Foi lida. É a seguinte:

O Sr. Presidente: - Vai proceder-se à chamada para a eleição.

Fez-se a votação.

O Sr. Presidente: - Responderam à chamada 122 Srs. Deputados. Está, pois, concluída a votação.

Vai proceder-se ao escrutínio. Convido para escrutinadores os Srs. Deputados Albano Vaz Pinto Alves e António Lopes Quadrado.

Procedeu-se ao escrutínio.

O Sr. Presidente: - Entraram na uma 122 listas, das quais 80 sem alterações e 42 com alterações. Feito o apuramento, o resultado da eleição é o seguinte:

Para Presidente, o Sr. Deputado Carlos Monteiro do Amaral Netto, com 107 votos; para 1.º Vice-Presidente, o Sr. Deputado José Guilherme de Melo e Castro, com 90 votos; paru 2.º Vice-Presidente, o Sr. Deputado Armando Júlio de Roboredo e Silva, com 120 votos; para 3.º Vice-Presidente, o Sr. Deputado João Ruiz de Almeida Garrett, com 116 votos; para 1.º Secretário, o Sr. Deputado João Nuno Pimenta Serras e Silva Pereira, com 117 votos, e para 2.º Secretário, o Sr. Deputado João Bosco Soares Mota Amaral, com 119 votos.

Proclamo, consequentemente, eleitos para os cargos para que foram efectivamente designados os Srs. Deputados cujos nomes acabei de mencionar.

Pausa.

O Sr. Presidente: - São para V. Ex.ª, Sr. Eng.º Amaral Netto, as minhas primeiras palavras. Palavras de muito sinceras felicitações, pela confiança que o nome de V. Ex.ª mereceu à Assembleia,, confiança essa significativamente expressa na votação que acaba de fazer-se e de ardentes votos pelo êxito da alta missão que em boa hora lhe foi confiada. A sua larga experiência parlamentar, a sua dedicação a esta instituição, a lucidez da sua inteligência, a serenidade do seu temperamento e espírito, são garantia segura de que V. Ex.ª vai ter efectivamente um feliz mandato. Para tanto, confio no sentido de responsabilidade de todos nós, na compreensão da delicadeza, das suas funções, para assim tornarmos menos pesado o cargo que quisemos cometer-lhe.

Recordo que em acto idêntico a este, só com a diferença de que o empossado de então era eu, um Deputado, que era ao mesmo tempo um distinto oficial da nossa marinha de guerra, acabou as palavras que me dirigiu dizendo que me saudava à velha maneira da marinha de guerra portuguesa: «saúde e boa sorte». Permita-me V. Ex.ª que repita neste momento as palavras desse ilustre marinheiro já desaparecido do número dos vivos, desejando-lhe de .todo o coração, e interpretando o sentir de toda a Assembleia, que tenha muita saúde e boa sorte.

Srs. Deputados: Felicito á Assembleia pelo acerto da escolha por ela feita. Cabe-nos agora a todos concorrermos para que efectivamente o novo Presidente da Assembleia Nacional, no exercício do seu espinhoso cargo, tenha a nossa incondicional colaboração e possa contar com o nosso sentido de disciplina.

O meu pensamento voa neste momento para a memória do Prof. Doutor Mário de Figueiredo, que, durante oito anos, dirigiu os trabalhos desta Assembleia e que a morte impiedosamente roubou ao nosso afecto e aos grandes serviços que, com a sua inteligência e patriotismo, podia ainda dispensar a esta Casa e ao País. Mas prevejo que V. Ex.ª, Sr. Eng.º Amaral Netto, não deixará de em nome da Câmara, traduzir o sentimento que a todos neste momento nos domina em relação à memória do Prof. Doutor Mário de Figueiredo, e por isso não acrescentarei mais nada, como tanto desejava.

Mas quero ainda, em breves palavras, fazei referência a um facto também impressionante ocorrido nesta Casa. Refiro-me à ausência nesta sala do velho parlamentar Dr. Paulo Cancella de Abreu, e o nome dele é-me sugerido porque exactamente .durante bastante tempo presidiu aos actos preparatórios de várias legislaturas. A sua ausência nesta sala, Srs. Deputados, é para mim motivo de profundo pesar, já porque fiquei privado da sua velha e dedicada camaradagem, já porque tal facto põe em evidência o triste jus do meu direito a encontrar-me agora neste lugar. Velho parlamentar, intrépido soldado do seu ideal, espírito generoso com os adversários, embora intransigente nos seus princípios, o seu desaparecimento desta sala não pode deixar de trazer, a mim especialmente, uma profunda emoção, e estou convencido de que despertará em VV. Ex.ªs um sentimento de respeito por um homem que soube, durante mais de cinquenta anos, nesta Casa, conquistar a admiração, não apenas dos correligionários, mas também dos próprios adversários.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs, Deputados:- Vou descer deste lugar, a que só a prioridade de nascimento me elevou por momentos. Vou descer deste lugar para o meio de VV. Ex.ªs, onde me é mais grato estar. Vamos iniciar uma sedutora e aventurosa viagem de quatro anos. Estou convencido de que durante essa viagem teremos, porventura, as nossas divergências. Eu sou absolutamente impenetrável e irredutível aio espírito de facção. Sou por temperamento compreensivo das atitudes e intenções alheias. Estou convencido, Srs. Deputados, de que ao longo dessa viagem poderemos divergir, mas, certamente no essencial, manteremos a fraternidade do mesmo ideal. Espero que assim seja, para o que conto com a boa vontade, sentido de responsabilidade e compreensão de todos nós.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Nesta altura o Sr. Presidente levantou-se o com ele toda a Assembleia.

O Sr. Presidente: - Convido o Sr. Deputado Amaral Neto a assumir a presidência da Assembleia Nacional.

O Sr. Deputado Amaral Neto assumiu a presidência.

O Sr. Presidente: - Convido os Srs. Secretários eleitos a ocuparem os seus lugares na Mesa.

Os Srs. Secretários ocuparam os seus lugares.

O Sr. Melo e Castro: - Peço a palavra.