Tem interesse notar que a percentagem consignada aos hospitais de Lisboa em 1960 (58,8) é idêntica à de 1968. Os hospitais da província representaram cerca de 13,9 por cento em 1968 e 13,3 por cento em 1960.

Convém desdobrar os subsídios a diversos hospitais:

Contos

O quadro pode ser resumido na forma que segue:

O exame da distribuição da despesa dos hospitais faz ressaltar a desproporção entre os hospitais de Lisboa e os da província.

Todos os hospitais da província, com excepção dos de Lisboa, Porto e Coimbra, recebem subsídios da ordem dos 50 000 contos, cerca de 14 por cento do total. Esta verba refere-se a hospitais regionais e sub-regionais e provavelmente a postos médicos criados ultimamente em muitas pequenas povoações e que prestam serviço regular e eficiente nalguns casos.

É verdade que os hospitais regionais e sub-regionais têm recursos de outra origem, em especial das Misericórdias. Mas esses recursos são muito reduzidos na maior parte dos casos. Alguns, de propriedades rústicas, sofreram desgaste com a recente subida de salários.

Seria vantajoso fazer um inquérito sobre os recursos dos hospitais, muitos já com instalações modernas, criados ao abrigo do programa de construções hospital ares.

A ocupação de camas, apesar de ter melhorado nos últimos anos, ainda não é o que poderia ser. Dadas as deficiências de alguns, e ainda uma espécie de atracção que também se estende a doentes, muitos destes preferem vir para os hospitais- das grandes cidades, até em casos clínicos que bem poderiam ser tratados nos hospitais regionais ou até sub-regionais.

Deste modo se evitaria a pletora de doentes em Lisboa, e um pouco no Porto e em Coimbra, enquanto hospitais provinciais, razoavelmente equipados, não utilizam a sua capacidade.

Este problema hospitalar necessita de coordenação, que poderia ser feita com eficácia depois de examinar e possivelmente reforçar as dotações de muitos, em locais estratégicos, e que porventura já possuam um bom corpo clínico e de enfermagem.

Demografia e saúde Enquanto não for realizado o novo recenseamento geral da população, marcado para 1970 - ou, melhor, enquanto não forem conhecidos os seus principais resultados -, a apreciação dos indicadores demográficos continuará a padecer das deficiências inerentes à distância a que já nos encontramos da última contagem efectuada.

A resposta à pergunta: "Quantos somos?", está hoje particularmente dificultada pelo desconhecimento da amplitude da emigração clandestina, toda ela verificada, praticamente, na década actual, isto é, nos últimos nove anos.

As alterações registadas ano a ano em matéria de demografia não são geralmente tão significativas que permitam comentários válidos. Daí que se tenha sempre referido a parte substancial destas considerações a uma evolução pretérita de vários anos, de molde a evidenciar tendências, sempre que possível. Com estas reservas serão utilizados os novos dados, agora disponíveis com a publicação do Anuário Demográfico de 1968.

Apenas em alguns casos a tendência dos fenómenos é tão constante que, mesmo na observação ano a ano, as alterações registadas mais não fazem do que confirmar essa mesma tendência. É o que pode afirmar-se, por exemplo, em presença da evolução da taxa de natalidade desde 1964, sempre [decrescente; a nova descida em 1968, de 21,46 para 20,53, terá, pois, de inscrever-se num processo em curso, não podendo ser considerada como oscilação errática de significado menos preciso. De todos os indicadores disponíveis é este um dos que apresentam a marcha mais bem definida - uma descida que se acelera.

Com efeito, nos últimos quatro anos, a taxa passou de 23,75 para 20,53, revelando assim a descida de 3,2. Se procurarmos uma diferença idêntica para além de 1964, vamos encontrar taxas da ordem dos 27, aproximadamente, nos anos que precederam a última guerra mundial, isto é, quase trinta anos antes. É fora de dúvida que o incremento da emigração, sangrando o País de gente nova, e a saída de milhares de jovens mobilizados pela guerra no ultramar, estão entre as causas mais directas desta redução no número de portugueses que nascem.

Quanto à mortalidade, e sem embargo de uma descida que vem de longe, mas se acentuou desde o fim da II Guerra Mundial, a alteração é menos explícita, alternando as descidas com movimentos de estabilização. Apesar de tudo, a taxa de 9,97, registada em 1968, é a mais baixa de sempre, a primeira que atingiu valor inferior a 10.

Se observarmos as taxais dos últimos quatro ou cinco anos, concluiremos, porém, que a transformação global verificada foi pouco significativa:

Daí que o saldo fisiológico, determinado por natalidade decrescente e mortalidade estável, venha diminuindo consideràvelmente nos últimos anos: de 119 milhares, em média, entre 1962 e 1964, desceu progressivamente até 100 milhares em 1968.

Esta redução de 19 000 pessoas em quatro anos, representando 1/5 do saldo inicial deste período, é suficientemente expressiva para não necessitar de comentários. Das principais causas de morte assinaladas, a redução da tuberculose e o aumento do cancro são as que