Seis dessas Universidades, pelo menos, têm centros de investigação biológica da velhice. A Universidade de Glásgua ter desde 1965 uma cátedra independente de Medicina Geriátrica.

Há cátedras de Geriatria, peio menos, na Itália, Suíça, Suécia, Rússia, Estados Unidos, Alemanha e França.

O Instituto de Gerontologia de Kiev, que depende da Academia de Ciências Médicas da Rússia, passa por ser o mais importante do Mundo.

Possui três secções: clínica experimental e de higiene, com mais de uma dezena de laboratórios e cerca de dez professores e oitenta cientistas de alta categoria, num total de quatrocentos funcionários.

Discute-se ainda se a geriatria deve ser considerada uma especialidade ou uma ciência pluridisciplinar.

Anderson, geronitologista escocês, disse no Congresso de Washington que se esboçava a psicogeriatria como subespecialidade geriátrica e Calvo Melendro, de Madrid, acentua que há uma patologia especial da velhice, uma terapêutica da velhice e um apaixonante problema biológico nela.

Com efeito, em relação ao homem idoso, cada vez mais se considera uma forma especial de reagir às doenças. Há um estilo de tratamento que se dirige à velhice, um tipo de reabilitação para os diminuídos físicos idosos, dispositivos de compensação próprios para eles, uma psicologia e uma sociologia da velhice, como há uma neuro-psiquiatria da velhice. Condições paralelas à pediatria a que devem corresponder incidências universitárias paralelas.

Com cátedra ou não, generaliza-se a tendência para se criar serviços hospitalares de geriatria activa. A Organização Mundial de Saúde recomenda-os como serviço ambulatório e um hospital de dia anexo. Dois cientistas suíços defenderam no Congresso de Washington a tese de serviços hospitalares geriátricos e psicogeriátricos separados.

Resumem-se as razões que levam à estruturação universitária da geronto--geriatria, ciência médico-social da terceira idade: A importância crescente atribuída à investigação do processo biológico do envelhecimento e da profilaxia da velhice patológica e precoce;

2) A necessidade da investigação permanente dos problemas sociais da velhice.

3) A geriatrização progressiva da medicina: uma percentagem cada vez maior - 25 por cento, pelo menos - de doentes adultos são pessoas idosas.

Em relação a Portugal, sugere-se como actividade mínima: O estudo da geriatria clínica nas Faculdades de Medicina como cadeira independente, ou apenas como curso, tendo anexo um serviço hospitalar-piloto com seu sector ambulatório.

2) A criação de um instituto de gerontologia em moldes a estudar no estrangeiro e que, além da investigação, diplomasse estudantes em cursos de saúde pública e de natureza social a nível universitário relacionados com a gerontologia social, os quais serviriam de apoio à assistência das pessoas idosas no futuro. Estes cursos poderiam utilizar cadeiras dispersas por várias Faculdades.

3) Fazer reviver a Sociedade de Gerontologia, englobando não apenas médicos, mas outras pessoas interessadas na gerontologia ou com trabalhos publicados sobre assuntos geronto-geriátricos.

Sr. Presidente: Alonguei-me no meu depoimento sobre o problema da Universidade portuguesa, apaixonante para quem dela foi filho e nela tem e teve filhos.

Insisti depois em que, adentro das medidas imediatas e urgentes, se desse prioridade às Faculdades de Medicinai na solução das lacunas existentes no campo da saúde. E aí frisei a necessidade de se estudar a criação da Escola Superior de Medicina Dentária e o ensino de geriatria e de gerontologia em condições que sugeri. Problemas importantes estes, que têm sido pouco valorizados.

Mas raramente falo nesta tribuna sem que tope, ao intervir, com a incidência no meu arquipélago do problema nacional em debate. E hoje é também assim.

A concentração da Universidade metropolitana nas três cidades privilegiadas do País, sem qualquer núcleo fora das suas portas, continua a ser obstáculo à democratização do ensino universitário, por constituir barreira para os que, sem culpa, nasceram longe delas.

É o caso dos habitantes dos dois arquipélagos adjacentes à metrópole. Os 600 000 habitantes dos Açores e Madeira possuem, pelo menos, 1400 estudantes lá nascidos matriculados em Universidades do continente. Ora só a Madeira tinha, em 1966--1967, 6137 alunos matriculados em cursos secundários. Quantos destes poderiam chegar a um curso superior, se localizado lá?

Insuficiente como é o número de bolsas de estudo que podem ser dadas, sem lares--residência que atenuem o custo da sua manutenção, sem gratuidade nas cantinas escolares e propinas e com escassas reduções nas viagens do seu arquipélago para a metrópole, a juventude das ilhas adjacentes, em grande parte, não tem possibilidades económicas como os que nasceram em Lisboa, em Coimbra ou no Porto, de ter acesso à Universidade.

Antes dos Estudos Gerais de Angola e Moçambique - e vemos já em Angola a Universidade descentralizada em vários núcleos devidamente coordenados- havia viagens gratuitas, em certos casos, para os estudantes universitários ultramarinos e os exames de admissão às Universidades eram feitos in loco por equipas de professores que para lá se deslocavam. Pois nem esta regalia conseguiu ainda a gente das ilhas adjacentes.

Exige a solução do problema um tríplice conjunto de medidas: Facilidades de natureza económica para os estudantes ilhéus nas três cidades universitárias (em alimentação, residência e propinas);

2) Multiplicação de bolsas de estudo, e aqui a Fundação Gulbenkian tinha oportunidade de voltar a sua atenção para as ilhas adjacentes;

3) O estudo das possibilidades de se instalarem nas ilhas núcleos universitários ligados à Universidade de Lisboa. Há uma experiência realizada na Madeira, na Academia de Belas-Artes, a nível universitário, cujo êxito é incontestável. Não consegui ainda obter os elementos estatísticos, que pedi através da presidência da Assembleia, que me permitissem a tempo ver em que Faculdades predominam os estudantes das ilhas e o seu número exacto.