a terminar, a homenagem que justamente lhe é devida pelo distrito que aqui represento.

Assim o mandam a verdade e a honra.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Salazar Leite: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Hesitei, confesso que hesitei, durante algum tempo, se deveria ou não transmitir-vos o que se impunha ao meu espírito; resolvi fazê-lo, certo de que ninguém interpretará mal o que só representa admiração e reconhecimento pela obra que o comandante Sacramento Monteiro soube levar a cabo em sete anos de governadoria de Cabo Verde.

Em determinado período da vida, quando o desejo de mais produzir é contrariado pela fuga, cada vez mais rápida, do tempo à nossa frente, assalta-nos o receio de não ver realizado o que sonhamos e que, por vezes, já se equacionou; é, talvez, um sentimento condenável, porque, em princípio, não devemos pensar em nós, mas nos que se nos seguirão, mas tem, em contrapartida, algo de benéfico:

É natural que esteja nesta atitude o meu querer, cada vez mais forte, pelas terras de Cabo Verde e pela sua gente;

É natural que nessa atitude encontre a força para, sempre que possível, levantar problemas, estudar soluções e ajudar tudo de que possa advir progresso e bem-estar;

É natural que se baseie nessa atitude a admiração e estima pelos que algo realizam nesta senda de progresso - admiração pela capacidade e esforço que se traduzem numa obra, estima pelo reconhecimento da forma inteligente e humana como ela foi realizada.