Cruz na sessão de 26 de Janeiro, e os elementos e publicações fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística, em satisfação do requerimento apresentado pelo Sr. Deputado Correia da Cunha na sessão de 27 de Fevereiro. Vão ser entregues àqueles Srs. Deputados.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra para um requerimento o Sr. Deputado Linhares Furtado.

O Sr. Linhares Fartado: - Sr. Presidente: Pedi a palavra para enviar para a Mesa o seguinte

Requerimento

Nos termos regimentais e a fim de preparar uma intervenção ma Assembleia Nacional, roqueiro ao Governo que me sejam fornecidos elementos sobre:

1.º Fase em que se encontra o problema da construção do Hospital Escolar de Coimbra;

2.º Qual o contributo solicitado ou a solicitar aos directores dos diferentes serviços, na elaboração das estruturas do futuro hospital;

3.º Rendimento assistência! nos três hospitais universitários da metrópole e custo da assistência por doente em cada um deles;

4.º Destino e utilidade das folhas diárias de internamento dos hospitais;

5.º Quais as medidas previstas para, a curto prazo, melhorar as instalações e condições de internamento e de trabalho nos actuais Hospitais da Universidade de Coimbra.

O Sr. Franco Nogueira:-Sr. Presidente: Saúdo e cumprimento V. Ex.ª e saúdo e cumprimento os Srs. Deputados. Pela primeira vez tomo hoje à Assembleia alguns momentos para me ocupar de matéria cuja actualidade é por todos reconhecida. Basta atentar no debate em curso em círculos económicos, industriais e outros, e na imprensa. Refiro-me ao problema da Europa e da Nação Portuguesa em face daquela. Ninguém, decerto, procura apoucar a dificuldade e a importância das interrogações que, quanto a este assunto, se podem formular, e, por isso, parece legítimo que cada um de nós queira oferecer a contribuição que lhe for possível. E julgo, Sr. Presidente, que a primeira preocupação de todos deverá ser a de situar o problema com a possível claridade. E direi desde já, com risco de afirmar o óbvio, que me parece ser a realidade portuguesa o primeiro factor essencial a ter em conta: a nossa realidade como nação, como povo e como destino. As demais realidades existem para além de nós, e não europeia.

Em primeiro lugar, temos apenas um só vizinho, e esse é e será sempre mais forte, mais rico, mais vasto que a parte europeia de Portugal. Salva a Inglaterra e a Irlanda, que são ilhas, nenhuma outra nação europeia se encontra na mesma situação. Isto quer dizer que nos está vedada a faculdade de nos defendermos da eventual pressão ou hostilidade de um vizinho procurando apoio noutro ou noutros. Se fôssemos fracos, estaríamos u mercê de uma só força.

Em segundo lugar, nós não somos um daqueles países europeus cuja independência está automaticamente assegurada pelo jogo de interesses e pelas exigências estratégicas dos grandes europeus. Uma Bélgica, uma Holanda, uma Suíça, e outros, têm a sua independência garantida pelas necessidades de equilíbrio de forças entre as três ou quatro maiores potências da Europa. Não é esse o nosso caso: para a Europa é irrelevante que a Península Ibérica seja politicamente unitária ou dividida.

Por fim, temos de estar con scientes de que, no nosso território europeu, não temos os recursos, a área, a população que nos permitam ser vítimas de uma guerra europeia e sobreviver-lhe, no caso de pertencermos à coligação vencida. Uma Alemanha ou uma França podem ser forçados a um conflito, e perdê-lo, e sofrer as mãos do vencedor: mas serão sempre o povo francês e o povo alemão. Não é também esse o nosso coso: não temos no Europa, enquanto metrópole, suficiente individualidade e tipicidade para sobreviver a um conflito de que saíssemos derrotados.

O Sr. Correia da Cunha: - Não apoiado!

O Orador: - Se tudo isto é assim - e creio que quanto a estes factos não pode haver divergência, porque correspondem a realidades geográficas e físicas inegáveis -, teremos de concluir que a nossa força de resistência apenas podemos ir buscá-la fora e além da Europa, e esta consideração conduz-nos hoje e no futuro, como sempre nos conduziu no passado, ao ultramar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Neste, em conjunto com este, numa posição paritária e de completa igualdade, pode o território português europeu ver garantida a sua segurança e assente o seu futuro, como é na unidade com a metrópole que o ultramar pode encontrar as maiores garantias do seu desenvolvimento e de se eximir ao domínio de imperialismos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Perante esta realidade, erguem hoje alguns o pendão da Europa. Para esses a Europa vai unir-se no plano económico e no plano político: vai integrar sem fronteiras e sem soberanias, como se fosse um só Estado: vai ser uma unidade homogénea, consistente e solidária: vai ser um continente próspero e opulento: e nós, Portugueses, se quisermos progredir, teremos de aderir a essa integração para beneficiarmos do desenvolvimento e da riqueza geral.

E alguns há, felizmente muito poucos, que vão mesmo mais longe: embora não tenham a coragem de o afirmar expressamente, no íntimo do seu pensamento dão prioridade à opção europeia sobre a opção ultramarina; e como na Europa e no Mundo é criticada em alguns sectores a nossa política no ultramar, esses entendem que deveríamos mo-