Há certo número de índices que apontam para o progresso da província, a despeito de dificuldades de natureza política em países vizinhos e de outras derivadas de sobressaltos no Norte da província.

Os consumos aumentaram e muitas actividades produtivas procuram, segundo programas definidos, melhorar as suas instalações, com o fim de desenvolver rapidamente a qualidade e quantidade da produção interna.

Não é fácil, longe do lugar onde se desenrola o esforço progressivo, definir a sua orientação e intensidade. Mas parece não haver dúvidas dia que em muitos aspectos ele se encaminha para a produção de meios que permitam reduzir ao mínimo o impacte do aumento dos consumos na balança de pagamentos, que, infelizmente, ainda se mantém em situação pouco diferente da dos anos anteriores, já analisada em pareceres respeitantes aos últimos exercícios financeiros.

O problema contínua a revolver-se em volta da balança comercial, e esta depende profundamente do nível dos seus dois termos - a importação e a exportação.

O déficit é muito grande. Já o era nos últimos anos, e ainda aumentou em 1968, e não se vê outro modo de o reduzir para cifras razoáveis se não forem atalhadas com emergia as importações, que aumentaram de mais de l milhão de contos em 1968, apesar de ainda não ter sido iniciada a empresa de Cabora Bossa.

Este problema dos consumos supérfluos em Moçambique necessitava de ser vigiado, em especial no que respeita às suas repercussões na balança de pagamentos, agora poderosamente amparada pelas receitas dos transportes, que não podem crescer indefinidamente, e em proporção semelhante à que ultimamente se verifica na importação. As esperanças da província fixam-se sobre os resultados da execução de Cabora Bassa e suas implicações na vida económica de uma vasta zona.

Estes pareceres, desde o início da sua publicação, quando ainda mal se desenhava no espírito de muitos, como utopia, o aproveitamento das tremendas possibilidades do Zambeze em território nacional, procuraram impulsionar rapidamente a sua execução. A tarefa não era fácil, dadas as exigências de investimentos muito avultados e a relutância ou até indiferença por obras consideradas ambiciosas. Neste aspecto, o Ministério do Ultramar, logo no início da redescoberta do estrangulamento de Cabora Bassa, soube escolher o caminho racional, mandando estudar o problema no sentido de um aproveitamento integral das possibilidades da bacia hidrográfica em território português. Levou anos o estudo, cheio de dificuldades, numa zona inóspita, por vezes, desconhecida em muitos aspectos.

O relator das Contas voou sobre o rio, desde a foz à fronteira, na época em que mal se conhecia o seu percurso, e pôde ele próprio, sobre um rápido levantamento aéreo, avaliar das possibilidades energéticos., que se confirmaram depois, alargadas com novos estudos e prospecções, às possibilidades de recursos mineiros, agrícolas, silvícolas e pecuários e de navegação fluvial.

A obra está em início e já foi adjudicada a construção da sua pedra fundamental, que é a grande barragem no começo do estrangulamento do rio, muito para montante de Tete.

Como «as coisas grandes têm seu tempo e todas levam seu tempo», no dizer do podre António Vieira, a obra de Cabora Bossa levará muitos anos a concluir. A província terá durante décadas um esquema que desafio a imaginação dos povos, em todas as latitudes. Executá-lo gradualmente será tarefa para muitos anos.

O parecer deseja, neste «no, opor reparos ao nome por que é conhecido agora.

Quando, por volta da primeira metade, dos anos cinquenta, este assunto começou a ser trata do neste lugar, a zona onde vai agora instalar-se a primeira grande central era conhecido por Cahora Bassa. Cabora Bassa era o nome que lhe davam os indígenas que trabalhavam na construção do ponte do Zambeze, no cominho de ferro da Niassalândía.

Este nome foi recolhido da boca dos indígenas por quem fiscalizava essa ponte, e foi esse o que, transmitido ao relator, este empregou na descrição, neste lugar, do estrangulamento acima de Boroma, até á larga expansão do rio a montante do estrangulamento. Cahora Bossa significava, no dizer dos indígenas, «acabou o trabalho», e dal se induziu a possibilidade do grande declive do rio e das suas possibilidades energéticas. Cahora Bassa apareceu depois oficialmente, e já agora ficará a designar um esquema que ficaria melhor classificado sob a poética designação de «Cahora Bassa».

Comércio externo A mancha escura em Moçambique fixa-se no desequilíbrio negativo do comércio externo. Vem de longe o desequilíbrio, e não será possível fazê-lo desaparecer. De modo que a ambição será reduzi-lo a termos que não perturbem a economia provincial.

Ainda se agravou em 1968. No quadro seguinte indicam-se os deficits da balança do comércio durante certo número de anos: