ços de tudo quanto se compra, essas somas subirão consideravelmente. Mas também a .estimativa cresceu, no conjunto das receitas ordinárias e (extraordinárias, para 28 798 784 contos.

Só as receitas ordinárias previstas para 1969 e as do ano corrente apresentam diferença para mais, em 1970, de 3 530 000 contos, números redondos.

Afigura-se-me, contudo, que será pouco provável, para não dizer impossível, cobrir a elevada percentagem de encargos extraordinários com a defesa nacional, através do excesso de receitas ordinárias, no ano que decorre.

Assim, se o produto nacional não crescer acentuadamente, como se vem preconizando nos pareceres desta Câmara e é mais que intuitivo, caminhamos paira uma situação bem difícil, pois o problema de defesa está solidariamente ligado ao económico e ao financeiro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Parece-me que mesmo dentro das forças armadas, cuja eficiência operacional tem de constituir nossa permanente preocupação, algo se pode melhorar no sentido de não aumentar demasiadamente as despesas militares, através de uma administração que resolva problemas logísticos em globo em todos os materiais e equipamentos comuns desenvolvimento ou criação de industrias essenciais para o tipo de conflito que enfrentamos, cuja duração seira, infelizmente, longa, assegurando, portanto, compensação aos investimentos efectivados, revisão de estruturas e organizações militares, no sentido de as simplificar, evitando duplicações e emulações que não tendo jamais aceitação, são mais que condenáveis nestes tempos de guerra, que é no fim de contas a verdadeira palavra a empregar; para que andar com subterfúgios?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E agora surge novo, e mais uma vez me atrevo a repeti-la, a minha- incompreensão por não se actuar vigorosamente no sentido de incutir no espírito da gente portuguesa das rectaguardas um mínimo de clima de guerra que as convença de que os sacrifícios não podem ser impostos apenas a umas centenas de milhares, e que, se a pátria está em causa, como não se discute, todos têm de dar na sua esfera de acção, contributo para que uma normalização de vida volte à terra portuguesa o mais rapidamente possível.

Vozes: - Muito bem!

valores humanos naturais e sobrenaturais.

Paulo VI, que tão frequentemente nos fala das suas angústias e sofrimentos, a propósito do mau caminho que seguimos, disse há pouco que os cristãos estão perdendo a fé e o sentido do sagrado.

Ora perder a fé constitui, a meu ver a verdadeira tragédia, talvez pior que as guerras e as misérias humanas, pois essa perda de fé afigura-se-me a causa principal de tantas calamidades que esmagam o Mundo.

Esperamos que neste país, de raízes cristãs tão arreigadas, se não perca a fé, porque as tremendas dificuldades que defrontamos, só poderão ser dominadas se todos tivermos presente, em cada momento, que foi com a fé inquebrantável dos Portugueses que a Nação foi o que é presentemente e será com a mesma fé que dela faremos o que desejamos que venha a ser.

Como militar e como português, mão desejaria perder esta oportunidade para aqui prestar homenagem aos que crêem firmemente no futuro da Pátria una e vêm investindo, confiam te e sucessivamente, os seus capitais, ajudando a evolução social das suas populações no desenvolvimento económico das províncias africanas, dando-se assim inteiramente a uma tarefa que, se tem em mira justos lucros, não deixa de representar maiores riscos do que entesourar capitais a juros convidativos sem sobressaltos.

Tenho a impressão de que não se tem concedido a esses bons portugueses, e graças a Deus são bastantes, a consideração que merecem.

Completarei este primeiro ponto com algumas referências às contas do ultramar para fixar que as suas receitas e despesas totais foram, respectivamente, de 16 807 353 e 15 073 820 contos, com o saldo de 833 532 contos. Pretendo ainda assinalar ,que a sua contribuição para despesas com as forcas armadas foi de 1 889163 contos, mais cerca de 190 500 contos, do que em 1967, o que esse encargo correspondeu a aproximadamente 14,5 por cento da despesa total. Ninguém de boa fé poderá alegar que tal contribuição é pesada e não é justa. É mesmo de esperar que o seu montante aumente à medida que se processa o seu notável desenvolvimento económico e crescem as receitas públicas. Só assim se manifesta claramente a solidariedade, inquebrantável do todo nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Desejo fazer um pequeno reparo, que é o de no parecer se incluírem na província de Moçambique os encargos com os Serviços de Marinha nos das forças armadas. Ora todos sabemos que os Serviços de Marinha constituem a Direcção Provincial do Fomento Marítimo que se ocupa de capitanias, dragagens, balizagem, farolagem, pescas, etc., e que nada tem com as forças armadas. E a verba naquela província, como é natural, dado o número elevado dos portos, características das barras e longa costa marítima, é relevante: 115948 contos. As mesmas despesas em relação a Angola foram correctamente consideradas.

Desejo ainda fazer alguns comentários sobre esta parte das contas de 1968. Os números apresentados relativos a receitas e despesas das províncias de além-mar são dignos de atenção, por nos darem ideia do desenvolvimento económico que nelas se verifica, particularmente se as compararmos com as do início da fatídica década de 60 que nos trouxe o terrorismo.

Também julgo oportuno salientar quanto o nosso ultramar, e agora refiro-me especificamente a Angola e Moçambique, contribui para o desenvolvimento dos países vizinhos através dos seus caminhos de ferro e portos do mar de que são testa. O caso de Moçambique então é