Esta desfasagem entre a ideia e a sua materialização é uma das causas do atraso nacional.

Lembra agora, neste aspecto, o caso da utilização de meios áudio-visuais na melhoria da cultura.

Em 1935, na I Legislatura, foi apresentado à Assembleia Nacional um projecto de lei tendente a aproveitar as grandes possibilidades da rádio no ensino de analfabetos e na difusão dos elementos basilares de cultura, com o objectivo de melhorar a produtividade agrícola e até artesanal, que era então, e ainda é hoje, uma das causas de atrasos económicos.

Talvez devido à sua originalidade num meio apegado a rotinas do passado, o projecto de lei não teve seguimento e morreu como morrem as árvores viçosas em terreno inculto. Nesse, tempo ainda a televisão não atingira os progressos que a guerra lhe veio imprimir depois, mas a rádio era, como é hoje, um poderoso instrumento de comunicação. Só quase trinta anos depois a ideia mereceu interesse e atenção. O que se poderia ter lucrado com a adopção em 1935 do emprego da rádio, utilizado depois por outros países em moldes idênticos, no período que precedeu guerra, não é fácil de computar.

A educação técnica elementar do agricultor, numa campanha persistente e prática, ainda hoje poderá ser uma alavanca poderosa no desenvolvimento rural.

Tudo indica haver necessidade de prosseguir com energia a tarefa de modernizar o ensino. O sacrifício orçamental de verbas terá grande recompensa nos frutos colhidos.

As contas As despesas ordinárias do Ministério da Educação Nacional elevaram-se a 1 789 182 contos, mais 203 016 contos do que em 1967.

Há interesse em notar que, embora os aumentos anuais se repartam pelas duas classes de despesa, eles são mais acentuados nas ordinárias, o que significa melhoria nos serviços, quer nos vencimentos, quer ainda por dotações em material e encargos.

Indicam-se a seguir as despesas ordinárias e extraordinárias nos últimos dois anos:

Para ter ideia do desenvolvimento da despesa podem mencionar-se as cifras de 1958. Neste ano o somatório das despesas ordinárias e extraordinárias elevou-se a 700 884 contos, sendo as últimas de 15 000 contos.

Deste modo, o aumento das ordinárias desde àquele, ano eleva-se da forma que segue:

O aumento das despesas ordinárias na ultima década foi superior ao total das despesas ordinárias em 1958.

Há que ter em conta neste lapso de tempo as melhorias nos vencimentos. De qualquer modo, o esforço financeiro não pode ser menosprezado. No Ministério das Obras Públicas inscrevem-se todos os anos os meios utilizados na construção e reparação de edifícios escolares.

Não é fácil estimar o total, porque há verbas dispersas nas despesas ordinárias daquele Ministério que não são de fácil procura. Mas, papa Ter ideia geral do que se gastou, menciona-se a seguir o que é a quase totalidade:

contos

329 911

Levando em conta estas despesas, o total utilizado na educação subira para 2 119 063 contos, obtidos como segue:

Contos

Despesas ordinárias ............. 1 652 482

Despesas extraordinárias.

Reapetrechamento escolar ......... 49 807

329 911

Como já se informou, haveria a acrescentar outras verbas. A estimativa não andaria longe de 2 200 000 contos.

A afluência de alunos e as necessidades do ensino hão-de requerer maiores dispêndios no Ministério das Obras Públicas. Já se fez notar o reforço da verba destinada a liceus, que atingiu 170 000 contos em 1968. Com a criação de escolas preparatórias e melhoramentos em outros edifícios, e entre eles a construção de edifícios para o ensino superior (Faculdade de Ciências e outras), a verba de construções aumentará muito se as disponibilidades financeiras o permitirem. A evolução das despesas ordinárias consta do quadro seguinte: