mais se salientam quando se observa um período suficientemente amplo.

Quanto à tuberculose, a redução processa-se desde há vários anos e continua ainda. Embora não se dispense a continuidade da luta, as armas de que se dispõe e os resultados já conseguidos são de algum modo tranquilizadores.

O mesmo não sucede com o cancro. À eficácia muito relativa Idos tratamentos alia-se o próprio desconhecimento das causas da doença. Doença da civilização -diz-se -, gerada num contexto de factores cancerígenos, onde se incluem os derivados do petróleo, o tabaco, e, agora, parece que também o D. D. T. Razões de sobra, portanto, para não desprezar uma só pista que seja, um só factor de redução do número de cancerosos. Os resultados dos estudos exaustivos feitos nos Estados Unidos da América sobre a influência ido uso do tabaco como causa do cancro pulmonar levaram já à proibição da publicidade do tabaco. Entre nós, porém, faz-se o inverso: a publicidade aumenta ao mesmo tempo que esta forma de doença.

Sobre a evolução do número de óbitos, basta assinalar as cifras relativas às seguintes causas de morte, no seu conjunto: tumor maligno da cavidade bucal, da faringe, da laringe, da traqueia, dos brônquios e do pulmão:

Verificou-se, portanto, um crescimento da ordem dos 20 por cento em cinco anos, sendo de sublinhar que mais de metade das cifras apontadas respeitam propriamente a cancro do pulmão.

Por outro lado, é importante observar o número dos óbitos devidos a estas causas, mas distinguindo os sexos. É o que se faz em seguida, para o último ano:

a disparidade que estes números revelam - nos homens quatro vezes mais óbitos do que nas mulheres - estabelece paralelismo com a realidade que todos conhecemos: a esmagadora maioria dos fumadores é constituída em Portugal por indivíduos do sexo masculino. Acrescente-se, apenas, que nenhuma outra localização de tumores malignos apresenta assimetria entre sexos que de longe se compare à referida.

Haverá relação de causa e efeito entre os factos apontados?

Se assim for, quanto ao incremento da doença, pelo que toca à publicidade ao tabaco, que parece estar agora a intensificar-se, algo poderia ser feito a bem da saúde pública e na senda dos melhores exemplos: proibi-la.

As doenças do coração, hipertensão incluída, continuam a não revelar através da respectiva taxa o incremento que correntemente se lhes atribui. É certo que a desagregação dessa taxa global em taxas específicas mostra reduções nuns casos e agravamentos noutros. E quanto aos agravamentos merece menção a «doença arteriosclerótica e degenerativa do coração», cuja taxa em 1962 (por 100000 habitantes) era de 105,9 nos homens e 103,9 nas mulheres, tendo subido para valores da ordem de 117 a 122 no último triénio.

Tanto no caso das doenças do coração, como nas de natureza cancerosa, sente-se, porém, que estamos perante doenças às quais é indispensável consagrar atenção cada vez maior, visto serem as mais representativas das doenças que se encontram fortemente ligadas a certos aspectos da vida moderna, tais como o crescimento das cidades, a poluição da atmosfera e das águas, os ruídos, a tensão nervosa, etc. - verdadeiros custos do progresso que não podem ser ignorados. Vejamos agora os dados mais recentes sobre a mortalidade infantil.

A taxa da mortalidade infantil (manos de 1 ano) registou em 1968 uma pequena subida: de 59,2 passou para 61,1. Este agravamento pouco significa como subida propriamente dita, mas tem de atribuir-se-lhe o significado muito importante ide interrupção num movimento de descida, que deveria ser muito rápido para nos aproximarmos das restantes taxas europeias.

Infelizmente, os dados fundamentais que condicionam o problema da mortalidade infantil não parecem estar a alterar-se profundamente: trata-se, sobretudo, de melhorar o nível económico e cultural em extensas zonas rurais e de fazer acompanhar essa melhoria com uma rede assistencial devidamente preparada para o efeito. A estagnação que desde há muito se verifica nas taxas correspondentes às idades mais baixas, nomeadamente nas crianças de menos de 1 mês, autoriza algum pessimismo quanto à rapidez com que irá processar-se num futuro próximo a descida da mortalidade infantil.

(a) De 28 e mais semanas (não incluídos nas restantes colunas).