Talvez se possa afirmar, sem exagero, que não melhoraram as condições económico-financeiras de Cabo Vende durante o exercício de 1968, "pesar do aumento nas receitas e no saldo.

Há iniciativas em perspectiva, periodicamente anunciadas, que poderiam exercer profunda influência no progresso económico e social da província. O parecer já se fez eco dessas iniciativas, relacionadas com pesca, explorações de pozolanas, apetrechamento do porto de S. Vicente, de modo a aproveitar a sua admirável posição geográfica, transformação de ricas possibilidades salinas e intensivo aproveitamento de possibilidades agrícolas, que poderiam ser de grande projecção no balanço económico e exercer acção benéfica nos consumos e exportação.

Recentes noticias fazem prever a implantação de uma nova actividade relacionada com as condições climáticas em algumas ilhas e a tranquilidade dos mares que as cercam. É a do turismo. E, se vieram a materializar-se, Cabo Verde poderá, com esta nova actividade, avançar muito na senda de um progresso económico bem necessário.

Mas não devem, como é de uso, criar-se excessivas esperanças ma nova indústria, que poderá dar vida intensa a ilhas hoje em monótona quietude.

A sua influência nas receitas de invisíveis "era grande, mas deve ter-se em conto que as produções nas ilhas são reduzidas e haverá necessidade de grandes importações de alimentos e de quase tudo o que respeita ao turismo. A balançai comercial,- muito deficitária, ainda se tornará mais desequilibrada, compensada pela afluência de invisíveis.

Pode ser que, com marcado assegurado, seja possível, em ilhas vizinhas, desenvolver- produções vegeteis e de pecuária em escala suficiente, e deste modo a nova indústria assegurará empregos e recursos a populações que hoje não produzem um mínimo compatível com as necessidades da vida progressiva.

De qualquer mudo, parece deverem continuar a ser feitos esforços no sentido de desenvolver indústrias em perspectiva e procurar outras que aã (adaptem nos recursos potenciais das ilhas.

Comércio externo Expressas em moeda contente, as importações de 1968 atingiram a mais alta cifra conhecida até hoje. E como as exportações subiram relativamente pouco, o desequilíbrio negativo ainda aumentou para cifra vizinha de 241100 contos.

Se a evolução continuar ateste sentido, dentro em pouco o saldo negativo do comércio externo de Cabo Verde será igual ao valor total das importações, o que representará um paradoxo.

A evolução do comércio externo consta do quadro que segue, em milhares de contos:

Pondo de lado cifras anteriores a 1960, que teriam de ser corrigidas pelo movimento do porto de S. Vicente, a considerando só os números desde aquele ano, nota-se no quadro um grande movimento ascendente, ponto de as importações em 1968 serem superiores a 1,5 vezes às de 1961 - mais quase 100 000 contos.

Este tão grande aumento nas importações em tão pouco tempo deve ter a sua explicação. Talvez ela resida nos gostos com o Plano de Fomento, sem contrapartida na produção. O seu financiamento deve ter influído nos consumos, e, indirectamente, na importação.

A soma dos saldos negativos nos últimos cinco anos elevou-se a 1052 800 contos - superior a l milhão de contos, o que é excessivo para a limitada economia da província.

Milhares de contos