As receitas aumentaram muito em 1968, quase 1 900 000 contos. E o que é notável, um grande aumento (l 172 261 contos) deu-se nas receitas ordinárias, incluindo as dos serviços autónomos.
O próprio progresso desencadeou um surto inflacionário que se manifesta nos preços; e a abundância de meios de pagamento deve ter impulsionado as importações, que aumentaram cerca de 936 136 contos e concorreram para o desequilíbrio negativo de 1 048 459 contos na balança comercial, com influência desastrosa na balança de pagamentos e nas transferências.
Os factores atrás enunciados constituem um problema grave se não forem atalhados com firmeza. No fundo tudo se resume a instaurar um regime de austeridade que dobre consumos supérfluos ou dispensáveis, reduza o impulso nas importações e permita o retorno aos bons tempos em que a província encerrava a balança comercial com saldos positivos, ou, pelo menos, a equilibrava.
A administração em países novos tende sempre, ou quase sempre, para o lado hedónico da vida. Não apenas no sector público. Talvez que o clima, ou as dificuldades derivadas de subversões ateadas por agentes externos, concorra para criar condições ide inflação e euforia. E as ansiedades humanas de criar em poucos anos elementos de progresso cultural e obras de natureza social constituem já hoje em Angola uma forte alavanca orientada no sentido de consumos públicos e privados em contínua aceleração.
É de boa política evitar escolhos desta natureza, quer pela vigilância dos meios de pagamento, quer pela regulamentação, se preciso, nos preços, quer ainda por austeridade nas importações e intensa procura de possibilidades nas exportações. O deficit na balança comercial, repercutido na balança de pagamentos, a subida de preços e a pletora de meios de pagamento devem ser vigiados. Há métodos próprios para enfraquecer a sua influência.
Examinando alguns dados relacionados com o desenvolvimento económico-financeiro e tendo em conta a desvalorização da moeda, verifica-se que a província sofreu forte estímulo ascensional nos anos que decorreram desde então.
Por exemplo, as receitas ordinárias fixaram-se em l 967 000 contos em 1960. Subiram para 6 345 789 contos em 1968. Superiores ao triplo das daquele ano. As importações passaram de 3 669 600 contos para 8 844 822 contos. No caso das exportações, que influencia grandemente toda a vida provincial, a saída arredondou-se em 8 565 500 contos em 1960 e é superior ao dobro (7 796 400 contos) em 1968.
É bem verdade que o peso na importação e na exportação não acompanhou os valores, por motivos vários, mas os aumentos que se deduzem das cifras citadas acima revelam forte actividade. Talvez se possa afirmar que Angola atravessa uma crise de crescimento. Precisa de ser vigiada com atenção. Apesar do auxílio da metrópole, em especial na concessão de investimentos, não é indefinido o tempo em que há vantagem num equilíbrio em matéria de aceleração no bem-estar.
Os meios de pagamento aumentaram 33,4 por cento em 1968, percentagem demasiadamente alta (corresponde ao acréscimo de 2 874 000 contos), em que desempenha papel fundamental a expansão do crédito. Note-se que os meios de pagamento não atingiam 4 milhões de contos em 1960. O aumento para quase o triplo em 1968 (o total alcançou 8 874 000 contos) deve ter influenciado os preços para o índice de 114 na base de Dezembro de 1965. As variações de índices de preços em várias localidades em 1968 processaram-se num ritmo anual próximo de 4,2 por cento.
É uma transição que requer investimentos volumosos e que necessita de técnica mais apurada do que a actual. E ainda passarão muitos anos até ser possível um equilíbrio nos custos que permitam concorrência ou até exportação de produtos manufacturados. Entretanto, a economia angolana terá de firmar-se na agricultura, para exportação e para consumos internos.
Neste aspecto, as actividades agrícolas procuram aperfeiçoar-se, com êxito nalguns casos, mas ainda usando métodos primitivos em outros.
Há escassos prenúncios de melhoria nos métodos de cultura na maior parte dos casos, em especial na cultura indígena. E descuram-se ainda iniciativas que poderiam ser compensadoras, por exemplo no amendoim.
A metrópole importa anualmente grandes quantidades desta oleaginosa de países inimigos.
O tabaco, o sisal, as bananas, os frutos tropicais, o milho, os cereais, a pecuária, diversas oleaginosas e outras pos-