deseja fugir, mas deseja, pelo menos, ver simplificada a sua aplicação, substituindo-se o complexo sistema que está a ser adoptado por uma forma mais uniforme de pagamento, que se processaria sempre, e só, por intermédio das Casas do Povo.

Penso que o Governo, ao elaborar o diploma legislativo que vai regulamentar o novo regime cerealífero, vai ter bem presente lestas realidades e que não permitirá que as teorias abstractas de alguns economistas se sobreponham às realidades autênticas da vida dos nossos campos, pois ali vivemos de realidades e não de abstracções.

É que, Sr. Presidente, a agricultura encontra-se realmente numa fase difícil da sua vida, fase que precisa de muita compreensão e tacto, para se não estragar a marcha segura que se está imprimindo à reconversão agrária em curso. Mas porque assim é, torna-se necessário que a agricultura não ceda mais terreno, que saiba galhardamente manter-se nas posições que penosamente vai conquistando e que se faça ouvir -

Vozes: - Muito bem!

temos de pedir que se ande depressa t que depressa se construa o matadouro do Grato.

O Sr. Camilo de Mendonça: - Muito bem!

O Orador: - A nossa pecuária bem precisa dessa indispensável infra-estrutura.

No distrito de Portalegre tem sido enorme o esforço feito pelos agricultores no sentido de corresponderem ao desejo do Governo de ver fomentada a produção de carne de bovino. Muitas são já as vacadas existentes e dia a dia mais criadores de gado se lançam na grande aventura.

Depois da peste suína africana, o equilíbrio ganadeiro de grande parte das nossas explorações agrícolas é obtido com o gado ovino e bovino.

Num país onde a carne dia ovino é excedentária e ainda com fracas possibilidades de exportação, estão plenamente justificadas todas as medidas que levem o agricultor - incutindo-lhe confiança - a aumentar os efectivos de gado vacum, quer se trate de raças destinadas exclusivamente à produção de carne, quer se trate de raças mistas para a produção de carne e leite.

Outro problema que está na ordem do dia e que tem vivamente interessado o País é o que diz respeito aos preços das madeiras, problema a que já aqui se referiram, com elevado número de pormenores, os Srs. Deputados Pinho Brandão e Camilo de Mendonça.

Os preços arbitrados pelo Governo desnortearam os produtores, e se não desejamos que as fábricas percam, temos de desejar ardentemente - até porque está nisso o interesse da própria indústria - que os produtores de madeira recebam aquilo que é justo, em face das cotações internacionais da pasta de celulose.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Daqui apelo para o Governo para que, revendo a posição tomada, vá ao encontro dos desejos e dos justos anseios dos que têm madeiras para vender e aguardam que seja definido, em moldes seguros, o seu comércio.

O Sr. Francisco António da Silva: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Francisco António da Silva: - Desejo informar que vai ser assinado amanhã, em Madrid, entre um firma italiana e a Federação dos Grémios do Baixo Alentejo e da Estremadura, um contrato de 50 000 st de eucaliptos pelo preço de 10 dólares e 30 cêntimos o estere, o que equivale a, 300 000$.

O Sr. Camilo de Mendonça: - Eu acrescentaria que a isso acrescem 150$, que é quanto custa o transporte até à fábrica italiana, valor que deverá

acrescentar-se, assam, ao preço que ia indústria paga cá. Esta situação é agravada ainda por uma circunstância mais: é que 40 por cento da pasta de papel é vendida no continente mais cara do que o preço internacional. A indústria nacional tinha assim obrigação de pagar mais que esse preço, mais do que a lavoura pediu, mais do que a congénere italiana efectivamente paga.

O Sr. Pinho Brandão: - E apesar disso o preço foi fixado a 252$50 o estere.

O Sr. Camilo de Mendonça: - Prudência excessiva do Governo que demonstraremos que não tinha razão.