Lourenço Marques, para mais afastada dos grandes centros produtores de matérias-primas existentes na província.

Acresce que as condições excepcionais do porto de Nacala podem permitir uma fácil exportação de tudo o que nessa zona interior se produzir, a que se deverá acrescentar o porto de longo curso que; tem de ser estruturado para a saída dos produtos da zona de influência e expansão do rio Zambeze, que se prevê explosiva após a construção de Cabora Bassa.

O conjunto de circunstâncias existentes nos dois distritos referidos impõe essa zona como um dos grandes pólos de desenvolvimento a incentivar com toda a urgência, criando-se as infra-estruturas indispensáveis.

Mas uma última razão, e das mais válidas, indica a execução urgente do planeamento para o desenvolvimento dessa região.

E nos distritos situados a norte dela que as actividades terroristas se manifestam.

A criação na sua retaguarda de uma zona altamente desenvolvida e ocupada impedirá com maior eficácia eventuais (infiltrações e permitirá um avanço dessa mesma ocupação para o norte, indispensável para a pacificação integral da região.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - A instalação de indústrias na zona referida, de completa calma e sossego, irá permitir, pela sua proximidade, o aproveitamento nas melhores condições económicas de tudo o que se produzir nas regiões mais ao norte, que progressivamente irão sendo ocupadas pelo povoamento, indispensavel para uma ocupação efectiva e duradoura.

E a fixação, lado a lado, de agricultores europeus e nativos, além de possibilitar a gradual substituição das forças militares e a produção de riqueza tão necessária, pode permitir que seja bastante diminuída a saída de muitos portugueses válidos que no estrangeiro buscam melhores condições de vida.

Assim, a ideia base do desenvolvimento em Moçambique deverá ser «paira o norte e em força», procurando desenvolver a instalação de indústrias nos distritos da Zambézia e de Moçambique, realizando as estruturas base das comunicações e fontes de emergia, e dali partirem vias de comunicação asfaltadas, sempre para o norte, que permitiam o escoamento das produções dos centros de povoamento organizados e a movimentação, com menores riscos e maior mobilidade, das forças armadas que lutam pela integridade nacional.

Nos últimos tempos algo se tem feito no sentido de dotar as zonas- de maior perigo de estradas asfaltadas, mas é preciso mais e (melhor, e acompanhar tal penetração de um desenvolvimento económico na retaguarda que assegure e consolide a ocupação efectiva e a pacificação que todos desejamos.

Do Governo esperamos o prosseguimento sem desfalecimento e um maior incremento da política iniciada.

Dos particulares ligados à indústria, que não receiem investir em Moçambique e especialmente nas zonas que acabei de referir e que têm possibilidades de lhes restituir elevados rendimentos. Para isso, um apelo lhes dirijo. Visitem as províncias ultramarinas, apreciem localmente todas as potencialidades latentes e as já em franco aproveitamento e decidam-se, sem receios infundados quanto ao futuro da comunidade nacional como um todo.

É imperioso que o ultramar seja vivido como uma parte que é da Nação Portuguesa, mas para isso indispensável é conhecê-lo.

Há pouco tempo que S. Ex.ª o Governador-Geral de Moçambique, Dr. Baltazar Rebelo de Sousa, foi chamado a exercer funções ministeriais.

Conhecedor dos problemas que afectam a província, designadamente dos das zonas a norte do Zambeze, a eles votou um interesse realizador.

Posso assegurar que as populações dessa vasta região sentiam perfeitamente a sua notável actuação, e por ele ficaram nutrindo grande afecto e profundo respeito, vendo-o partir com desgosto.

Todavia, o prestígio pessoal do novo governador-geral nomeado e «; notável acção desempenhada em cargos de elevada responsabilidade política fazem com que nele sejam depositadas as maiores esperanças.

Para S. JEx.ª vão, pois, os meus votos, e os de todos os moçambicanos, de melhores êxitos, para bem de Moçambique e de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

muitas violências e arbitrariedades dos invasores, poupando vexames, sacrifícios e até a vida a numerosos compatriotas seus. A sua figura nobre e intrépida é um dos símbolos da magnífica epopeia - bem pouco conhecida, apesar de tudo- que foi o comportamento das gentes de Timor durante a última guerra.

Parece, por vezes, esquecer-se que Portugal também sofreu duramente na sua carne a Segunda Guerra Mundial. O 25." aniversário da libertação da província ocorrerá em Setembro próximo e por isso me pareceu não dever dissociar aquela efeméride da lembrança desta provação dolorosíssima, durante a qual o povo timorense deu a mais sublime, a mais oabal e a mais indesmentível prova de autodeterminação que pode pedir-se, mesmo quando o poderio do invasor se apresentava em toda a sua pujança e a força das nossas autoridades se desvanecia.

Fácil, e até cómodo, lhe seria renegar a bandeira que ali flutuava, se ela não estivesse bem firmada no seu coração.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Artur Canto Resende, açoriano de origem, era, em 1941, um simples engenheiro geógrafo em serviço na Missão Geográfica de Timor, sob a chefia de Jorge Castilho. Chegara ali havia quatro anos.

Com uma carreira prometedora, com funções que lhe não davam quaisquer responsabilidade(r) políticas ou administrativas, poderia limitar-se a escutar a voz doe seus