(1920), exigindo-se (como actualmente) para o diploma de engenheiro agrónomo e engenheiro silvicultor a apresentação de um relatório anal destinado à afirmação de capacidade técnica e admitindo-se o doutoramento, para obtenção do título honorífico, a partir da apresentação de outro trabalho original e de investigação» 12 - àquele primeiro aspecto: o do «tirocínio» e «relatório final», talvez que voltemos um dia, com mais demora, como o problema indubitavelmente merece.

De momento, importa acrescentar que «o ensino colonial», assim se chamava ao tempo, «de mais- isolado que era, passou a integrar-se ao longo do ensino corrente 13 [...]. Percebe-se a intenção: e nunca foi mais longe do que neste momento o propósito de dar relevo ao ensino especial da agronomia ultramarina; mas a verdade pedagógica é que do amontoado de disciplinas que então ficou constituindo o elenco do curso agronómico passou a resultar um esquema de trabalho difícil, demasiado pesado para os estudantes rme se lê no preâmbulo- «[...] ensaia» agora «o sistema de oferecer, nos últimos anos de Agronomia, à opção dos alunos, a frequência de certas disciplinas».

Seguindo o exemplo de muitos países, em que o sistema sé encontra generalizado a quase todos os cursos superiores, procura-se conciliar por esta forma a conveniência de atribuir a determinadas matérias representação no quadro do Instituto, para o ensino e para a investigação, e a necessidade de evitar cursos demasiadamente longos ou demasiadamente

Com isto [afirma-se no preâmbulo do decreto] não se afecta a preparação geral dos futuros agrónomos. Por um lado, porque a opção nunca respeite a disciplinas de valor, fundamental para essa preparação.. Por outro,- porque, como tem sido autorizadamente salientado, o ensino, desde que feito com espírito compreensivo, de uma matéria especializada pode contribuir mais eficazmente para a maturidade intelectual e para a posse dos métodos do que uma disciplina geral ensinada com espírito estreito. E à Universidade sabe Ter menos em vista, a extensão da, cultura do que aquela maturidade e posse.

«Não se pretende, através da frequência das- disciplinas designadas por complementares, fazer especialistas 15, e talvez haja sido esse o seu mal ... para a forma tentada. Dos 266 alunos estagiários que no período 1960-1968 entregaram o relatório final foi possível, conhecer o paradeiro de 216 e saber qual o assunto em que profissionalmente depois do estágio passaram a trabalhar.»

Assim, desses» 216 técnicos [...], 122 [...] continuam a trabalhar no assunto, ou pelo menos no mesmo sector em que estagiaram, tendo os restantes 94 [...] mudado completam eu te de assunto ao passarem a trabalhar profissionalmente. Isto é, dos 216 técnicos cuja situação profissional foi possível conhecer apenas 56 por cento se encontram a trabalhar em assuntos mais ou menos ligados às matérias em que estagiaram, encontrando-se os outros 44 por cento a trabalhar em assuntos totalmente diferentes.

Como se diz nesse memorando, muito recentemente entregue no Ministério da Educação Nacional, «o facto de praticamente 50 por cento dos estagiários mudarem completamente o tema de trabalho ao passarem do estágio à actividade profissional faz perder as vantagens de uma especialização que inevitavelmente se verificou, quando depois de um curso de carácter geral que durou cinco anos (constituídos todos eles por uma grande heterogeneidade de matérias), o estagiário trabalhou em média dois anos e meio num assunto bem localizado e no qual elaborou o relatório final».

Não desenvolveremos, de momento, mais o assunto - que bem merecia -, até, e sobretudo, para tentar a ajuda na procura de soluções mais consentâneas para uma situação cujas vantagens «não nos parecem ter valor suficiente para justificar tão anacrónica situação e tão pesado gasto de anos» 16.

Está, no entanto, o Ministério da Educação Nacional atento ao problema da duração efectiva dos nossos cursos superiores , a avaliar pelo que VI hoje publicado nos jornais diários, acerca da solicitação de elementos pela Direcção-Geral do Ensino Superior e das Belas-Artes às reitorias e direcções das escolas superiores. Confiemos, pois, que o problema vá ser objecto de consideração e- de posterior resolução.

Com tal reforma de 1952 fora, entretanto, suprimida uma cadeira de síntese, porventura a única: Geografia Económica. Agricultura Comparada, sem nada lhe ser atribuído em contrapartida. Contra o facto muito respeitosamente divergimos, nesse ano já longínquo de 1954 17 e, quiçá por via de certas diligências da Escola, o facto é que tivemos o prazer de frequentar, como aluno, no ano imediato (o nosso 5.º ano), essoutra cadeira entretanto criada em sua substituição: História da Agricultura. Sociologia Rural.

No Decreto n.º 40 364, de 27 de Outubro de 1955, que entre outra vária alteração a estabeleceu, se justifica:

Mostrou-se sensível a falta, no quadro, de- uma disciplina que é agora criada: "Historia da Agricultura. Sociologia Rural. Através dela se pretende, aliás em harmonia com a orientação já seguida para outros cursos superiores, melhorar a formação humanística dos futuros diplomados, por forma a poupá-los aos excessos de um tecnicismo absorvente e a favorecer a sua integração ruas realidades sociais do meio em que terão normalmente de trabalhar.

12 Azevedo Gomes(Mário de) - 06. cif., pp. 44 e 451

13 Embora com frequência facultativa.

14 Azevedo Gomes(Mário de)- Ob. cif. p. 45.

15 Preâmbulo do Decreto n.º. 38 636 de 8 de Fevereiro de 1952.