Os projectos de reorganização económica a partir daquele ano não surtiram os efeitos desejados e possíveis, e não vale a pena desenrolar agora as causas que impediram miais rápido progresso do produto nacional. Não s o pode argumentar com a pobreza dos recursos nacionais. No concerto da vida actual não há pobreza absoluta, o crescimento económico provém miais da produtividade dos elementos humanos do que dos elementos físicos. E depois se provou, com o andar dós tempos, que o somatório de recursos físicos, em energia, em aptidões florestais, em disponibilidades mineiras, em possibilidades agrícolas, em recursos aquíferos, não era escasso, nem correspondia à lamentação fatalista que ecoava periodicamente nas exposições pseudo-eruditas que muitas vezes vinham a público. Não se devem acusar só os governantes, como é de uso agora, das insuficiências e atrasos conhecidos de todos.

A inexperiência tem de pagar-se, a inexperiência de muitas das suas classes dirigentes, públicas e privadas. Mas houve em especial um como que temor de encetar obras grandes no conceito que entre nós se dá a esta palavra. A pouquidão dos consumos de energia, por. exemplo, fez recuar possivelmente a obra de aproveitamento dos rios nacionais, do Douro e do Tejo. E muitas das sugestões formuladas nestes pareceres, como o estudo das disponibilidades energéticas e de água nacionais e outras, não tiveram o seguimento esperado. De facto, a obra realizada fez-se um pouco aos solavancos, um pouco desordenadamente, sem a coordenação tantas vezes aconselhada neste lugar. E como exemplo desta falta de coordenação estão agora, neste momento, a executar-se no Douro nacional três centrais hidroeléctricas, e duas no Tejo, exercendo deste modo grave pressão sobre as disponibilidades de mão-de-obra e sobre os investimentos, numa tentativa para reaver o tempo perdido, apesar de elas serem alvitradas nestes pareceres em 1942 e 1943 e praticamente relembradas todos os anos. E ainda se não intensificou como ema necessário a arborização de largas áreas impróprias para culturas remuneradoras, néon se estudou um plano rodoviário- em substituição do de 1946, manifestamente insuficiente, e inexpressivo em relação às necessidades actuais. E muitos outras alvitres se poderiam indicar. Não é de surpreender a fraca taxa de crescimento do produto nacional, apesar dos esforços feitos no sentido de a elevar.

A experiência de outros países mostra a influência da produtividade do trabalho no aumento do produto. Não é só o investimento que lhe dá o grau de aceleração indispensável; é também o resultado do esforço individual na gestão dos investimentos e da produção, das classes dirigentes e dos que executam fisicamente esse trabalho. E o País é pobre em organização, quer nos serviços públicos ou semipúblicos, quer nas actividades primárias e secundárias, quer nas actividades agrícolas, industriais e dos serviços. Só de um aumento na produtividade destas actividades poderá vir um crescimento acelerado do produto.

As contas A despesa do Ministério da Economia, tal como se deduz da Conta Geral do Estado, atingiu este ano 974 195 contos, mais 170 830 contos do que em 1967. Ela reparte-se por despesas ordinárias e extraordinárias nas seguintes proporções.

Em quase todos os anos se assinalam aumentos relativamente elevados, apesar de ainda não terem sido ajustadas devidamente as remunerações do pessoal. O de 1968 é um dos maiores nos últimos anos. A despesa do Ministério reparte-se desigualmente pelas actividades que o constituem, cabendo a maior percentagem à agricultura, como se nota a seguir:

Os serviços relacionados com a agricultura e silvicultura, com cerca de 2/3 da despesa total do Ministério, ocupam um lugar de relevo. Não se pode dizer que, dentro das possibilidades financeiras, a agricultura não mereça carinho. E, apesar disso, estas actividades tradicionais na vida portuguesa estão em crise, continuam em crise.

Mas não é apenas no (Ministério da Economia que se processam despesas relacionadas com a agricultura. Pondo de lado os dispêndios através do Fundo de Abastecimentos, e outras com a educação agrícola, há pelo menos uma de certo relevo que deve ser logicamente imputada a este Ministério: a da hidráulica agrícola.

No Ministério das Obras Públicas, por força de despesas extraordinárias, gastaram-se em hidráulica agrícola 249 143 contos. Levando esta soma ao Ministério da Economia, obtêm-se as cifras seguintes:

Despesas extraordinárias ............. 740 723

O aumento em relação a 1967 foi grande, da ordem dos 142 616 contos, e processou-se por mais de 100 000 contos ma agricultura e afins, como se pode- verificar nos números que seguem: