rem tomadas todas as medidas e empregados todos os esforços com o objectivo de evitar a chacina de populações inocentes e organizar uma mais eficiente operação de socorro para procurar minorar, quanto possível, o seu sofrimento" (nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros, publicada nos jornais do dia 18 de Janeiro de 1970).

Julgo interpretar o sentir dos Srs. Deputados propondo que nos associemos ao Governo neste veemente apelo à consciência do mundo civilizado, para que o monstruoso crime de extermínio de milhões de seres humanos não seja consumado.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei - sobre o desenvolvimento da região de turismo da serra da Estreia.

Tem a palavra o Sr. Deputado Gaspar de Carvalho.

O Sr. Gaspar de Carvalho: - Sr. Presidente: Ao usar pela primeira vez da palavra na Assembleia Nacional, cumpro gostosamente o dever de apresentar a V. Ex.ª respeitosos cumprimentos de muita consideração e apreço - dever que não é, porém, meramente protocolar, antes traduz a sincera admiração que tributo à pessoa de V. Ex.ª, pela sua inteligência, pelo seu aprumo, pelas tantas qualidades de que é dotado e em que o encanto do trato não é, certamente, a menor.

Espero que V. Ex.ª me conceda permissão para transmitir a todos os colegiais, com os protestos da mais leal camaradagem, as minhas cordiais e afectuosas saudações, extensivas aos ilustres representantes dos órgãos da informação, a cujo labor presto as devidas homenagens e aos quais agradeço o interesse e a atenção com que sempre acompanham os trabalhos desta Câmara, dando ao País a imagem, tanto quanto possível fiel, do que se passa aqui.

Sr. Presidente: A proposta de lei em apreciação é, para a região que represento, de importância muito maior do que o seu articulado traduz.

Como se acentua no parecer da Câmara Corporativa, documento notável que honra o seu ilustre autor, a serra da Estrela constitui, no panorama turístico português, caso único, desfrutando de potencialidades ainda muito longe de serem avaliadas em toda a sua extensão. Desde a pureza do seu ar e das suas águas, do deslumbramento das suas variadas paisagens, da sua típica cozinha e da doçaria regional, do seu característico folclore, às possibilidades piscatórias, à riqueza cinegética, ao valor das suas fontes termais, ao desporto da neve - que sei eu! -, tudo se encontra, e em abundância, neste abençoado rincão da terra pátria.

Mas, infelizmente, toda esta imensa riqueza se mantém, na prática, abandonada, inútil, sem o menor significado na economia nacional. Nem, a meu ver, é possível planear um programa racional e completo, destinado ao aproveitamento integral de tão grande soma de possibilidades latentes, sem que o Estado nisso intervenha activamente; nenhuma empresa poderá, na verdade, abalançar-se, por si só, a empreendimento de tais dimensões, embora seja de presumir, e altamente desejável, que a iniciativa e os capitais privados se associem à sua concretização.

Ora a proposta de lei em discussão poderá bem ser o ponto de partida para a valorização turística da serra da Estrela, a alavanca que demova a montanha da inércia de que nós todos somos culpados, o abrir do caminho para o futuro prometedor.

Mais do que o problema do teleférico, o que, quanto a mim, está em causa é, pote, o complexo turístico da serra da Estrela, nos seus variados aspectos e até nesta faceta - de se tratar, caso talvez sem paralelo no País, de zona dei turismo para qualquer época do ano: no Inverno e na Primavera, com o espectáculo da neve e do gelo e a prática de esqui; no Verão e aio Outono, com a limpidez dos seus horizontes e das águas das suas lagoas, das suas barragens, dos seus rios e ribeiras, a actividade cinegética e piscatória, os estabelecimentos termais, etc. Turismo de todo o ano, onde, senão ali, se poderá fazer?

Não é agora ocasião de traçar o quadro do que, se todos quisermos, deverá ser, em tal capítulo, o futuro da região serrana, o qual está nas nossas mãos construir. Aliás, a Câmara Corporativa esboça-o a traços bem nítidos e vincados.

Desejarei, todavia, observar que é pura ilusão continuar a excluir da zona de turismo da serra da Estrela parcelas que, no ponto de vista geográfico e humano, nela se integram, nomeadamente; o concelho de Celorico da Beira e, em especial, a Guarda, que é, sem dúvida, a verdadeira porta de entrada da serra. Manter tal situação é ignorar as realidades e, portanto, falsear, desde o princípio, as bases de estudo, e, consequentemente, comprometer de antemão as soluções que venham a ser adoptadas.

No que, concretamente, respeita ao teleférico, penso que é agora inoportuno discutir se a sua instalação é, ou não, aconselhável.

Porque os factos são estes: bem ou mal, vão gastos 15 000 contos, que serão em pura perda se se não der seguimento à obra; as torres de sustentação estão implantadas, à espera que sirvam o fim a que se destinam, e os maquinismos vão-se deteriorando por falta de uso. Não concluir a obra, manter o estado actual é, a meu ver, situação que não prestigia ninguém.

Entendo, pois, que é ide aplaudir a iniciativa ide levar os trabalhos ao seu termo, mesmo com o risco de a exploração, nos primeiros tempos, se não mostrar compensadora.

A este propósito convém, todavia, lembrar que o teleférico, único em Portugal, será sempre um pólo de atracção, quer para os praticantes de esqui, em número crescente por toda a parte, quer mesmo para os que, não o sendo, de Verão ou de Inverno queiram ter a oportunidade de experimentar um meio de transporte diferente dos habituais e de gozar as delícias das alturas e vistas panorâmicas impossíveis de