os outros. Becebemos cada -um de nós uma herança coaeic-tiva, transmitida pela socàedadei que nos acolheu e formou. E forçoso que nos nossos actos, nas decisões que tomemos, tenhamos sempre presente as projecções que possam .produzir na vida dos nossos cidadãos. Ò Estado e as sociedades intermediárias não podem deixar de manter este justo equilíbrio entre o indivíduo e a colectividade.

Por e&fce ideário devem éster dominados todos quantos exercem funções de serviço público, dinamizando para ele, com a sua conduta e a sua actuação de cada hora, as vontades e o esforço da massa, dos aidadãos.

E muito urgente modificar, reorganizar e até reformar estruturas que se têm revelado totalmente incapazes de serem suportes de uma acção eficaz nos sectores a que se destinam, mas consideramos ainda anais impoiíbante e, por isso, seria desejável que começasse* desdie já « reforma da mentalidade dos homens que servem nos diversos sectores e escalões da nossa administração.

O quadro geraJ dos serviços públicos enferma de um imobilismo confrangedor e desiencarajamte, que toca, em muitos casos, as raias do ilícito, numa hora em que na frente de combate se luta pela sobrevivência da própria Pátria e que para a manter íntegra se torna necessário actuar com. firmeza na opetaguianda, promovendo «e tornando possível, em curto prazo, o maior aproveitamento possível de todos os nossos recursos, que, graças à Providência, não escasseiam.

E niecessáirio, poisi, começar ipor chamar à consciência dos se-us deiveres e d|as saiais responsabilidades, em primeiro lugar, todosi -aqueles1 que nos quadros e diversos escalões dos serviços públicos da nossa administração ooupiam lugares1 de comlamdo,- substituindo por homens de espírito novo os que nesses posto® envelheceram ou esgotaram a sua capacidade de realização,

Vozes: Muito bem!

O Orador: Continuamos a necessitar, e cada vez mãos, do generoso esforço de todos, novos e velhos o importante será que a cada um seja destinado o posto mais adequado à experiência dos anos vividos e à sua mentalidade e capacidade de estudo, de ponderação ou de realização. Parece-me que os postos da nossa administração exigentes de maior dinamização e acção deveriam ser confiados1 àqueles que, pelo (seu vigor intelectual, melhor podem suportar as pesadas tarefas desses comandos e confiar aos homens de experiência da coisa pública os postos rnenos dinâmicos t- de maior estudo e ponderação.

Mal iremos, e muito mal irão os interesseis nacionais, se não tivermos o cuidado de saber aproveitar todos os recursos humanos e pô-los ao serviço da Nação.

Não podemos, isso sim, continuar a. permitir que à frente dos serviços públicos continuem homens, novos ou velhos, num. autêntico desinteressei pelos bens que lhes confiaram. Infelizmente ainda são em grande número os lugares preenchidos por homens que vivem de costas voltadas aos interesses da comunidade. A estes interesses terão de ser sacrificados-, e sem demora, alguns- interesses individuais.

Ao Governo, que deixou duranite largos anos deteriorar os quadros dos serviços públicos, permitindo que os homens mais valados- desertassem, sem ter tomado a® medidas necessárias de actualização e modernização de estruturas e melhor compreensão pelos interesses dos seus servidores, cabe uma larga quota desta tremenda responsabilidade.

Felizmente, e é-me profundamente grato evidenciá-lo nesta Câmara, têm passado pelos quadros da nossa admi-

nisitú-ação, e neles continuam, muitas centenas dei funcionários competentes e cumpridores dos seus deveres, que, na função {pública,, encontraram a, melhor forma de servir o País. Mais até agora quantos destoes item. sido injusta-mienite tratados1 em remunerações e compreensão!

Sei que, por mais reformas que se façam, por mais correcções que se introduzam, por mais pessoas que se mudem, não -será possível evitai-, coimo afirmou o Sr. Presidente do Conselho, imperfeições de orgânica, defeitos de funcionamento dos serviços, infelicidades de alguns procedimentos, resultados menos convenientes ou menos razoáveis, mas acredito, muito convictamente, que é benéfico, em muitos casos, sacudir os que dormem, chamando-os ao cumprimento dos seus deveres ou destinando-lhes outros lugares mais adequados aos seus hábitos e capacidade de trabalho.

Vozes:Muito bem!

O Orador: Nesta hora grave de luta que nos enobrece e de depressão económica que pode comprometer o nosso destino histórico, tenhamos a certeza de que ela será promissora de paz e de progresso autêntico se soubermos unir vontades e a nossa administração se abrir a todas as iniciativas sérias e fecundas, de que tantos e tão bons portugueses serão capazes.

Vozes: Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Leonardo Coimbra: Sr. Presidente: Pedi a palavra para apresentar a seguinte nota de

Aviso prévio

Usando da faculdade conferida pelo artigo 46.º, n.º 3, e mos termos do artigo 50.º do Begimento, ianuncia-.se o seguinte aviso prévio sobre problemas da formação da juventude.

Dos três fins naturais da história: domínio sobre o universo; autonomia do homem que progressivamente se liberta das milenárias alienações da doença e ignorância, da fome e da miséria; e, ainda, a afirmação das suas po-tencialidades criadoras, nasceu um mundo extremamente complexo e tenso, arrastado por um movimento de aceleração provocado por meios cada vez mais poderosos e densos.

Deslumbrado pelas suas prodigiosas -realizações técnicas, o homem encontra-se desarmado e perplexo perante a vida, enquanto não encontrar a estrela polar anunciadora do sentido do destino e do Aalor da existência.

Saber

E esta opção é fundamental para toda a civilização que se estrutura na ordem dos valores puramente materiais, e que, ao recusar uma indispensável dimensão espiritual, podtei transformar-se num .inferno de destruição e desmoronar-se no caos-, pois fica sómente entregue aos- antagonismos das ambições e desorbitados egoísmos.

No mundo de hoje, simultaneamente cheio de promessas e de perigos, tudo se move em torno do problema de Deus, barreira em que se defrontam duas humanidades distintas.

A raiz do ateísmo, existencialista ou dialéctico, consiste ein afirmar que o homem não -se autonomiza e se torna adulto senão quando assume inteiramente o seu destino solitário.