33 que, embora sem uniformidade, tem de manter-se a unidade cultural em todo o espaço português. Muitos professores diplomados aqui trabalham em escolas das ilhas e do ultramar e vice-versa. Com e sem preparação psico-didáctica e psico--social pana tarefas de melindrosos condicionalismos geodemográficos, mormente nos territórios em que é mais urgente uma rápida aculturação genérica.

Quanto se faça pelo aperfeiçoamento profissional e pela valorização social do professor primário -o único por enquanto possível à grande maioria das nossas gentes em todas as províncias- tem de considerar-se meritório investimento na premente empresa do melhor porvir.

As escolas do magistério primário consideram-se parapeito de vanguarda na incruenta luta de todos pelo bem comum.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: Eis, tão sucintamente quanto mo permitiu o meu poder de síntese, a intervenção que julguei oportuno fazer em favor das escolas do magistério primário e dos seus serventuários, intervenção que termino afirmando a certeza que me fica de que o Governo fará, com a brevidade possível, a justiça que daqui se lhe reclama.

Vozes: -Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

então falhos de tudo e numa debilidade financeira, a rasar o caos, como aquela em que, infelizmente a subversão em que o País viveu tantos anos a fio nos lançou, obrigando-nos a um passadio de extrema pobreza, que a minha geração mão esquece facilmente - dispor-se dos fundos vultosíssimos necessários a uma Universidade perfeita?

A nós nos quer parecer que não!

Precisamente quando já tínhamos o erário de certo modo fortalecido e capacitado a cometimentos maiores e mais reprodutivos e a Universidade estava, sem dúvida, na primeira linha das realizações, eis que estranhas forças demoníacas nos estorvam esses bons propósitos, havendo, portanto, desgostosamente, que moderar a marcha, que se queria e precisava célere, dos nossos melhores intentos.

E é que com pouco dinheiro não se pode pensar em Universidade plenamente realizada!

Os males de que ela se queixa são muitos, e porque vêm muito de trás, e sempre em exacerbação, tornaram-se extremamente graves,- pôr conseguinte de caro remedeio.

De tão longe vêm esses males, que eu pergunto se em algum tempo tivemos uma Universidade em perfeito ajustamento ao exigências autênticas do- País?

Também estamos em crer que não!

Há quarenta e cinco anos o Prof. Doutor José Sobral Cid, mestre distinto de psiquiatria, na sua tão douta e esclarecida oração de sapiência, pronunciada, comemorando o 1.º centenário da fundação, da Régia Escola de Cirurgia de Lisboa, afirmava, no perfeito consenso da problemática universitária:

Criemos um espírito novo: a fé na ciência e no mágio poder da sua fecunda aliança com o trabalho da oficina e dos campos. Façamos em Portugal, rasgadamente, a Universidade moderna, para a colocar ao serviço da Nação.

Como se vê, o mal nem sequer é de ontem,, é mesmo muito velho, talvez de sempre, e de remédio difícil, caídos, como estamos, no círculo vicioso da incultura, que não avoluma a renda, e da magreza da renda, que não gera cultura. E os homens incultos são impermeáveis à técnica, e, por sua vez, a técnica que temos, por mal apreendida e eivada de defeitos, é extraordinariamente avessa à cultura. Deste impasse, temos de nos libertar, e quanto antes, se quisermos, e temos de querer para vencer, integrarmo-nos no mundo dos nossos dias, e mais ainda naquele que se futura, de tecnicismo, cada vez mais intenso e evoluído.

A viciação apontada não consentiu aquela «fecunda aliança da ciência com o trabalho da oficina, e muito menos ainda com o dos campos», como o entendia e tão bem, o Prof. Sobral Cid.

Ora o que este mestre insigne pretendia há quarenta o cinco anos era nem mais nem menos, que o chamado «complexo integrado», relativamente recente «um todo de vendedores e intelectuais», antes divorciados, a que Galbraith apelidou de «tecnostrutura», e que afinal, foi a grande revolução levada à economia americana, que lhe possibilitou a enormidade da sua grandeza actua.

A cross fertilization dia América de hoje, isto é a utilização de técnicas racionais para a renovação permanente na criação industrial, seja ela procurada na oficina ou nos campos, e que lhe deu nesta dezena Ide anos poder extremado, tem na Universidade o seu esteio mais forte.

Servan-Schreiber diz que «o avanço tecnológico dos Estados Unidos é a consequência do virtuosismo na gestão, e isto deve-se, por sua vez, ao espantoso impulso, da educação». «Não se trata de um milagre - diz ainda-, mas, sim, dos lucros maciços que hoje recebem do mais rentável dos investimentos: a formação dos homens.»

No seu celebrado relatório de 1964, Denison afirma que «o ensino é o mais importante factor económico de expansão», vindo logo a seguir o que ele chama o «progresso idos conhecimentos», ou seja o «enriquecimento da própria educação e a sua generalização aos adultos, com os novos dados dia tecnologia». Pela franca debilidade do ensino em alguns países europeus, nomeadamente na Grã-Bretanha, Denison explica actual, estagnação do desenvolvimento.

Schreiber acentua que «o famoso tecnological gap, vai aumentando entre a Europa te a América, se deve sobretudo, à pobreza ida formação superior e à relativa

fraqueza da investigação e da ciência».

Macnamara concorda com o ponto de vista, que hoje é de muitos, que «a Europa é fraca no plano da educação e é esta fraqueza, que está a amputar seu desenvolvimento.»