da sua concretização em barragens -, os distritos de Évora (65,4 por cento) e da Guarda (65 por cento) e, anormalmente, Viana do Castelo, em último, com 46,7 por cento apenas das suas freguesias em zonas rurais electrificadas.

Muito ainda sei terá de fazer - e justo será que se faça - em prol da electrificação rural do Pais.

Quando em grande parte do mundo evoluído a disponibilidade de electricidade no lar deixou de ser considerado comodidade doméstica para passar a ser tido como um dos requisitos básicos de uma civilização do século XX:

Percentagem dos fogos

Alemanha Ocidental (1960)........ 99,9

Áustria (1961) .................. 98,3

Austrália (1966) ................ 98,3

França (1962) ................... 97,6

Israel (1966) ................... 94,4

não podemos consentir que cerca de 60 por cento - em 1960 - das famílias do continente continue a ter de alumiar-se à bruxuleante luz das velas ou da tradicional candeia de azeite, mais próprias para "guardar no sótão das velharias" ou fazer as delícias de um "negócio de antiguidades".

É certo que também nesta matéria muito se progrediu desde que as primeiras Estatísticas das Instalações Eléctricas apuraram em 1931 cerca de 200 000 Consumidores de energia eléctrica em baixa tensão 1.

Eram já 350 000 em 1941, acercavam-se de 600 000 dez anos mais tarde, no começo da década que findou elevavam-se já a mais de 1 milhão, devem presentemente rondar 1 800 000 consumidores.

Mas perdidos por casais, aldeias e vilas rurais ainda restam algumas centenas de milhares de famílias não servidas de electricidade, a grande número das quais importa levar esse benefício da civilização.

Às famílias que se encontram em tais condições ficam vedadas, assim, muitas das possibilidades de acesso a outras comodidades domésticas, distracções e cultura que o uso Ida electricidade, para além das suas funções de iluminação e aquecimento, poderia conceder e a que muito legitimamente têm também direito a aspirar.

O Sr. Alberto de Meireles: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Com todo o gosto.

O Sr. Alberto de Meireles: - Oiço falar V. Ex.ª sempre com muito agrado sobre estes problemas de electrificação, e não será impertinente lembrar que há anos, nesta Casa, foi o assunto mais uma vez tratado, e tratado com largueza, em várias intervenções feitas por alguns Srs. Deputados, entre os quais eu. E lembro-me de ter recordado nessa altura uma circunstância que hoje volto a trazer aqui.

Há anos, aquando da inauguração Ido escalão de Miranda da Hidroeléctrica do Douro, o então Ministro da Economia, o inesquecível engenheiro Ferreira Dias, disse dos seus anseios de assegurar a electrificação rural. E disse que previa realisticamente que se pudesse, no prazo de dez anos, salvo erro, acabar com as zonas negras não electrificadas nos nossos meios rurais. O programa era ambicioso, em face dos meios e das pessoas. Pois o Chefe do Estado, S. Ex.ª o Almirante Américo Tomás, que é inexcedível no desvelado proteger dos lares portugueses, no encerramento da sessão pediu - eu electrificadas. Prestaríamos um grande serviço ao País, e, se pensarmos bem, com um pequeno aumento de despesa. Socorrendo-me do parecer das contas públicas, gastaram-se, em 1968, 49 000 contos, números redondos, em electrificação rural, contra 34 mil e poucos contos em 1967. Portanto, há um progresso sensível. De acordo com o Plano de Fomento, gastaram-se 50 000 contos, números redondos, dos quais 19 995 contos por recurso ao crédito externo. O restante (28 000 contos) foi do Fundo de Desemprego. Se alargássemos a 75 000 contos, pelas minhas contas, poderíamos, realmente, em cinco anos ter a electrificação rural terminada com a última freguesia do continente electrificada, o que seria grande motivo de festa.

Esta é a achega que dou a V. Ex.ª Mas já agora, permita-me ainda mais uma palavra. V. Ex.ª referiu, em termos de muita emoção, o falecimento do Sr. Engenheiro Paulo de Barros. Era um homem nascido no Porto e que a uma empresa com sede no Porto - a União Eléctrica Portuguesa - dedicou toda a sua vida profissional. A obra dele é notabilíssima, mas permito-me referir apenas um aspecto: o que ele fez como presidente do Grémio dos Industriais de Electricidade em Portugal e o que esclareceu como procurador à Câmara Corpora-

1 Mais precisamente: 199 229 consumidores.