O Sr. Serras Pereira: - Muito bem!

O Orador: - E como tudo isto diz respeito ao futuro da Nação, todos nos deveríamos empenhar em explicar à juventude esta política de grandeza nacional - porque nessa política é que verdadeiramente está o seu futuro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E o meu último ponto é este. Quero aplaudir a forma como foi criada pela Presidência do Conselho, e para funcionar sob a orientação do Sr. Ministro das Finanças e da Economia, uma comissão destinada a estabelecer contactos e eventualmente a negociar com o Mercado Comum. Já há tempo atrás o Chefe do Governo, em entrevista a um jornal estrangeiro, afirmara que a opção europeia não se podia sobrepor à opção ultramarina.

Dentro da mesma linha nacional e de coerência, o Sr. Presidente do Conselho deu agora àquela comissão, como mandato, o encargo de estudar as formas de possível participação nos movimentos de integração europeia. Creio que só podemos dar o nosso incondicional aplauso à maneira prudente, esclarecida e sem precipitações como foi estabelecido o mandato da comissão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Temos, com efeito, de ser pragmáticos. Estudemos o problema com serenidade, façamos as nossas contas friamente, negociemos com n Europa; mas procuremos fazê-lo numa posição de independência, sem mostrar deslumbramentos infundados e que nos enfraqueçam por antecipação. E a totalidade da Nação Portuguesa tem decerto um muito maior poder de negociação: utilizemos esse poder; não o diminuamos de modo algum. Por isso, e muito bem, a comissão está incumbida pelo Chefe do Governo de estudar as formas de participação nos arranjos europeus e de averiguar, entre as múltiplas formas possíveis, aquela que mais convenha aos interesses nacionais permanentes. A orientação superior do Presidente do Conselho e do Ministro das Finanças e da Economia constitui garantia de que assim se fará.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Mota Amaral: - Sr. Presidente: Aproveitando o recente período de farias da Páscoa, o Sr. Presidente do Conselho deslocou-se a algumas das ilhas do arquipélago dos Açores em visita particular.

O facto é do conhecimento geral: o País inteiro pôde acompanhar o decorrer da viagem através dos órgãos de informação, a população do continente de fornia mais íntima e pormenorizada por meio da televisão. Nada tenho, por isso, a dizei- sobre os diversos pontos dó programa da visita. Mas como acompanhei o Sr. Prof. Marcelo Caetano, mercê ide um convite que muito me honrou, desde Lisboa e até à altura da sua partida para a Terceira, julgo ter um testemunho correcto a prestar sobre o modo como o povo do distrito de Ponta Delgada acolheu o Sr. Presidente do Conselho e sobre a expectativa que, na sequência dessa visite tão desejada, e por isso tão agradecida, vai germinando entre as gentes das ilhas de S. Miguel e de Santa Maria.

Devo confessar que não esperava que a recepção dispensada ao Sr. Prof. Marcelo Caetano nestas duas ilhas fosse tão entusiástica. Somos, Micaelenses e Marienses, por temperamento reservados, um pouco excessivamente cerimoniosos, tristes até na aparência.

Se não nos falta coração para sentir apaixonadamente, muitas vezes não nos chegam a voz nem o gesto para exteriorizarmos o que nos vai na alma.

A irradiante simpatia do Sr. Prof. Marcelo Caetano venceu, porém, todas as barreiras. E em S. Miguel e em Santa Maria, à semelhança do que tem acontecido em tantos outros lugares por este País fora, por onde o Sr. Presidente do Conselho tem andado a procura de «ouvir as pessoas e ver as coisas», foi um não acabar de aplausos e aclamações, de mãos estendidas para o saudarem, de flores desfolhadas a sua passagem - simbolicamente, as últimas flores do Inverno e as primeiras da Primavera ...

Sem a rigidez protocolar de uma visita oficial e ultrapassando o tom turístico que infelizmente tem predominado muitas vezes nas visitas dos membros do Governo ao distrito de Ponta Delgada, quis o Sr. Presidente do Conselho, expressamente, ir ao encontro do povo. E o povo correspondeu a este interesse e veio ao encontro dele para mostrar as suas carências e falar com confiança das suas aspirações.

Não encontrou decerto o Sr. Presidente do Conselho, nas duas ilhas que formam o distrito de Ponta Delgada, muito daquele entusiasmo sereno que deriva da gratidão pelas pretensões satisfeitas. Mas a sua passagem teve inegavelmente o condão de fazer despontar uma esperança nova em todo um povo já cansado de não lograr fazer ouvir a sua voz. Daqui resulta que é especialmente urgente a adopção de medidas concretas tendentes a obviar à problemática própria das ilhas de S. Miguel e Santa Maria, de modo a consolidar essa esperança e tirar partido do clima de iniciativa e participação em que ela se traduz.

Resulta também que sobre o Governo e o seu Chefe impendem agora responsabilidades acrescidas no tocante às questões açorianas, como claramente reconheceu o Sr. Prof. Marcelo Caetano em alocução difundida pela rádio para as nove ilhas do arquipélago antes do seu regresso a Lisboa.

Sr. Presidente: A visita que o Sr. Prof. Marcelo Caetano acaba de fazer a algumas das ilhas dos Açores reveste para os Açorianos o maior interesse, e justificadamente existe grande expectativa acerca dos resultados que dela hão-de provir.

O Sr. Sousa Pedro: - Muito bem!

O Orador:-O Chefe do Governo -ele próprio o disse - viu com os seus olhos o bom e o mau - e tomo sobre mini parte da responsabilidade de cruamente lhe ter posto diante algo do que de mau existe no distrito que aqui represento. Pode o Sr. Presidente do Conselho apreciar o que se tem feito e as carências que aguardam preenchimento. E de esperar que ao nível do Governo e da Administração Central se avance a partir de agora com mais rapidez nos estudos em curso, preparatórios de soluções de pormenor e das reformas de fundo necessárias.